De acordo com dados da Pesquisa CNT de Ferrovias 2011, divulgada na sede da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em Brasília, entre 1997 e 2010, as concessionárias privadas investiram R$ 24 bilhões no setor ferroviário, enquanto o valor aplicado pela União - R$ 1,3 bilhão – foi mais de dezoito vezes menor, no mesmo período.
De 2009 para 2010, o investimento das concessionárias cresceu 17,7%, e o realizado pelo governo federal apresentou queda de 8,6%. Conforme o levantamento, as concessionárias investiram em melhoria das vias, aumento da segurança, aquisição de locomotivas e vagões, além da recuperação da frota sucateada – herdada do processo de concessão, ocorrido entre 1996 e 1998.
Sendo responsável por 20% do escoamento da produção nacional, a quantidade de carga transportada pelo modal ferroviário aumenta, a cada ano, a sua participação no transporte de cargas. De 2006 para 2010, o crescimento foi de 16,3% - de 404,2 milhões de toneladas úteis (TUs) para 470,1 milhões de TUs.
Em 2010, o minério de ferro foi o principal produto movimentado – 71% do total, seguido por produtos agrícolas como soja, açúcar e milho, de acordo com informações da Agência CNT de Notícias.
Destaca ainda o estudo da CNT que o modal ferroviário, além de ser menos poluente, tem outro ponto positivo relevante: é mais seguro. O número de acidentes nas estradas de ferro diminuiu desde o início das concessões. Em 1997, o índice médio de acidentes, a cada um milhão de quilômetros percorridos, foi de 75,5 - em 2010, o número chegou a 16.
Segundo padrões internacionais, o índice razoável varia de oito a 13 a acidades, a cada um milhão de quilômetros.
Essas melhorias se devem ao processo de recuperação das ferrovias, com melhores perspectivas, fruto do diálogo com os usuários, embarcadores e o poder público, no sentido de transformar a matriz de transporte brasileira.
Contudo, apesar dos avanços em quesitos como movimentação de cargas, aumento de investimentos e redução do número de acidentes, o modal ferroviário ainda enfrenta dificuldades que limitam o seu desempenho. Uma dos mais graves é a invasão das faixas de domínio, ou seja, existem trechos da malha ferroviária totalmente cercados por construções.
Tal ocupação, identificada em 355 pontos da malha dos 13 corredores, causa prejuízos ao sistema, obriga os trens a reduzir a velocidade – em alguns casos, de 40km/h para 5 km/h - e a gastar mais combustível, além da maior vulnerabilidade à ocorrência de acidentes e roubo de cargas.
Para corrigir o problema, a pesquisa calcula que, entre aquisição de terrenos e outras benfeitorias, sejam necessários R$ 70,3 milhões.
O diretor executivo da CNT, Bruno Batista, apontou soluções possíveis. Conforme o mesmo, é preciso viabilizar a alienação de imóveis não-operacionais da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), proporcionar a remoção da população que vive às margens dos trilhos e incentivar parcerias entre a Secretaria Especial de Portos (SEP), Ministério das Cidades, prefeituras e concessionárias.
INVESTIMENTO ESTADUAL – Até o fechamento desta edição, a redação do Capital News não conseguiu nem na Agesul nem Secretaria de Obras do Estado de MS informações sobre possíveis investimentos no setor.