Conhecida como Vinhoto, tiborna ou restilo, a vinhaça, um tipo de resíduo gerado durante a produção de etanol, tem chamado a atenção dos investidores do setor e colocado Mato Grosso do Sul, mais uma vez em destaque nacional. O estado já é reconhecido pelas produções de etanol de cana-de-açúcar e do etanol de milho, e agora pode ter mais um título através desse produto.
A vinhaça, até então utilizada somente como biofertilizante, agora pode ser transformada em biogás e biometano. Esses são combustíveis versáteis que podem ser usados de forma industrial, veicular, termoelétrico, comercial e residencial.
O levantamento que coloca Mato Grosso do Sul no cenário positivo de futura potência na produção desses biocombustíveis foi feito com base na área plantada de cana-de-açúcar no Estado. Calcula-se que já chegue a 800 mil hectares espalhados em 42 municípios.
E quando se fala em mercado de trabalho, a expectativa é promissora, isso porque já somam 20 a quantidade de usinas instaladas e em atividade. O setor responde por 120 mil empregos diretos e indiretos e representa 16% do PIB (Produto Interno Bruto) Industrial.
Uma pesquisa feita pela Biosul mostra que na safra 2023/2024 a produção nas usinas de etanol de cana-de-açúcar e etanol de milho foi de 3,8 bilhões. A previsão é que passe para 4,5 bilhões de litros de etanol, com o milho respondendo por 39% do total, para a próxima safra 2024/2025.
Para cada litro de etanol produzido a partir da cana-de-açúcar são gerados 10 litros de vinhaça. Cada metro cúbico de vinhaça produz até 13 metros cúbicos de biogás e para cada 3 metros cúbicos de biogás, após a purificação, produz-se 2 metros cúbicos de biometano.
Mairinco de Pauda, Semadesc
A vinhaça pode ser transformada em biogás e biometano, combustíveis versáteis com uso industrial, veicular, termoelétrico, comercial e residencial
Exemplo positivo
A Adecoagro, uma das maiores empresas do setor de produção de alimentos e energia renovável na América do Sul, é pioneira na produção de biogás e biometano a partir da vinhaça. A empresa, patenteou essa tecnologia.
O projeto-piloto começou em 2010, na usina de Monte Alegre (MG) e em 2018 veio para a unidade de Ivinhema, interior do Estado com tecnologia para fazer substituição de combustíveis. Isso é feito aproveitando apenas 5% da vinhaça gerada pela usina no município.
O biodigestor da planta produz 6 metros cúbicos de biogás a partir de vinhaça ao dia, que após ser transformado em biometano, movimenta 124 veículos leves, 6 caminhões, 4 motobombas e 1 trator. Com isso, a Adecoagro economiza 2 milhões de litros de óleo diesel por ano.
Na quinta-feira (11), a empresa realizou uma solenidade para anunciar a ampliação de sua produção de biogás e biometano. O evento contou com as presenças do governador Eduardo Riedel, dos secretários da Semadesc, Jaime Verruck e de Governo, Rodrigo Perez.
Na ocasião a Adecoagro informou o investimento que fará na expansão. Segundo a empresa, o montante soma R$ 225,7 milhões e pretende multiplicar por cinco a produção de biometano até 2027 com a instalação de dois novos biodigestores.
Mairinco de Pauda, Semadesc
Governador Eduardo Riedel, secretários da Semadesc, Jaime Verruck; e de Governo, Rodrigo Perez visitaram Adecoagro, gigante na produção de alimentos e energia renovável
O governador Eduardo Riedel demonstrou satisfação ao ver o desenvolvimento que a Adecoagro trouxe para a região e que se reflete na melhoria da vida das pessoas. “Quando temos um projeto como esse da Adecoagro, é natural que o Estado incentive. A meta de se chegar ao carbono neutro significa que teremos um ambiente muito mais saudável e vamos levar bem-estar à vida das pessoas”, completou.
O secretário Jaime Verruck lembrou que o Governo do Estado acreditou e apoiou o projeto “inovador” da Adecoagro há 10 anos. “Começou com uma autorização de pesquisa, foram calibrando o sistema para conseguir chegar ao processo de produção de biometano a partir da vinhaça”, frisou.