As empresas de mineração estão buscando alternativas à tradicional barragem de rejeitos, e a tecnologia de filtragem e empilhamento a seco está emergindo como a solução do futuro. Isso se deve após os trágicos acidentes no Estado de Minas Gerais.
A mineração verde e sustentável é uma abordagem do setor que busca minimizar os impactos ambientais e sociais associados à extração de recursos naturais.
Ela se concentra em práticas mais responsáveis e ecologicamente corretas, visando a conservação dos recursos naturais e o bem-estar das comunidades impactadas. Entre alguns aspectos importantes relacionados à mineração verde e sustentável: tecnologias mais limpas, eficiência energética, reabilitação de áreas mineradas e envolvimento com a comunidade.
Conforme o geólogo Alexandre Sheid, que presta consultoria a diversas empresas minerárias do Estado, a tecnologia de filtragem e empilhamento a seco está emergindo como uma resposta eficaz para a eliminação das barragens de rejeitos.
Este método envolve a extração do excesso de água dos rejeitos, permitindo a formação de um material seco que pode ser empilhado ou disposto de maneira segura. Isso elimina a necessidade de grandes barragens, reduzindo significativamente o risco de acidentes catastróficos.
Empresas
As empresas nos municípios de Corumbá e Ladário, MCR Mineração do Grupo J&F Investimentos, a MPP Mineração (4B Mining) e a 3A Mining, já estão investindo na modernização das plantas de filtragens. Conforme o engenheiro ambiental Rodrigo Dutra, da J&F Mineração e sua controlada, Mineração Corumbaense Reunida (MCR), as empresas seguem todas as diretrizes e metas do grupo J&F Investimento, adotando as melhores práticas operacionais e desenvolvendo projetos de sustentabilidade que contribuem para o desenvolvimento socioeconômico das regiões onde opera.
A J&F Mineração tem como meta se tornar uma solução única e confiável para a cadeia de produção de um aço mais sustentável, viabilizando a redução significativa da emissão de gases de efeito estufa. 80% da produção das minas de Santa Cruz e Urucum é realizada através de processamento a seco, minimizando o uso de água e de barragens.
O principal produto da J&F é o granulado (lump) de minério de ferro. Pelo seu alto teor de concentração de ferro, é uma alternativa ecologicamente eficiente para a redução de emissão de gases de efeito estufa na produção de aço.
A redução de emissões gerada pelo granulado da J&F é da ordem de 70 quilos de CO2 por tonelada de aço, quando em substituição ao aglomerado sínter, e de 60 quilo de CO2 por tonelada de aço em substituição à pelota de minério de ferro.
A mineradora ainda está desenvolvendo um novo produto, o 'natural pellet', para aplicação na rota de produção de aço, utilizando tecnologias de Redução Direta e forno elétrico entre 6% e 15% em relação à produção de aço utilizando 100% de pelota.
Novos desenvolvimentos tecnológicos visam a substituição do gás natural pelo H2 verde, para as próximas décadas, o que permitirá a produção do aço verde, neutro da emissão de CO2.
Em 2022, a MPP Mineração foi pioneira no Mato Grosso do Sul, na utilização desta tecnologia de filtragem e empilhamento a seco. A transformação da indústria mineral em Corumbá e Ladário está em pleno andamento, e a eliminação gradual das barragens é um passo muito importante na direção certa.
"A medida que mais empresas adotarem essas práticas inovadoras, o setor está se preparando para um futuro mais promissor e sustentável na nossa mineração”, informou Theotonio Reis, diretor da MPP Mineração Ltda.
Aumento de Produção
Conforme o Secretário da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, essas tecnologias aplicadas na extração favorecem em muito a nossa competitividade, reduzindo os custos de produção, com a tendência de aumentar a produção no próximo ano.
"Temos a mineradora MCR (J&F) que vai aumentar dos atuais 4,5 milhões, para até 8 milhões/ton., até o final deste ano, e para o ano de 2024, 12 milhões de toneladas. Além disso a empresa MPP Mineração, que já nos informou o valor de R$ 50 milhões de Reais, de investimentos para este ano, em reunião realizada no mês de setembro com o governador Eduardo Riedel, e a 3ª Mining, que já estão explorando com GU (Guia de Utilização), e que está aguardando a Portaria de Lavra, concedida pelo Ministério de Minas e Energia, para aumentar a extração anual", esclareceu.