Acredito que todas as pessoas — pelo menos todas aquelas que estão, de alguma forma, insatisfeitas com a atualidade e com o futuro quase certo de nossa nação — estão buscando meios e caminhos para conseguir ter uma vida e um futuro melhores, tanto para si mesmas quanto para os seus próximos.
Dessa forma, enquanto vivem seus dias, tais pessoas pensam constantemente em formas de mudar suas vidas. Mas, além do âmbito particular, também podemos perceber que os governos, em tese, igualmente buscam formas de melhorar a vida das pessoas mais necessitadas de nossa nação — ou, ao menos, deveriam estar buscando isso —, de modo que, independentemente de qual partido ou candidato esteja no poder, a expectativa é que sempre se procurem novas soluções e se elaborem novos projetos na tentativa de transformar o cenário nacional e contribuir para a melhoria da vida dos cidadãos.
Sempre ouvimos falar da preocupação em tentar melhorar tanto o presente quanto o futuro de nosso país. Em muitos dos projetos que são elaborados, fica evidente também a atenção voltada para os jovens e adolescentes de nossa nação que, sem perspectivas claras, são facilmente seduzidos pelos caminhos tortuosos oferecidos por uma sociedade marcada pela desigualdade. Muitos desses jovens, sem uma boa perspectiva de vida, acabam empregando seu tempo, sua energia e até mesmo sua esperança na realidade obscura do crime organizado.
Muitas vezes, oriundos de lugares pobres e afastados — pequenas cidades e áreas rurais —, esses adolescentes e jovens padecem das consequências da evasão escolar, do trabalho infantil ou da já citada e trágica inserção na criminalidade. Falta-lhes amparo, estrutura e, sobretudo, esperança.
Para tentar alcançar tais jovens e adolescentes, muito tempo e recursos são gastos por governos e prefeituras na elaboração de projetos com foco nas áreas da educação, do esporte, da cultura e do lazer. Tais projetos, ainda que encontrem obstáculos e nem sempre alcancem todos os resultados esperados, têm como objetivo principal transformar a realidade das pessoas tocadas por eles, mostrando-lhes que existem novos caminhos a serem seguidos, diferentes dos que lhes são impostos por um ambiente hostil e excludente. Caminhos esses que podem, de fato, mudar vidas.
Entre os meios que podem ser utilizados para mostrar a tais pessoas que existem novos horizontes, a literatura se mostra como uma ferramenta extremamente útil. Por meio dela, somos apresentados a novas formas de ver a vida e o mundo, a diferentes cosmovisões. Ganhamos, também, acesso a outras formas de lidar com os problemas e crises do cotidiano, ao entrarmos em contato com pensamentos, experiências e culturas que ampliam nossa compreensão de mundo.
Além de nos entreter, a literatura ensina, instrui e nos traz conhecimentos que, muitas vezes, não estão presentes em nossa realidade imediata. Ela nos permite imaginar novas possibilidades de existência e nos inspira a buscar transformações reais em nossas vidas.
Dessa forma, é necessário que os projetos sociais passem a valorizar ainda mais o contato com os livros, estimulando os jovens a se expressarem, a refletirem e a sonharem. Não se trata apenas de distribuir exemplares ou promover leituras obrigatórias, mas de cultivar, nos jovens, o gosto pela literatura, o gosto pela descoberta, o prazer pela linguagem e a esperança por meio da palavra escrita e da cultura.
Diferente de como muitos pensam, a mudança de uma sociedade não ocorre apenas por meio de grandes reformas políticas ou econômicas; ela nasce também do interior das pessoas. E esse despertar interior pode muito bem ter início quando uma criança ou um adolescente, em um canto qualquer de sua cidade, abre um livro e descobre que o mundo pode ser maior — e melhor — do que aquele que lhe foi apresentado até então.
Devemos entender, também, que os “novos caminhos” de que tanto se fala não são apenas caminhos físicos ou institucionais: eles são, também, caminhos simbólicos e espirituais. São caminhos de ressignificação, de reencontro com a dignidade e de reconstrução do imaginário. Quando uma nova visão de futuro é plantada no coração de um jovem, ou de uma criança, ali nasce uma possibilidade concreta de mudança — não apenas para ele, mas para todos ao seu redor.
*Wanderson R. Monteiro
Autor dos livros “Cosmovisão em Crise: A Importância do Conhecimento Teológico e Filosófico Para o Líder Cristão na Pós-Modernidade”, “Crônicas de Uma Sociedade em Crise”, “Atormentai os Meus Filhos”, e da série “Meditações de Um Lavrador”, composta por 7 livros.
Dr. Honoris Causa em Literatura e Dr. Honoris Causa em Jornalismo.
Bacharel em Teologia, graduando em Pedagogia.
Acadêmico correspondente da FEBACLA. Acadêmico fundador da AHBLA. Acadêmico imortal da AINTE.
Autor de 10 livros.
Vencedor de 4 prêmios literários. Coautor de 15 livros e 4 revistas.
(São Sebastião do Anta – MG)
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