Tetila conhece Acampamento Modelo em Itahum

O prefeito de Dourados, Laerte Tetila, e o secretário municipal de Governo, Wilson Biasotto, participaram na manhã do último domingo (27) de um encontro com as famílias acampadas na MS 270, no distrito de Itahum. No evento, Tetila e Biasotto conheceram o projeto de cooperativismo a ser implantado na consolidação futura do assentamento e as dificuldades que o grupo enfrenta atualmente no dia-a-dia, inclusive sentiram a vulnerabilidade dos barracos frente a chuva que durou toda a manhã.

O acampamento reúne 120 famílias, de acordo com o coordenador Sebastião Rosa Vieira, sendo que a maioria é oriunda do campo ou funcionários de fazendas. Mesmo antes de receberem a terra, os acampados estão aprendendo o que e como fazer para trabalharem na terra através do sistema de cooperativismo.

O objetivo de montar uma cooperativa vem da análise do que aconteceu com os outros assentamentos rurais. Segundo João Waimer, coordenador político do acampamento, quando os assentados optam pelo individualismo, cada um cuidando do seu pedaço de terra, o assentamento não dá certo. “O melhor é permanecer unido”, defende João Waimer.

Em sua fala, o prefeito Laerte Tetila destacou a importância da agricultura familiar para a geração de alimentos, ocupação dos trabalhadores, equilíbrio entre a população urbana e a rural e diversificação da produção agrícola. Tetila disse que o Brasil, como país continental, tem espaço para abrigar grandes, médias e pequenas propriedades e que o número de pequenas pode crescer ainda mais.

Já o secretário Wilson Biasotto falou do quanto o sonho e o projeto são relevantes na concretização de grandes ações e ainda ressaltou o barracão do acampamento como uma escola, um local de reeducação. “Vivemos em um mundo capitalista onde somos ensinados que devemos ser mais espertos que os outros, passar a perna em alguém para subir na vida. Ao invés da desgraça da competição, aqui no acampamento, vocês vão se reeducando, aprendendo a solidariedade, a fraternidade e que juntos são mais fortes”, afirmou Biasotto.

Além disso, o prefeito explicou a importância da organização nos movimentos sociais e se colocou a disposição dos acampados e da CUT (Central Única dos Trabalhadores), representada na ocasião pelo presidente estadual Alexandre Costa, para reiterar a defesa de Luiz Carlos Bonelli na superintendência do
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Incra em MS, posição defendida em carta enviada na sexta-feira (25) por Tetila aos ministros Dilma Roussef, da Casa Civil e Gilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário e também ao presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hachbart. “Caso seja necessária a formação de uma comissão ou de outros encaminhamentos, nós estamos a disposição para defender a permanência de Bonelli, para que os projetos que estão no Incra tenham continuidade, principalmente o de negociação dessa área da Lagoa Grande, necessária para o assentamento de vocês”, disse Tetila.

História de Luta

O prefeito Laerte Tetila contou aos assentados seu envolvimento e o do professor Wilson Biasotto com a reforma agrária. Segundo Tetila, já na década de 70, o departamento de ciências da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde trabalhavam, era o QG da reforma agrária na região, inclusive no mapeamento das áreas. Nessa época o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ainda nem existia. Mais tarde, depois da criação dos acampamentos no Rio Grande do Sul, o Movimento dos Sem Terra foi organizado também em MS, com a implantação de diversos acampamentos. Como era ditadura, Tetila disse que foram muitos os enfrentamentos com as Polícias Militar e Federal, que “desciam a borracha”, como aconteceu em Sul Bonito e Urtigão, por exemplo. Enquanto vereador e deputado estadual, Tetila manteve sua defesa pela reforma agrária e hoje comemora o sucesso dos assentamentos Amparo, Formosa e Lagoa Grande em Dourados, que recebem investimentos da Prefeitura com melhoramento genético para produção de leite; assistência técnica em manejo, nutrição e sanidade animal; realização de cursos; apoio à agricultura familiar; plantio de árvores nativas, frutíferas e de reflorestamento; formação de lavouras de cana-de-açúcar para viveiro de mudas; pastagens e prevenção e também à suinocultura, avicultura e ovinocultura.

João Waimer ainda lembrou outras personalidades que atuaram em defesa dos acampados como o bispo Dom Theodardo Leitz, deputado Sérgio Cruz, Dorcelina Folador e João Grandão, atualmente assessor institucional da Prefeitura de Dourados.