O isolamento social adotado como forma preventiva da Covid-19, tem gerado a preocupação dos especialistas em relação aos cuidados com idosos. Conforme a Santa Casa de Campo Grande, entre janeiro a junho deste ano, 622 pacientes acima de 60 anos deram entrada ao hospital devido a variados tipos de quedas, principalmente quedas acidentais e da própria altura.
Médica geriatra da Santa Casa, Drª Paskale Vargas, explica que idosos possuem um corpo mais enfraquecido de nutrientes e com os reflexos mais lentos, desse modo qualquer atividade comum pode se transformar em algo perigoso. “As quedas mais comuns estão relacionadas a tropeços ou desequilíbrios, resultado da falta de massa muscular, que acontece devido a inatividade física e dieta inadequada. É comum nos idosos a dificuldade de sentar e levantar da cadeira, por diminuição de tecido muscular nos quadris, região basicamente responsável pela locomoção”, destacou.
Quedas envolvendo idosos são potencialmente graves e podem ocasionar sequelas indesejáveis na vida do idoso e de sua família. Entre as ocorrências mais comuns atendidas na hospital, estão fraturas de fêmur e quadril, tidas como uma “catástrofe”, pois os pacientes ficam expostos a diversos riscos, necessitando de intervenção cirúrgica, tempo de recuperação mais prolongado, e com possibilidade não haver retorno da mobilidade em grande parte dos casos.
Segundo a especialista, algumas ações podem contribuir para diminuir os riscos de acidentes são uma rotina de atividade física, fortalecimento, alimentação adequada, com uso de dietas mais protéicas associadas aos exercícios de resistência, assim como a musculação que deve ser indicada e acompanhada por um profissional habilitado.
Conforme a Santa Casa, durante o período de isolamento social é necessário que as famílias promovam ações para movimentar os idosos, estímulos cognitivos também são importantes.
Paskale Vargas destaca que o apoio da rede familiar auxilia na melhoria da qualidade de vida dos idosos. “A ociosidade do idoso é uma vilã, por isso não os deixar sozinhos ou sem afazeres é importante. Devem-se criar novas estratégias neste período como atividade física em casa, aulas de dança, música e pintura e demais ações que podem ser feitas remotamente, ajustado ao dia a dia da família, sem que haja uma exposição do idoso”, ressaltou a médica.
De acordo com a Drª Paskale, a maioria das quedas ocorrem no interior das residências, por isso é fundamental investir na segurança desses ambientes. "Toda queda pode deixar sequelas e em idosos isso não é diferente. Precisamos tirar o estigma de que ficar velho é sinônimo de queda. O idoso mais propenso a cair é aquele que possui doenças crônicas que não estão sendo controladas, como por exemplo a diabetes e a hipertensão e aqueles que utilizam mais de cinco medicamentos por dia. Devemos ficar atentos ao idoso que tem medo de cair e aquele que no último ano já apresentou mais de duas quedas. Esses são sinais que esse idoso precisa passar por uma consulta médica para evitar fraturas e hospitalizações”, alerta a médica.
Com intuito de minimizar os riscos a Santa Casa de Campo Grande disponibilizou dicas a população:
Instalar luzes noturnas para iluminar o caminho do quarto até o banheiro, pode prevenir quedas durante a noite por exemplo;
Tapetes podem causar escorregões e tropeços, principalmente se o tapete enrugar.
Remova-os quando possível ou substitua-os por tapetes de borracha nas áreas onde são necessários, como cozinha ou banheiro;
Se o idoso tem dificuldades para subir escadas, coloque rampas ou corrimões firmes para facilitar a subida. Prefira materiais antiderrapantes sempre;
Itens mantidos em prateleiras altas ou em armários de difícil acesso podem causar perda de equilíbrio, e nesse caso, o mais indicado é mantê-lo em locais mais acessíveis;
Instalar barras de apoio ao lado de vaso sanitário e dentro do box do chuveiro para facilitar a mobilidade, caso ela esteja reduzida ou prejudicada;
Dentro do quarto, instalar grades nas laterais da cama para auxiliar na hora de deitar e levantar.