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Economia Terça-feira, 25 de Novembro de 2008, 09:18 - A | A

Terça-feira, 25 de Novembro de 2008, 09h:18 - A | A

MMX vai paralisar atividades em Corumbá, mas garante manutenção de empregos

Lucia Morel - Capital News

A crise está afetando em cheio uma das maiores mineradoras do Brasil, a MMX, que possui também uma unidade em Corumbá, aqui no Estado. Depois de afirmar que sua produção na cidade não ia parar, a empresa, que pertence ao grupo EBX, do empresário Eike Batista, admitiu que dos 161 fornos de ferro-gusa que possui no País, 103 estão paralisados, e o de Corumbá deve parar dentro de alguns dias, provavelmente no dia 30. Esses 103 fornos representam 64% da capacidade de produção da mineradora.

O diretor-geral da mineradora MMX, Joaquim Martino Ferreira, afirmou que a companhia já revisou para baixo a sua projeção de produção para o ano. A MMX deverá produzir no ano 5,7 milhões de toneladas e não as 6,2 milhões de toneladas que estavam previstas, uma queda de pelo menos 8%.

De acordo com o diretor-geral da MMX, o plano de negócio e investimentos de 2008 foram plenamente concluídos. "Hoje, nós temos contratos vigentes e, até agora, tirando o ferro-gusa, que foi diretamente afetado pela crise, estamos entregando normalmente e até mesmo acreditando que para alguns clientes iremos aumentar o volume por conta da qualidade do minério", afirmou o diretor-geral da MMX durante reunião com analistas na sede da Associação dos Analistas e Profissionais de investimento do Mercado de Capitais.

Mesmo com a queda de demanda que provocará a parada de duas unidades da empresa, Joaquim Ferreira garante que a produção da empresa está sendo vendida e que a companhia não tem estoque. No terceiro trimestre do ano, a MMX produziu 1,377 milhão de toneladas de minério de ferro. No acumulado do ano, a marca alcançou 4,041 milhões de toneladas.

No entanto, a crise chega mesmo é aos empregados da siderúrgica, que já temem perder o emprego em pleno final de ano. As férias coletivas ou a suspensão de contratos de trabalho já começaram, e hoje as mineradoras que atuam em Corumbá vão se reunir com o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT) para atualizá-lo sobre os impactos da crise na produção.

Ruiter acredita que apesar das expectativas dadas pela MMX de retomar os trabalhos assim que a crise acabar e os preços do minério e ferro-gusa se estabilizarem, a empresa não voltará a atuar na cidade. "Éimprovável que a MMX retome suas operações", sentencia.

Apesar disso, o prefeito espera que a siderúrgica da companhia, com 350 funcionários, possa ser comprada por outra empresa. Neste sentido, a compradora mais provável seria a Arcelor Mittal, que comprou em agosto 49% da MPP.

Três grandes mineradoras estão instaladas na cidade: a MMX, a Vale do Rio Doce e a Rio Tinto. Por enquanto, nenhuma delas anunciou demissões, ao contrário de algumas de suas prestadoras de serviços, mas nada é garantido e os funcionários temem.

Sindicato
Um acordo entre o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Extrativas de Corumbá e a MMX assegurou o emprego de cerca de 620 funcionários até março do ano que vem, mesmo com as atividades paralisadas. A empresa ainda ofereceu aos seus empregados cursos técnicos durante este período e garantiu a manutenção integral dos salários.

O presidente do sindicato, Cassiano de Oliveira, considerou satisfatório o resultado da negociação entre a empresa e os trabalhadores. "A grande preocupação é com o término do prazo, mas na pior das hipóteses os trabalhadores estarão mais preparados", ponderou o sindicalista.

Na Vale, o presidente do sindicato contou que, na segunda-feira passada, a direção da mineradora comunicou que dará férias coletivas a 308 empregados a partir do dia 8 de dezembro, enquanto outros 77 funcionários continuarão trabalhando. Em nota, a Vale informou que está dando prioridade ao seus funcionários, mas que "evidentemente, ajustes ao quadro de empregados são necessários". Além do minério de ferro, a Vale explora manganês na região.

Em relação à Rio Tinto, o presidente do sindicato disse ainda não ter sido informado sobre uma possível redução de produção, que não a causada pela época de estiagem do Rio Paraguai, principal meio de escoamento do minério. Mesmo esta ainda não foi confirmada. A estiagem também impacta o escoamento das outras mineradoras. Sem a possibilidade de utilizar a hidrovia, as alternativas são ferrovias ou caminhões, o que encarece o custo de frete.

Segundo Sergio Visconti, gerente-geral de recursos humanos, comunicação e relações com comunidades da Rio Tinto, a companhia só comunicou a redução de 10% de sua produção na Austrália, onde está a matriz. "No ano passado, em Corumbá, demos férias coletivas por conta da estiagem, mas avisamos com mais de 30 dias de antecedência", ressaltou o executivo.


Arrecadação

Depois da arrecadação de ICMS relativa ao volume de gás natural boliviano, creditada em Corumbá pela Petrobras, a mineração constitui a principal fonte de receita do município. O prefeito Ruiter estima que 10% do PIB seja referente ao segmento, enquanto 80% vem do gás. Conforme os dados do IBGE, o PIB de Corumbá em 2005 foi de R$ 1,49 bilhão, e a população em 2007 era de 96.373 habitantes. 

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