Bem orientado o funcionário da Selco Engenharia Ltda, envolvido no escândalo do “tapa buraco” que não existia em bairro da Capital do Estado descoberto na última quarta-feira (28) tentou explicar o inexplicável.
O caso foi desmascarado após a circulação do vídeo caseiro em que mostra as imagens dos funcionários cobrindo com piche uma rua que não havia buracoe nem a necessidade do serviço.
Elton Ferreira falou com a imprensa na manhã desta sexta-feira (30), visivelmente nervoso, com os olhos repletos de lágrimas, mas afirmando ser o único responsável pela ação. Repetiu diversas vezes que a empresa não sabia da forma que o serviço estava sendo feito, que foi ele quem orientou os outros sete empregados a cobrir a rua com o piche como forma de prevenção já que a mesma apresentava fendas que poderiam se tornar buracos. O próprio rapaz mostrou no local em que estava, tentando se defender, que colocando a massa por cima impediria que em uma semana o buraco viesse a surgir.
Quando o escândalo caiu nas redes sociais através de um vídeo a empresa Selco chamou o funcionário e o demitiu. “ Na hora eles estavam com a cabeça quente me pediram para ir para casa e que eu estaria demitido.Mas ontem (29) conversei com eles e a empresa voltou atrás na demissão. Mas estou há dois anos neste trabalho e sou eu que não quero mais.” Declarou Elton.
Nervoso disse que no primeiro momento quando foi demitido, foi porque ele não aceitou a proposta da empresa. Questionado por nossa reportagem qual havia sido a proposta, ele disse que eles queriam que ele se demitisse por justa causa. Elton Ferreira ressaltou que momento algum agiu de má fé, que fez o que achava o correto.
Outra informação declarada pelo funcionário muito grave é que a empresa não tem sequer qualquer controle de quantas ruas são recapeadas por dia, nem quais foram recapiadas, deixou claro que não há o controle. Afirmou que era ele quem escolhia as ruas daquela região e que eles não precisam passar nenhum relatório diário muito menos semanal.
E afirmou diversas vezes que a iniciativa desta “prevenção” foi dele. Toda a imprensa estava no local, só não sabemos por quem foi orientado, mas como o próprio disse: “A corda estoura para o mais fraco” dito por ele quando comentou sobre a suposta demissão.
O funcionário aponta o local em que foi gravado o video
Fotos: Deurico/Capital News
SAIBA MAIS SOBRE O CASO
O vídeo foi feito através de uma produção independente de um popular no condomínio de luxo na Capital por Eder Palermo de 39 anos através da câmera de segurança onde ele trabalha como porteiro. Durante a repercussão negativa, a empresa Selco Engenharia informou que demitiu o funcionário e que o ex-funcionário agiu de má fé.
Diante da fraude nos serviços de tapa buracos mostrada em vídeo, a Prefeitura de Campo Grande resolveu notificar e suspender os serviços da Selco Engenharia Ltda até o completo esclarecimento da denúncia. O Secretário de Infraestrutura, Transporte e Habitação, Valtemir de Brito, anunciou também que o município vai aumentar a fiscalização em todas as frentes de serviços de tapa buracos para evitar a repetição deste crime contra o patrimônio público.
O Secretário reconheceu que o tapa buracos é um paliativo necessário para manter a trafegabilidade dos 2.100KM de vias pavimentadas da Capital. Ele também anunciou o aumento dos esforços e dos investimentos em recapeamento de ruas e avenidas e ressaltou que os preços praticados pelo tapa buracos em Campo Grande estão abaixo dos índices do SINAPI.
Confira a nota divulgada na íntegra
“Campo Grande tem hoje cerca de 2.100km de vias pavimentadas (18.900.000m² aproximadamente), uma boa parte sem rede de drenagem e com mais 20 anos de uso.
Os serviços de tapa buracos realizados pela Prefeitura Municipal de Campo Grande – MS, foram contratados mediante concorrência pública com fundamento nas normas legais (Lei Federal n. 8666/93 e Legislação Complementar)
Os preços praticados estão abaixo dos índices do SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisas de Custos e Índices da Construção Civil) que prevê R$ 23,18 por m² e R$ 336,60 por tonelada de massa asfáltica (CBUQ). A Prefeitura pratica R$ 17,50 por m² e R$ 204,33 por tonelada/CBUQ.
Atualmente, sete empresas realizam serviços de tapa buracos distribuídas em dez regiões da cidade. O volume e o valor dos serviços variam conforme as condições da malha viária, alcançando, em média, 50.000m² por mês.
O controle das atividades é realizado mediante ordens de serviços e fiscalização do volume de CBUQ aplicado e amostragens in loco nas vias beneficiadas. Vale ressaltar que é responsabilidade da empresa registrar junto ao CREA o nome do engenheiro responsável técnico pela execução dos serviços e comunicar seu nome à SEINTRHA.
A prestadora de serviços Selco Engenharia Ltda, que atua na SEINTRHA desde 2010, foi notificada para esclarecer formalmente a fraude veiculada pela imprensa. – Enquanto isso seus serviços estão suspensos. Vamos esclarecer totalmente as denúncias e, se for o caso, exigir o ressarcimento à Prefeitura aplicando todas as penalidades legais cabíveis.
Diante do vídeo que demonstra a fraude, a fiscalização será mais rígida e presente em todas as frentes de serviços de tapa buraco, visando garantir a qualidade dos serviços.
A Prefeitura de Campo Grande reconhece que o serviço de tapa buracos é um paliativo, que ainda é necessário para a segurança do trânsito e para a proteção ao patrimônio público.
O município tem buscado recursos federais e internacionais, além de receita própria, para promover o recapeamento das principais vias de trânsito da capital. Pelo menos, 60km serão recapeados através do PAC mobilidade e mais 80km serão revestidos em 2015 com recursos de outras fontes.”
Elton afirma que medida de prevenção resolveria o caso desta rachadura que virá a ser um buraco
Foto: Deurico/Capital News
Nesta rua o asfalto está visivelmente desgastado, mas sem buraco
Foto: Deurico/Capital News