O aumento e a melhoria da distribuição do gás natural foi o principal assunto da reunião do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul), realizada ontem (19), em Florianópolis. A vice-governadora Simone Tebet participou dos trabalhos que contaram também com a presença dos governadores de Santa Catarina e presidente do Codesul, Raimundo Colombo e do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, além do vice-governador do Paraná, Flávio José Arns.
Conforme Simone Tebet, o assunto de maior repercussão na reunião do Codesul foi transformado num ofício. “Assinamos um ofício que foi encaminhado para a Petrobras para solicitar alternativas de ampliação da capacidade de fornecimento do gás, embora a nossa situação seja diferente de lá [região Sul]”, informou Simone, salientando que a distribuição de gás natural é o suficiente para Mato Grosso do Sul.
Os estados do Codesul são atendidos pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Para todo o país são 30 milhões de m³ de gás por dia. Somente na região sul do país a capacidade de operação é de 12 milhões de m³. “Nós não temos falta de gás, o que precisamos é de recursos para investimentos nos ramais, ou seja, na linha de distribuição desse gás. Diferentemente dos estados do sul que têm pequenas, médias e grandes indústrias, nós praticamente temos oito grandes indústrias que precisam necessariamente do gás seja em Corumbá, Campo Grande e em Três Lagoas”, explica Simone.
Em Três Lagoas, por exemplo, as duas fábricas de celulose e a própria UFN III - que é a fábrica de fertilizantes da Petrobras - necessita do gás natural. “Na região sul essa carência de gás já está fazendo com que os estados percam investimentos com indústrias e consequentemente deixam de gerar empregos. Um estudo feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que a região sul tem uma carência de 30 milhões de m³ de gás e necessita de mais 30 milhões diários até o ano de 2019”, informou Simone Tebet.
Mato Grosso do Sul defende investimentos para puxar ramais. Um exemplo citado pela vice-governadora está previsto no pacote de programas e ações do governo do Estado – o MS Forte 2. Serão aplicados mais de R$ 66 milhões, sendo que pelo menos R$ 50 milhões serão investidos num ramal para que a Eldorado Brasil Celulose possa dobrar sua capacidade. “Ela vai investir mais de R$ 4 bilhões, sendo que grande parte é de equipamentos que vem de fora, mas um terço é em obras, material de construção e geração de emprego”, justifica a vice-governadora.
Um eventual aumento de transporte de gás natural também traz benefícios para Mato Grosso do Sul. “Teremos direito ao ICMS, então consequentemente gera imposto para o Estado. Temos interesse à medida que o aumento diário do gás que trafega por esses dutos aumenta o imposto deixado pela Petrobras para Mato Grosso do Sul”, salientou Simone.
Integração
A vice-governadora explicou que durante a reunião os estados da região sul foram convidados a integrar a Zona de Integração do Centro-Oeste da América do Sul (Zicosul) em que Mato Grosso do Sul é o único estado do Brasil participante até agora. O grupo reúne províncias e departamentos da Argentina, Chile, Bolívia e Paraguai.
“Na parte logística, eles têm interesse na rota Bioceânica que é a rota pelo Pacífico, ou seja, poder escoar a produção não só pelo Atlântico. Pelo Pacífico somos mais próximos da Ásia, China, Índia e do Japão. É um antigo sonho nosso de ter o Porto de Antofagasta no Chile. O presidente do Zicosul falou da importância dos estados do sul fazerem parte desta associação”, disse Simone Tebet. Mato Grosso do Sul colocou a Secretaria de Produção (Seprotur) à disposição pelas facilidades de informações, já que integra o grupo. “Nós teremos uma expedição que vai fazer essa rota inteira saindo daqui”, adiantou a vice-governadora. A viagem ainda não tem data definida.
Defesa Sanitária
Os integrantes do Codesul também assinaram um protocolo de cooperação conjunta para compartilhar as estruturas físicas das barreiras sanitárias. Estes espaços estão localizados nas divisas entre os estados. “A defesa sanitária animal é um assunto que interessa a todos nós. Santa cantarina é único estado do Brasil que é livre de aftosa sem condicionamento. Teremos um trabalho mais integrado em informações com o uso compartilhado de estrutura física, de pessoal nos postos de fiscalização”, informou Simone. A cooperação vai permitir a otimização dos trabalhos de vigilância animal e vegetal.