A queda de 12,4% na produção industrial brasileira em dezembro do ano passado com relação a novembro do mesmo ano apontada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra a retração do setor provocada pela intensificação da crise financeira mundial e ratifica os esforços feitos pela Fiems – Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul – na manutenção da atividade econômica e do emprego no setor industrial do Estado.
De acordo com Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Brasil, foi o pior saldo da série histórica, iniciada em 1991, e o terceiro resultado negativo consecutivo nessa comparação, acumulando perda de 19,8% de setembro a dezembro de 2008.
“É um quadro que preocupa, porque nosso Estado interage com outros mercados e não estamos imunes a estes impactos. Por isso mesmo, nosso empenho concentra-se na busca de soluções possíveis, tanto para os empresários quanto para os trabalhadores, junto aos poderes executivo – estadual e municipais - e judiciário para minimizar os efeitos da crise em Mato Grosso do Sul”, alertou o presidente Sérgio Longen.
A Fiems já mantém agenda de negociação com o Governo do Estado, desde outubro do ano, tratando, entre outras, das questões tributárias e de incentivos fiscais. Esta semana estabeleceu um canal de negociação com os Sindicatos Laborais, Tribunal Regional do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, na tentativa de construir um modelo de negociação capaz de conter a onda de demissões e manter a atividade industrial.
Entre outros pontos, já está em pauta a sugestão de flexibilizar a legislação trabalhista e a instituição de um sistema de compensação de horas extraordinárias, mais conhecido como Banco de Horas, para evitar o ato de demissões no setor industrial. A Fiems também propõe, em uma análise de empresa por empresa, categoria por categoria, a redução da jornada de trabalho e salarial nos setores em que a crise esteja mais aguda.
Também é prioridade a manutenção dos empregos pelo período em que durar o pacto intersindical, incluindo um programa de requalificação de mão-de-obra elaborado e executado pelo Senai. Na próxima segunda-feira (09/02) acontece outra reunião no TRT, com participação da Fiems, Governo do Estado, Prefeitura de Campo Grande e Sindicatos Laborais para avanço das negociações.
Retração
A pesquisa do IBGE mostra que, em relação a dezembro de 2007, o decréscimo foi de 14,5% contra os – 6,4% registrados em novembro e, com isso, o resultado para o fechamento do ano ficou em 3,1%, bem abaixo do resultado acumulado até setembro (6,4%), sendo que a produção no último trimestre de 2008 recuou 9,4% na comparação com o período imediatamente anterior e 6,2% em relação ao quarto trimestre de 2007.
O resultado indica também que houve recuo na produção em 25 dos 27 ramos pesquisados em dezembro na comparação com o mês anterior. A principal influência veio da indústria automobilística, cuja produção caiu 39,7%. Também apresentaram queda os setores de máquinas e equipamentos (-19,2%), material eletrônico e equipamento de comunicações (-48,8%), apresentando alta apenas os setores de outros equipamentos de transporte (6,7%) e celulose e papel (0,4%).
Pelo índice de difusão, o IBGE verificou que 70% dos 755 produtos investigados apresentaram queda em dezembro. Em novembro, a indústria já apresentava sinais de queda de produção. No início de janeiro, o IBGE informou que em todas as 14 regiões em que a pesquisa de produção é feita houve queda de atividade.
Radar Industrial
Sondagem feita pelo Radar Industrial da Fiems, entre os dias 16 a 23 de janeiro deste ano, para compor o primeiro relatório do ano do CMC (Comitê de Monitoramento da Crise) apontou que 87% dos empresários industriais sentiram os efeitos da crise. Os dados indicam ainda que 52% dos industriais disseram que os negócios foram prejudicados pela crise e acreditam que a recuperação deve ocorrer somente no segundo semestre de 2009.
Além disso, 61% afirmam que as vendas caíram, comparativamente a igual período do ano anterior, sendo que a previsão para os próximos três meses, numa comparação com igual período do ano anterior, é de queda nas vendas para 48% dos entrevistados. (Com informações da Fiems)