A obra "O retrato de Suzanne Bloch", de Pablo Picasso, alcançaria um valor de US$ 50 milhões (R$ 90 milhões) e "O lavrador de café", de Cândido Portinari, chegaria a US$ 5,5 milhões (R$ 10 milhões), na avaliação de Jones Bergamin, colecionador e proprietário da galeria carioca Bolsa de Artes. As duas pinturas foram levadas na madrugada desta quinta-feira (20) do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
"Levando em conta que essa pintura de Picasso pertence a chamada 'fase azul' e considerando também suas dimensões [65 X 54 cm], US$ 50 milhões seria um valor estimado se a obra fosse a leilão". Bergamin lembra que o quadro de Picasso que alcançou maior valor foi "Garçon a la pipe" (“Garoto com cachimbo”), vendido por US$ 104,1 milhões no ano de 2004. O quadro pertencia à "fase rosa".
A "fase azul" está, ao lado do cubismo e da "fase rosa", dentro dos períodos mais importantes da carreira do pintor espanhol. "O retrato de Suzanne Bloch" foi produzido na época em que Picasso estava em Paris e foi apresentado ao círculo de artes da cidade pela norte-americana Gertrud Stein. "Foi quando florescia a genialidade de Picasso", diz Bergamin.
Já "O lavrador de café" alcança seu valor por ser uma das obras mais icônicas da pintura brasileira. "Inúmeros livros didáticos usaram a imagem de Portinari para ilustrar o trabalhador brasileiro."
Bergamin, no entanto, afirma que esse Portinari foi levado provavelmente pela sua posição, localizado em frente à porta do elevador do segundo andar do Masp. A ação toda durou três minutos, das 5h09 às 5h12.
Para o galerista e colecionador Jean Boghici, do Rio de Janeiro, a ação ocorrida no Masp sugere o trabalho de uma quadrilha profissional, que não tentará vender as obras no mercado.
"Essa história de um colecionador maluco que contrata um grupo para roubar um quadro e admirá-lo no fundo de um castelo é lenda. Geralmente o que esses grupos fazem é tentar negociar com as empresas seguradoras ou diretamente com o museu. Diversos quadros famosos que foram roubados acabaram aparecendo meses depois", afirma Boghici, que cita o caso de "O grito", do norueguês Edvard Munch.
Bergamin diz que quadrilhas profissionais mantêm os quadros por um período de até dez anos até entrar em contato com os propritários das obras. Mas, na avaliação dele, os bandos que atuam no Brasil são "amadores", considerando os procedimentos adotados por quadrilhas que atuaram na Chácara do Céu (RJ) e levaram quadros de Matisse, Picasso, Monet e Dalí no ano passado e do roubo em São Paulo da tela "Preparando enterro na rede", do próprio Cândido Portinari.