Acadêmicos de Medicina da UFGD invadem reitoria

Dourados

Clima tenso marcou a rodada de negociações entre acadêmicos de Medicina e a reitoria da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) na tarde de ontem. Um grupo de pelo menos 50 universitários invadiu a reitoria. Os estudantes queriam participar da reunião com o reitor Damião Duque de Farias que, segundo a classe, se negou em receber o grupo, observando que só atenderia um representante. Ameaçados de serem retirados por força policial, os manifestantes permaneceram no corredor de acesso a sala da reitoria, enquanto o reitor ouvia as reivindicações através de Fabiano Matsumoto.
Segundo ele os manifestantes foram para o local para cobrar da reitoria informações acerca da estruturação do internato de medicina que, segundo os alunos, não dispõe de recursos para atender a demanda da turma, que hoje conta com 50 universitários.
Uma notícia positiva é que o reitor anunciou um convênio com o Hospital Regional. O acordo vai garantir o Internato para uma parcela de estudantes. A briga agora é sobre a quantidade de acadêmicos que podem ficar em Dourados. "Enquanto lutamos para que apenas 11 deles permaneçam na cidade a reitoria pretende deixar 20. A demanda neste caso é superior a capacidade dos hospitais de Dourados", comenta.
A UFGD espera organizar o sistema até janeiro, mas os alunos acreditam que o tempo é insuficiente para estruturar o Internato.
"Queremos garantias que o regime de Internato do curso de medicina em Dourados será de qualidade. Este regime é complexo para ser planejado e diante do caos da saúde pública no município tememos um Internato mal organizado e sem estrutura para os acadêmicos", disse o estudante.
O Internato de Medicina é um regime de aprendizagem que tem por objetivo propiciar ao aluno a prática da profissão. Com isso, o estudante adquire conhecimentos, desenvolve habilidades e assimila atitudes de um profissional da medicina.
Dos 50 alunos, apenas três fazem a prática em hospitais de Dourados, o restante desenvolve a disciplina em Campo Grande, nos hospitais Rosa Aparecida Pedrossian e Santa Casa.
Uma das exigências antigas da comunidade acadêmica de Medicina sempre foi a implantação do Internato no HU. No entanto agora, os acadêmicos mudaram de postura. Eles preferem continuar com o regime em Campo Grande até o que sistema seja implantado em Dourados com mais tempo de planejamento.
Reitoria 
tentou entrar em contato com o reitor da UFGD, mas ele não foi localizado. Em entrevista na semana passada ao Jornal, o reitor da UFGD, Damião Duque de Farias, anunciou que a UFGD viabilizou junto ao Ministério da Educação (MEC) um recurso da ordem de R$ 3 milhões para investimentos no Hospital Universitário. A verba será liberada em duas vezes. A primeira parcela (R$ 1,5 milhão) será depositada na primeira quinzena de dezembro e a segunda (R$ 1,5 milhão) no início de janeiro.
O dinheiro, conforme informou a reitoria, será aplicado exclusivamente para a adequação do HU, o que implica na contratação de cerca de 40 preceptores médicos (professores médicos do estágio), enfermeiros, auxiliares de enfermagem, técnicos administrativos e na compra de equipamentos e materiais de consumo.
"Com este recurso iremos estruturar o hospital para abrigar nossos acadêmicos. É uma forma da UFGD já estar assumindo a responsabilidade que terá com o HU no final de 2008 quando iremos assumir a gestão do hospital e transformá-lo realmente em universitário", explica o reitor.
Para Farias, o investimento da universidade no HU também será uma forma de tirar o hospital do sufoco e melhorar o atendimento à população. "Diante das mudanças na área da saúde pública de Dourados, com a saída do Sistema Único de Saúde (SUS) do Hospital Evangélico, esta verba representa melhoria no atendimento e ao mesmo tempo a resposta para uma antiga reivindicação dos nossos acadêmicos", disse ele.
A contratação dos 40 preceptores médicos e dos demais funcionários deverá ser inicialmente em regime de processo seletivo. Depois que a UFGD assumir a gestão do HU haverá concurso público para o preenchimento das vagas. Hoje, a partir das 16 horas os universitários se reúnem em assembléia com a reitoria para tratar detalhes acerca do novo convênio anunciado ontem.