Em Campo Grande, apesar da redução de 1.600 acidentes em relação ao ano passado, o número de mortes no trânsito aumentou 20% neste ano. O total de colisões caiu de 12.149 em 2023 para 10.548 até agora, mas o número de mortos subiu de 53 para 64. Isso indica que, embora os acidentes tenham diminuído, os sinistros foram mais letais.
Segundo o Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPMTran), 44 das 64 vítimas fatais em 2024 foram motociclistas, o que representa 68,75% do total. Do total de 64 mortes, também houve 7 pedestres, 6 ciclistas, 3 motoristas e 4 passageiros. A alta de vítimas motociclistas se mantém desde o primeiro semestre, quando 24 das 35 vítimas fatais eram motoqueiros, representando 68,57% dos casos.
Em comparação com 2023, quando 39 dos 53 mortos no trânsito eram motociclistas (69,64%), os dados mostram uma continuidade do risco elevado para quem anda sobre duas rodas. O psicólogo da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Renan da Cunha Soares, alerta para o cuidado ao atribuir as mortes apenas à imprudência dos motociclistas. "À primeira vista, temos de tomar cuidado com esse dado, porque corre-se o risco de atribuir essas mortes aos motociclistas por imprudência, quando as mortes podem estar atreladas muitas das vezes ao fator de vulnerabilidade dos condutores", explicou Soares.
Soares também destacou a "motociclização da frota" em Campo Grande, com um número crescente de motocicletas em comparação com outros tipos de veículos. Ele ressaltou que, desde 2011, quando começaram a ser coletados dados de acidentes, o menor índice de mortes de motociclistas ocorreu em 2017, com 50% do total de óbitos. Entre os fatores para as mortes, ele citou a velocidade excessiva, a falta de formação adequada e o consumo de álcool.
O psicólogo também observou que a melhoria na infraestrutura, como o aumento das ciclovias, contribuiu para a redução de mortes. "Muitos ciclistas morriam em Campo Grande, em 2011, registramos 20 mortes, em 2023, com o aumento das ciclovias no município, esse número caiu para 7", apontou. Para Soares, a redução de mortes é uma responsabilidade compartilhada entre condutores e a gestão da velocidade, destacando a necessidade de uma mudança de comportamento por parte da população. "Ninguém mais do que o sujeito é o mais interessado em sua própria segurança", finalizou.
Na segunda-feira (18), uma motociclista, identificada como Maria do Carmo, de 42 anos, morreu após um acidente na Avenida Guaicurus. Ela ficou prensada entre um Fiat Strada da Águas Guariroba e um caminhão limpa-fossa, depois que o sinal abriu e o motorista do caminhão acelerou, atingindo a mulher.