Campo Grande 00:00:00 Domingo, 22 de Setembro de 2024


Opinião Domingo, 22 de Setembro de 2024, 13:23 - A | A

Domingo, 22 de Setembro de 2024, 13h:23 - A | A

Opinião

Freud Explica: A Psicologia das Massas e o Comportamento Eleitoral

Por Wanderson R. Monteiro*

Artigo de responsabilidade do autor
Envie seu artigo para [email protected]

Em muitas cidades o período de campanha eleitoral é um dos momentos mais agitados e, muitas vezes, mais tensos e perigosos. No Brasil, onde a polarização política tem se acentuado cada vez mais, esse fenômeno se torna ainda mais perceptível. Em cidades onde o clima cotidiano é normalmente tranquilo, a chegada das eleições parece dispertar e acirrar conflitos, transformando interações normalmente pacíficas em confrontos acalorados.

Para comentar sobre esse comportamento, volto, mais uma vez, a falar das ideias de Sigmund Freud e Gustave Le Bon, que explicam como indivíduos, ao se inserirem em um determinado grupo, podem agir de forma diferente, e até contrária, a seus valores pessoais.

Freud, em "Psicologia de Grupo Análise do Ego", nos mostra como o comportamento individual pode ser profundamente diferente quando uma pessoa se insere em um determinado grupo. Freud diz que os membros de um grupo tendem a abrir mão de sua autonomia e senso crítico, sendo influenciados pela psique coletiva, pelos modos de pensar e agir do grupo. Acredito que isso possa explicar um pouco o que acontece durante as nossas campanhas eleitorais. O clima de “nós contra eles” mexe com algumas emoçõe, como o instinto de defesa e ataque, tornando possível que pessoas, que normalmente têm um comportamento pacífico, se envolvam em discussões acaloradas e até em conflitos físicos.

Gustave Le Bon, em seu livro "Psicologia das Massas", nos diz que, influenciado pelos ideais de um grupo, o indivíduo passa a agir impulsivamente, cometendo atos que não cometeria individualmente. Segundo Le Bon, a massa é movida por emoções e não pela razão, de maneira que se torna facilmente manipulável por líderes carismáticos, de maneira que, em períodos de campanha eleitoral, isso se intensifica, de maneira a criar um ambiente onde o emocional predomina e muitos dos eleitores deixam de lado as reflexões racionais em favor de posicionamentos carregados de emoção.

O comportamento conflituoso observado entre partidários de diferentes campos políticos, tanto nas ruas como nas redes sociais, foi chamado por Freud de "identificação" com o grupo, e suas consequências são facilmente percebidas em tempos de campanha eleitoral. Essa identificação cria uma conexão emocional de tal forma que os indivíduos passam a ver ataques aos seus candidatos ou partidos como ataques pessoais. O grupo político torna-se uma extensão do ego individual, e qualquer crítica externa é sentida como uma ameaça à própria identidade. É como se, ao fazer parte de um grupo político, o eleitor abandonasse sua capacidade crítica individual para adotar uma visão coletiva. Sob essa ótica, o conflito nas campanhas eleitorais, tão comum em várias cidades, pode ser entendido como uma consequência direta da psicologia de grupo.

Le Bon também aponta que a massa é facilmente manipulada por líderes que entendem seu funcionamento emocional. Um líder carismático, ou uma mensagem política, tem o poder de transformar um grupo pacífico em uma força caótica, dependendo da forma como o discurso é usado. No contexto eleitoral, slogans e promessas exageradas são estrategicamente utilizados para mexer com a emoção dos seguidores, podendo, muitas vezes, polarizar ainda mais as campanhas, criando um terreno fértil para os conflitos.

Assim sendo, infelizmente , os confrontos e conflitos que surgem durante o período eleitoral em nossas cidades não são fenômenos isolados ou incomuns. Ao contrário, tais ações estão completamente de acordo com a compreensão de Freud e Le Bon sobre o comportamento das massas e o impacto da psicologia de grupo. Dessa forma, o período eleitoral, que deveria ser um momento de exercício democrático, se transforma em um palco de confrontos e disputas emocionais onde as paixões políticas se sobrepõem à razão individual.

Essa compreensão sobre a psicologia de grupo ajuda a explicar por que os ânimos se acirram tanto durante campanhas eleitorais. Além do mais, a polarização política intensifica ainda mais esse fenômeno, fazendo com que discussões eleitorais, que poderiam ser produtivas, se transformem em brigas e conflitos. O que, infelizmente, tem sido a realidade de muitas cidades em nosso país.


*Wanderson R. Monteiro
Autor do livro “Cosmovisão Em Crise: A Importância do Conhecimento Teológico e Filosófico Para o Líder Cristão na Pós-Modernidade”.
Dr. Honoris Causa em Literatura e Dr. Honoris Causa em Jornalismo.
Bacharel em Teologia, graduando em Pedagogia. Acadêmico Correspondente da FEBACLA.
Acadêmico Fundador da AHBLA. Acadêmico Imortal da AINTE.
Vencedor de quatro prêmios literários. Coautor de 15 livros e quatro revistas.
(São Sebastião do Anta - MG)

 

• • • • •

 

A veracidade dos dados, opiniões e conteúdo deste artigo é de integral responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Capital News

 

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS