Campo Grande Sábado, 04 de Maio de 2024


ENTREVISTA Sexta-feira, 18 de Agosto de 2023, 17:53 - A | A

Sexta-feira, 18 de Agosto de 2023, 17h:53 - A | A

Entrevista

Felicidade, você sabe o que é?

Especialista explica sobre o assunto e dá dicas de como se manter feliz

Renata Silva
Especial para o Capital News

Acervo pessoal

Felicidade, você sabe o que é?

A fonte da felicidade genuína é interna. No entanto, sempre haverá fatores externos que influenciam, de forma positiva ou negativa, diz especialista

Você já deve ter ouvido frases como essas: “Ah, quando eu conseguir comprar a minha casa eu vou me sentir realizado”,“Minha vida está quase perfeita, só falta um namorado”,“São esses quilos extras que estão me deixando infeliz”. É.. não é raro ver pessoas atrelando a conquista de desejos a felicidade, mas será que ela é isso mesmo?

Segundo a facilitadora, mentora, consultora e palestrante, com mais de 20 anos de carreira na área de Gestão de Pessoas, Elaine Oshiro a felicidade é um estado duradouro de bem-estar e contentamento na maior parte do tempo, mas que também contém altos e baixos. Ela explica que podemos vivenciar os momentos alegres com intensidade e enfrentar os desafios de maneira mais resiliente e equilibrada.

A especialista vai realizar um evento neste sábado (19), um bate-papo, de graça, a partir das 16h, onde vai debater a disciplina para ser feliz. O evento é aberto a todo o público. “Nessa conversa, vamos abordar como áreas essenciais da nossa vida - dinheiro, carreira, autoestima e relacionamentos - estão ligadas à nossa busca pela felicidade genuína. Descobriremos como transcender o mero "estar feliz" passageiro e abraçar um estado de "ser feliz" sustentável, baseado no contentamento interior”, descreve Elaine Oshiro.

O Capital News conversou com ela para entender um pouco mais do que será abordado.

• Leia também:
Reportagem Especial | O que é preciso para ser feliz?

Acervo pessoal

Felicidade, você sabe o que é?

É comum projetar a felicidade na conquista de coisas externas, o problema é que, quando conseguem, a lista aumenta, explica Elaine

1. Capital News: Conte um pouco da sua trajetória?
Elaine Oshiro: Nasci em Campo Grande/MS, sou a quarta de cinco irmãos, uma mistura de raízes brasileiras com a tradição japonesa. Estudei em escola pública e me formei como Administradora na UFMS. Sempre fui sonhadora e queria ter o meu dinheiro e ser independente. Comecei a trabalhar cedo e aos 19 anos, fui admitida no concurso do Banco do Brasil. Casei-me aos 26 anos, no mesmo ano em que minha mãe faleceu e quatro meses depois, meu pai. Foi uma dor terrível, que abalou tudo o que eu conhecia como estrutura de vida. Dois anos depois, nasceu minha filha. Mais dois anos, meu filho. Passei longos anos me dedicando quase inteiramente à função de mãe, esposa e trabalho. Depois de um longo processo terapêutico, voltei a olhar para mim, fui fazer pós-graduação e me dedicar ao trabalho voluntário. Em 2019, pedi demissão do trabalho e me divorciei. Trabalhei como Gerente Geral de uma grande ONG, que me abriu caminhos profissionais e pessoais diferentes do que eu conhecia. Terminada minha missão, atuei como Consultora de Empresas e hoje tenho minha própria empresa, na área de treinamentos, palestras, mentorias e coaching.

2. Capital News: Em que momento da vida resolveu mudar a direção e por quê?
Elaine Oshiro: Estava em uma viagem internacional que sempre fora um sonho, deveria ser perfeita! No entanto, nada fazia sentido; havia um vazio imenso dentro de mim, um buraco que nada do mundo externo preencheria. Então, finalmente percebi que não havia outro caminho senão mudar, a mim mesma, assumir o controle da minha vida e do meu futuro.

3. Capital News: A busca por uma felicidade genuína foi um dos motivos, certo? Como você quer passar isso para as pessoas? Como quer encurtar o caminho para elas?
Elaine Oshiro: Passei por um longo e doloroso processo para me permitir-me olhar e cuidar de mim. Foi muito solitário, e quando comecei a compartilhar um pouco do que estava vivendo, as pessoas começaram a me procurar, porque se identificavam com meu processo e também sentiam-se sozinhas e perdidas. A felicidade genuína começa com esse ato de autoamor, pois perdemos nossa autenticidade e não sabemos mais quais são nossas escolhas verdadeiras. Eu quero ajudar nisso, mostrar que é possível buscar uma vida com mais realizações, mais significado, mais sonhos.

