O dólar destoou do bom humor nas bolsas de valores e fechou em alta pelo terceiro dia seguido nesta segunda-feira (24), influenciado pela reversão das expectativas no mercado futuro de câmbio. A moeda norte-americana subiu 0,81%, para R$ 1,747. No mês, a alta do dólar já é de 3,25%.
O mercado voltou mais aliviado da Páscoa, com alta de mais de 1% das bolsas em Wall Street e de 2% perto do fim do pregão na Bovespa. O ânimo, garantido pelo aumento da proposta do JPMorgan pelo Bear Stearns, foi reforçado pela surpresa positiva em dados sobre a venda de casas usadas nos Estados Unidos.
'Mercado perdido'
O entusiasmo das bolsas chegou a influenciar o dólar, que começou o dia em queda. A cautela após os acontecimentos recentes, no entanto, virou a cotação. "O mercado está vindo muito perdido. Ficou comprado (em dólares) e, a princípio, está sustentando isso", disse Francisco Carvalho, gerente de câmbio da Corretora Liquidez.
Desde o agravamento da crise global de crédito, os estrangeiros abandonaram as apostas na queda do dólar e acumularam quase US$ 4 bilhões em posições compradas na moeda norte-americana no mercado futuro. A inversão, que também coincidiu com as medidas do governo para conter a alta do real, diminuiu a pressão pela queda do dólar.
No Brasil
Alguns agentes de mercado também citaram um possível fluxo negativo como justificativa para a alta do real. Nos últimos dias, o país assistiu à retirada de recursos do mercado local - o saldo positivo do fluxo no mês caiu de quase US$ 10 bilhões, até o dia 14, para US$ 8,1 bilhões, até o dia 19.
"Teve uma saída pequena (de dólares do país). Talvez pelo mercado estar (com um giro) menor, qualquer volume movimenta um pouco mais a cotação", afirmou o gerente de câmbio de um banco estrangeiro, que preferiu não ser identificado.
Com problemas de sistema, o Banco Central não realizou nesta sessão o leilão de compra de dólares no mercado à vista.