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Economia Sexta-feira, 20 de Abril de 2018, 17:13 - A | A

Sexta-feira, 20 de Abril de 2018, 17h:13 - A | A

Exportações

Embargo da União Europeia a frigoríficos de frango afeta dois frigoríficos do Estado

Governo do Estado acompanha o caso de perto e trabalha para reduzir efeitos econômicos

Flávio Brito
Capital News

Mato Grosso do Sul tem dois frigoríficos de frango na lista dos 20 brasileiros embargados pela União Europeia nesta quinta-feira (19). A decisão do bloco econômico afeta diretamente a economia nacional e o Governo do Estado está atento aos passos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para minimizar os impactos.

Famasul

Produção sul-mato-grossense de carne suína e de frango subiu

Produção de carne de frango nacional ainda sente os efeitos da operação Carne Fraca

A Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) esclarece que as unidades afetadas são a BRF de Dourados e a Bello de Itaquiraí e que o embargo afeta apenas as exportações de frango de ambas para a União Europeia e o frigorífico continua trabalhando normalmente.

 

Em todo o país, foram afetadas plantas distribuídas entre Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. De acordo com o Mapa, 35% das exportações brasileiras de frango vão para a União Europeia.

 

Titular da Semagro, Jaime Verruck destaca que as consequências imediatas do embargo são a elevação de oferta de frango no mercado interno e claro, a redução do preço para o consumidor brasileiro. “Uma informação desta causa um reordenamento no mercado, por que os descredenciados vão procurar outros destinos para seus produtos, tanto internamente quanto no exterior”.

 

Outro impacto, já visto nos estados da região Sul que foram os mais afetados pelo embargo, é o anúncio de férias coletivas em algumas unidades. “Os mercados nacionais e internacionais não se ajustam tão rápido às mudanças e nesse período o impacto econômico nas empresas é grande. Mas em Mato Grosso do Sul ainda não temos informações sobre possíveis férias coletivas nas unidades”, disse.

 

Para Jaime Verruck a principal preocupação em Mato Grosso do Sul é que a avicultura vive um período de expansão. “As duas unidades com embargo da União Europeia estão em expansão no Estado e essa notícia, por impactar economicamente as empresas, pode retardar os investimentos que estão em andamento. Além disso, já vemos uma redução no alojamento de aves como consequência imediata”.

 

FCO

A avicultura tem sido um dos focos do governo estadual desde 2015, que tem atuado junto aos produtores para atualizar os níveis de sanidade nos aviários, além de ajudar os pequenos a modernizar seus aviários, com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).

 

Mas, apesar dos efeitos gerados no Brasil, o secretário da Semagro destaca que o Mapa tem respondido prontamente à questão e se posicionado. Ainda hoje, o ministro Blairo Maggi afirmou que vai acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a questão. “Estamos sendo penalizados. Há uma proteção de mercado que a gente não quer mais aceitar. Vamos brigar pelo espaço conforme o mercado mundial preconiza, que deve ser livre entre os países”, disse o ministro por meio de sua assessoria.

  

Entenda

A decisão da União Europeia ocorreu após a terceira etapa da Operação Carne Fraca, deflagrada em 2017, pela Polícia Federal para investigar denúncias de fraudes cometidas por fiscais agropecuários federais e empresários. A chamada Operação Trapaça, deflagrada em 5 de março, teve como alvo a BRF. O grupo é investigado por fraudar resultados de análises laboratoriais relacionados à contaminação pela bactéria Salmonella pullorum. Em nota, a BRF negou risco à saúde para população.

 

Ainda não há confirmação oficial, mas segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, a BRF deverá ser a empresa mais impactada, com as nove plantas autorizadas a exportar atualmente para o bloco suspensas.

 

Maggi diz que a decisão da UE é apenas comercial e que irá acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC). A data para que isso ocorra ainda não está definida. O assunto já foi, segundo a pasta, levado ao presidente, Michel Temer, e os estudos para a solicitação do painel junto a organização estão em andamento.

 

Santin ressalta que o frango não oferece riscos à saúde e que os brasileiros podem comprá-lo sem preocupação. "O frango é a carne mais consumida no Brasil e a mais barata. Não há nenhum risco nesse caso, trata-se de um problema comercial." 

 

Ele explica que as salmonellas presentes na carne "são aquelas que morrem com cozimento, em temperatura acima de 70 graus Celsius. A água ferve a 100 graus, ou seja, qualquer processo de cozimento já inativa a bactéria. Ela [a bactéria] está presente em todo o mundo".

 

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. Ao longo de quatro décadas, o país embarcou mais de 60 milhões de toneladas de carne de frango, em mais de 2,4 milhões de contêineres para 203 países. As vendas para a UE, no entanto, têm apresentado quedas. Em 2017, o Brasil, de acordo com o governo, exportou 201 mil toneladas para o bloco. Em 2007, chegou a exportar 417 mil toneladas.

 

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