4. Capital News: O que você tem observado no dia a dia das pessoas que a motiva a trabalhar ainda mais esse tema?
Elaine Oshiro: Além dos contatos pessoais que recebo, minha trajetória nas empresas deixa muito evidente o quanto as pessoas estão adoecidas. São doenças físicas, mentais, emocionais e espirituais. Estamos em uma era onde a competitividade é altamente estimulada desde a infância, o que nos coloca em um ciclo de expectativas de "ser mais" que não se esgota nunca! É preciso questionar e refletir para fazer escolhas assertivas sobre o que serve para mim e o que não serve, parar de seguir o fluxo sem saber para onde estamos indo.

5. Capital News: O que, para você, é felicidade nos dias de hoje?
Elaine Oshiro: Para mim, felicidade hoje é o que sempre foi. Um estado duradouro de bem-estar e contentamento na maior parte do nosso tempo, no qual entendemos que a vida é justamente a composição de altos e baixos. Podemos vivenciar os momentos alegres com intensidade e enfrentar os desafios de maneira mais resiliente e equilibrada.

6. Capital News: Como a felicidade é buscada na sociedade atual?
Elaine Oshiro: Estamos experimentando uma vida de comparações, onde a busca pela satisfação imediata de desejos é infinita, e isso é prejudicial. Isso nos remete às redes sociais, mas a tecnologia não é a vilã. O problema sempre será o excesso e a falta de pensamento crítico. O que mudou foi a manipulação em massa, que ganhou uma agilidade absurda! No entanto, também vemos pessoas cada vez mais inteligentes nascendo, o nível de consciência está aumentando, a tecnologia abre caminhos para a educação que não existiam antes. Então, onde está o problema? Na falta de conexão entre as pessoas, nas conversas em casa, no convívio com os idosos e até mesmo na falta de tempo ocioso para experimentar o tédio e a frustração, pois é deles que nascem grandes aprendizados.

É comum projetar a felicidade na conquista de coisas externas, como bens materiais, carreira, casamento, filhos, etc

7. Capital News: As pessoas confundem muito esse sentimento?
Elaine Oshiro: É comum projetar a felicidade na conquista de coisas externas, como bens materiais, carreira, casamento, filhos, etc. O problema é que, quando conseguem, a lista aumenta e a felicidade é projetada para o próximo item, porque aquele não preencheu o vazio. No entanto, o indivíduo continua no ciclo sem pensar, até o ponto em que a lista de aquisições estará cheia. Nesse ponto, muitas vezes, o vazio toma conta e não se consegue mais negar sua existência, pois a vida está sem sentido.

8. Capital News: Como manter a felicidade no dia a dia?
Elaine Oshiro: É preciso disciplina para ser feliz! Assim como temos obrigações externas, precisamos incluir hábitos diários de autocuidado que trarão bons sentimentos para equilibrar as pressões externas da rotina. Alguns hábitos que contribuem são: manter uma alimentação saudável; praticar atividade física; estabelecer uma prática de cuidado com a mente (meditação, mindfullness, yoga, oração, etc.); evitar ambientes e notícias negativas; fazer pequenas pausas durante o dia; substituir pensamentos e emoções negativos por positivos; exercitar a gratidão e a compaixão.

A fonte da felicidade genuína é interna.

9. Capital News: Quais são as principais fontes de felicidade?
Elaine Oshiro: A fonte da felicidade genuína é interna. Sempre haverá fatores externos que influenciam, de forma positiva ou negativa. No entanto, se a chave estivesse nas coisas externas, como explicar que existem pessoas tristes com muito e outras felizes com pouco?

10. Capital News: Qual a importância da felicidade na sociedade?
Elaine Oshiro: Pessoas felizes contagiam e performam melhor em todas as áreas da vida. São mais produtivas e confiantes, mais tolerantes e mais compassivas. Não é à toa que já existe o FIB, que mede o Índice de Felicidade Interna Bruta e está intimamente ligado a altos níveis de desenvolvimento econômico e baixa corrupção. Uma única pessoa feliz influencia um grupo. Um grupo de pessoas felizes move uma comunidade. Imagine uma sociedade inteira...

11. Capital News: É possível ser feliz nos dias de hoje?
Elaine Oshiro: É possível e sempre será! É necessário ter vontade, pois com ela tudo o mais pode ser alcançado. O primeiro passo é reconhecer e aceitar com gratidão o momento presente, saber onde se quer chegar e, a partir daí, traçar um plano viável que comece com um pequeno passo. Ter paciência com seu próprio processo e agradecer cada vitória. A gratidão tem o poder de transformar qualquer situação!

Para participar do encontro é preciso fazer uma reserva de vaga pelo site: www.sympla.com.br/evento/bate-papo-no-terraco-disciplina-para-ser-feliz/2115032. O local do evento será no terraço do restaurante Funky Fresh, na Travessa Ana Vani, 51, Sala comercial 1, Centro, Campo Grande – MS.

“Vamos acrescentar hábitos, cuidados e disciplina em nossas vidas para construir uma base sólida de bem-estar emocional e mental. Afinal, a verdadeira felicidade é um equilíbrio habilidoso entre aceitar os altos e baixos da vida”, conclui Elaine.

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS