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Opinião Domingo, 27 de Outubro de 2024, 07:51 - A | A

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Eleições americanas: a liderança de Trump ou Kamala e os impactos econômicos ao Brasil

Por Hugo Garbe*

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As eleições americanas têm um impacto direto sobre a economia brasileira, uma vez que os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais do nosso país. Com as possibilidades de Donald Trump ou Kamala Harris assumirem a presidência, o Brasil precisa estar atento às mudanças que essas candidaturas podem trazer para a relação econômica entre os dois países.

Se Trump voltar ao poder, seu histórico de políticas nacionalistas e protecionistas provavelmente será retomado. Ele defende uma economia mais fechada, priorizando acordos que beneficiem diretamente os interesses americanos. Isso pode significar desafios para o Brasil, especialmente no que diz respeito ao comércio bilateral. Revisões de tarifas e tratados podem gerar incertezas para setores exportadores, como o agronegócio e a mineração, que dependem fortemente das exportações para os EUA.

Além disso, a relação próxima entre Trump e Elon Musk pode adicionar uma camada de complexidade à postura americana em relação ao Brasil. Musk, que tem criticado abertamente as instituições brasileiras, especialmente o STF, pode influenciar decisões econômicas, comerciais ou de investimentos voltados para cá. Se as críticas de Musk ganharem mais peso com o apoio de Trump, isso poderia gerar tensões políticas e econômicas, afetando a confiança dos investidores e trazendo volatilidade ao mercado brasileiro.

Entretanto, essa aliança também pode representar oportunidades. Com Musk à frente de empresas inovadoras, o Brasil pode se beneficiar de investimentos em setores estratégicos, como tecnologia e infraestrutura, desde que consiga alinhar seus interesses com as expectativas dessas empresas.

Se Kamala Harris vencer, sua abordagem será uma continuação do governo Biden, mas com possíveis nuances em termos de política externa e comércio. A atual vice-presidente americana tende a seguir uma linha mais moderada em relação ao comércio internacional, favorecendo a cooperação com outras nações, o que pode gerar um ambiente de estabilidade para as relações comerciais entre os dois países. No entanto, não há garantia de que essa política trará grandes vantagens, uma vez que os interesses comerciais americanos ainda podem levar a negociações rigorosas.

Kamala também pode adotar uma postura de incentivo a políticas internas que mantenham o consumo e o crescimento econômico dos EUA, o que pode, indiretamente, beneficiar o Brasil, que é um país exportador. No entanto, seu foco estaria mais voltado para questões internas e a competição com a China, o que pode relegar as relações com o Brasil a um papel secundário.

Seja com Trump ou Harris na presidência, o Brasil terá desafios a enfrentar. Com Trump, a economia brasileira pode sofrer com políticas protecionistas e o impacto de uma possível aliança com Elon Musk, cuja insatisfação com o STF pode gerar incertezas políticas e econômicas. Já com Kamala Harris, embora a estabilidade nas relações comerciais seja mais provável, o Brasil ainda terá que lidar com as prioridades econômicas internas dos Estados Unidos. Em ambos os cenários, precisará, por parte do governo brasileiro, ser adotada uma postura estratégica para mitigar riscos e aproveitar as oportunidades que surgirem.


*Hugo Garbe
Professor de Ciências Econômicas do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

 

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