Terça-feira, 05 de Agosto de 2008, 08h:07 -
A
|
A
Tetila e Assomasul discutem sobre demarcação de terras
Da Redação
O prefeito de Dourados, Laerte Tetila (PT) e o presidente da Assomasul (Associação dos Municípios do Mato Grosso do Sul), Eraldo Leite, se reuniram no sábado passado para conversar sobre os estudos antropológicos que são conduzidos pela Funai (Fundação Nacional do Índio), para identificação de terras tradicionais no Estado.
O prefeito defendeu os estudos como forma de devolver a autonomia dos povos Guarani e Kaiowá e se disse favorável em relação à manutenção desses estudos.
“Sempre me sensibilizei muito com a questão indígena, pois creio que o ser humano é o mesmo em qualquer lugar. O que difere um povo do outro são as oportunidades que eles têm no decorrer da história. Nós, enquanto administradores, sempre trabalhamos para atender os indígenas com toda a dignidade que eles merecem e com todo respeito, não seria coerente deixar de fazer isso agora”, explicou o prefeito.
Tetila, que estuda cultura indígena guarani há quase 40 anos, disse que o que deve ser analisado pelos não-índios é o caráter diferenciado que a terra tem para os indígenas.
“O sentimento do Guarani/Kaiowá é diferente de todo comportamento do não índio. É um povo religioso, com cultura voltada para o sobrenatural, Ñdejara, um dos deuses do povo. Eles querem a terra não para criar gado, não para a monocultura, o que eles querem de volta é a terra onde estão enterrados seus antepassados, para cultuá-los, para cultuar seus deuses, pois há diversos, um para cada tipo de situação”, explicou o prefeito.
Eraldo Leite disse que a Assomasul também é favorável aos estudos, mas gostaria que houvesse um diálogo maior entre a Funai e os 26 municípios que serão estudados. “Nós não queremos impedir nada, não queremos ser oposição, mas queremos que os municípios também sejam ouvidos. Nossa preocupação nesse momento é um possível confronto que pode ocorrer devido à desinformação de alguns setores”, disse ele.
Eraldo sugeriu ainda que de alguma maneira a Assomasul, ou outras instituições pudessem acompanhar ou ter maior conhecimento da metodologia do trabalho.
“De um lado nós temos a Funai, que vai defender os índios e de outro, nós temos a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul que logicamente vai defender os produtores rurais. Quando a Funai começa os estudos sozinha, tira a isenção do processo. O que defendemos é uma participação dos municípios no processo”, disse ele.
Progresso
Depois de uma reunião em Ponta Porã, ficou decidido que a Assomasul será a representante legal dos municípios, através de procurações. Dourados, assim como outros municípios, deverá passar a procuração nos próximos dias.
Eraldo Leite acredita que caso a Funai insira os municípios no processo, a questão será resolvida com maior rapidez.
“Os municípios só querem acompanhar os estudos, não vejo os estudos como negativos”, disse ele.
A preocupação de Eraldo é que com esta disputa caiam os investimentos no Estado e que para defender as terras, fazendeiros e indígenas se armem.
“Quem vai investir em um Estado com esta falta de estabilidade?”, questiona ele. Por isso o pensamento da instituição, segundo ele, é de resolver o problema com a participação dos municípios, da maneira mais rápida possível.