Sábado, 08 de Dezembro de 2007, 10h:45 -
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Com DNA de craque, novos talentos tentam sorte no Fla
Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)
Matheus Oliveira virou personagem da conquista do tetracampeonato com poucos dias de vida. A homenagem de Bebeto ao filho recém-nascido, após um gol nas quartas-de-final da Copa dos Estados Unidos, em 1994, virou um gesto até hoje imitado por jogadores mundo afora. Treze anos depois, o menino começa a dar seus primeiros chutes para virar protagonista de uma nova história.
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Há três anos na equipe mirim do Flamengo, Matheus joga como meia e já conquistou a primeira convocação para as divisões de base da Seleção Brasileira, no início do ano. Mas não é o único com DNA de craque no centro de treinamento rubro-negro em Vargem Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro. Por lá, jogam também os filhos de Djalminha e Júnior Baiano e o primo de Adriano - todos profissionais com passagem pela Seleção Brasileira.
"Esses meninos respiram futebol 24 horas por dia desde muito cedo", afirma o coordenador das divisões de base do Flamengo, Rivelino Serpa. "Por isso mesmo, têm uma disposição muito grande e levam o esporte muito a sério".
O coordenador sabe, no entanto, que o parentesco com os craques não é garantia de sucesso. E fala com conhecimento de causa, já que ele próprio seguiu os passos do pai, o atual técnico do Vasco, Valdir Espinosa. "A pressão certamente aumenta, já que a comparação sempre existe. Eles vão precisar trabalhar muito para serem reconhecidos pelo próprio talento", afirma.
Mas dedicação e garra não parecem faltar aos meninos, que, de terça a sexta-feira, costumam passar pelo menos duas horas e meia por dia no centro de treinamentos do clube, em um recanto bucólico da cidade. Como muitos outros garotos da mesma idade, sonham em um dia jogar na Seleção - com a diferença de terem em casa o exemplo de quem batalhou e conseguiu chegar lá.
"Desde criança, quando via meu pai na TV, eu tinha vontade de virar jogador profissional", conta Patrick, de 12 anos, que busca reconhecimento na mesma posição do pai, o zagueiro Júnior Baiano. Seus pontos fortes, segundo Rivelino Serpa, são o bom posicionamento, a boa técnica e a marcação eficaz. O menino ainda acrescenta um item à lista: a cabeçada.
Apesar de reconhecer que a cobrança é maior por ser filho de jogador, Patrick se considera um menino de sorte. A única queixa é em relação às brincadeiras dos colegas: "Eles ficam dizendo que eu sou riquinho, às vezes é meio chato", diz, bem-humorado.
Outro que tenta fincar pé em uma posição já explorada pela família é Pedro Paulo, de 13 anos. O primo de Adriano, atacante da Inter de Milão, já conseguiu uma convocação para a equipe Sub-13 da Seleção Brasileira. Apesar de o parentesco não ser tão próximo como no caso dos colegas, o menino recebe o apoio valioso do jogador.
"Ele fala para eu ter paciência nos momentos difíceis e me parabeniza nos bons momentos", conta. Mas faz questão de afastar possíveis comparações entre o estilo de jogo: "Ele é um jogador mais de área, e eu gosto mais de vir de fora. Sou bom em conduzir a bola".
Diego, também com 13 anos, vive uma situação ainda mais peculiar: não é apenas filho, mas também neto de jogador. Além do meia Djalminha, seu pai, foi antecedido por Djalma Dias, que chegou à Seleção Brasileira em meados da década de 60.
Humilde, o menino parece não se deixar afetar pelo passado de glórias da família. "Para mim, é como se eu fosse só mais um correndo atrás do que quer", diz Diego, que sempre jogou como atacante, mas ultimamente tem sido colocado na mesma posição de seus antecessores. Seus pontos fortes, segundo o coordenador das divisões de base, são duas características muito valorizadas pela torcida: o drible e a alegria de jogar futebol.
Já Matheus tenta a sorte como meia. No caso do menino, cujo nascimento foi imortalizado pela comemoração de Bebeto, a associação com o pai é ainda mais inevitável. "Já assisti àquela cena várias vezes, e acho ainda mais legal porque ela não foi planejada. Meu pai diz que na hora veio na cabeça e ele fez", afirma. "Mas só quando eu tinha dez anos foi que eu entendi mesmo o significado daquele gesto na minha vida", conta.
"Nesses tempos de preocupação com os 'gatos', a gente costuma dizer que o Matheus jamais vai poder adulterar a idade, porque o gesto eternizou o nascimento dele¿, afirma Rivelino Serpa.
Brincadeiras à parte, ele diz que o menino é muito centrado, ciente da importância do pai para o futebol brasileiro, mas disposto a conquistar seu próprio espaço. "Isso que não significa renegar o parentesco, mas sim reforçar os ensinamentos que ele teve em casa para buscar seus próprios objetivos". (Com informações do Terra)