A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) manifestou, em discurso ontem, o seu temor de que o embargo europeu à carne bovina brasileira afete outros mercados que hoje compram a produção nacional. Para ela, o Itamaraty precisa agir na Organização Mundial de Comércio para evitar novos prejuízos.
Marisa Serrano ponderou que é difícil implantar no país o sistema de rastreamento bovino exigido pela União Européia, por causa da extensão do território nacional. Lembrou que, num país onde nem todos os habitantes têm carteira de identidade ou certidão de nascimento, "é muito complicado" implantar um sistema que acompanhe os animais "do nascimento à morte".
A senadora afirmou que o Mato Grosso do Sul não aceita o papel de "bode expiatório" do embargo europeu e advertiu não ser momento para que alguns estados tentem tirar proveito da situação, por possuírem mais fazendas com o rastreamento bovino implantado. Ela sugeriu que os governos estaduais se unam para encontrar uma solução conjunta.
Serrano cobrou do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento "parâmetros efetivos", com exigências que sejam capazes de ser atendidas. Questionou por que não foi implantado o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov).Ela disse ter ouvido do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, no final de semana, que Mato Grosso do Sul não será prejudicado nas negociações para retomada das exportações de carne à Europa.
Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) admitiu que, pela leitura que tem feito em jornais, "houve uma certa falta de cuidado, em alguns momentos", por parte dos brasileiros, com os rigores exigidos pela Comunidade Européia na importação de carne bovina.