Deurico Ramos/Capital News
O motorista foi escolhido por uma empresa de telefonia para carregar a tocha olímpica na capital
Nascido em Maceió, pai de dois filhos e um neto, o motorista José Roberto de Almeida Fiho, de 58 anos, será mais um cidadão a ter o privilégio de participar do revezamento da tocha olímpica em Campo Grande, neste sábado (25).
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O convite ao alagoano, que mora em Campo Grande há 28 anos, aconteceu de forma inusitada. Em um dia comum de trabalho, enquanto dirigia, ele recebeu a ligação de uma operadora de telefonia, na qual é cliente. No momento, pensou em ignorar a chamada. “Pensei que a empresa cobraria algo de mim ou ofereceria algum tipo de promoção. Só não fiz isso porque a atendente pediu que eu não desligasse e enviasse meus dados”, afirma.
Curioso diante da situação, o motorista decidiu verificar do que se tratava e descobriu que havia sido escolhido de forma aleatória a participar do revezamento do revezamento da tocha olímpica. De imediato, enviou a documentação para a empresa. “Quando eles me falaram que eu tinha sido escolhido, quase não acreditei, mas obviamente topei na hora. Eu imaginava que seria um privilégio somente para celebridades ou pessoas ligadas ao esporte”, confessa.
Apesar de não se considerar sortudo, a escolha foi comparada pelo motorista a um prêmio na loteria. “Foi pura sorte minha, foi como ter ganhado na loteria, não no aspecto financeiro, mas por outro lado pode ser até melhor, porque se eu ganhasse um valor em dinheiro muito alto, teria algumas preocupações. É uma satisfação muito grande e me deixou imensamente feliz”, afirma.
Ansioso para o revezamento, José Roberto afirma que estará simbolizando os lugares aonde viveu durante sua vida. “Ao carregar a tocha representarei todo o Mato Grosso do Sul e também minha terra natal, Maceió”, diz.
Quando a confirmação ocorreu, o motorista revelou que a família e os amigos ficaram eufóricos, e alguns, inclusive, gostariam estar no lugar do motorista. “Os colegas ficaram me zuando, com uma inveja sadia. Eles não acreditaram quando eu falei e pensaram que fosse uma piada. Meus filhos, neto e esposa também ficaram muito contentes e estarão lá me prestigiando”, revelou.
Além de compartilhar a alegria do momento com seus ente queridos, ao receber os brindes da organização do evento, José Roberto se encarregou de distribuir para a família. “Após a confirmação da minha presença, recebi os brindes e dei um dos bonequinhos para o meu neto e outro para minha mulher. Fiquei apenas com a mochila, com a xícara e o boné”, afirma.
Relação com o esporte
Embora não seja um praticante assíduo de exercícios físicos, José Roberto teve durante a vida proximidade com o esporte. “Desde a minha infância, gosto muito da natação porque lá em Maceió adorava nadar nas águas do mar. Gosto também de futebol de areia, porque costumava jogar com os amigos na praia quando era jovem.
Também sinto prazer em assistir as acrobacias das ginastas brasileiras, aquilo me deixa encantado”, recorda.
Há alguns meses atrás, o motorista começou a frequentar uma academia, mas foi forçado a parar devido a problemas na coluna. “Eu sofro hoje as conseqüências de um acidente que tive em Maceió há 30 anos, que me deixou com um problema degenerativo na coluna e por isso tive que parar de ir na academia. No momento estou melhor e pretendo voltar a praticar exercícios, quem sabe, no próximo verão (entre risos)”, afirma.
Simbolismo e competição
De acordo com José Roberto, os Jogos Olímpicos no Rio deixarão boas recordações para os brasileiros, mas também beneficiará a economia do país. “É algo que vai ficar na história, que talvez nós nunca mais veremos. Porém também vai gerar benefícios ao nosso comércio. É claro que para se realizar a competição, existe uma grande despesa, mas por outro lado, o país vai lucrar muito”, analisa.
O motorista também se mostrou muito confiante em relação ao desempenho da delegação do Brasil nos jogos. Ele acredita que a eliminação traumática da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 2014, serviu de lição para os atletas de todas as modalidades. “O vexame da seleção na Copa certamente acho influenciou os atletas a se prepararam melhor. Afinal de contas, ninguém quer passar vexame em casa”, aponta.
José Roberto carregará a tocha em um trecho de 200 metros da Avenida Afonso Pena. Ele estará com o número 039 estampado na camiseta.