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Conflitos

Conflito armado continua entre indígenas e fazendeiros em Mato Grosso do Sul

Tensões entre indígenas e fazendeiros aumentam, com confrontos violentos e reivindicações de terras ainda não demarcadas

Fernanda Oliveira
Capital News

A disputa por terras em Mato Grosso do Sul entre indígenas e fazendeiros continua a intensificar-se, evidenciando um cenário de tensão e conflito. Áreas como Panambi – Lagoa Rica e Guapoy Mirim estão no centro dos enfrentamentos, com a presença de grupos armados e a atuação da Força Nacional de Segurança para tentar manter a ordem. No caso de Panambi – Lagoa Rica, a retomada da terra pelos Guarani gerou confrontos violentos e ataques, resultando em feridos e mortes, como o do indígena Vito Fernandes. A terra, demarcada em 2011, ainda não foi formalmente reconhecida, levando os indígenas a se mobilizarem para forçar a conclusão do processo.

Em Guapoy Mirim, a situação é igualmente crítica. A terra indígena, embora demarcada desde 1915, é considerada pelos Guarani como insuficiente para suas necessidades. O conflito escalou em junho de 2022, culminando em um massacre e ataques subsequentes. A luta por território continua, exacerbada pela falta de apoio governamental e serviços essenciais para os indígenas, como escolas e postos de saúde. Apesar das dificuldades, os Guarani permanecem firmes em suas reivindicações, insistindo na necessidade de uma demarcação oficial para garantir sua segurança e direitos.

Dourados, no norte do estado, também enfrenta desafios com a expansão urbana e o avanço de empreendimentos imobiliários nas proximidades das terras indígenas. A luta dos Guarani contra a especulação e a falta de apoio institucional é constante, com frequentes confrontos e a escassez de recursos para atender às necessidades básicas da comunidade. A professora Marcia Mizusaki destaca que a expansão urbana e a especulação imobiliária exacerbam a situação, enquanto os moradores das retomadas enfrentam dificuldades semelhantes às observadas em outras áreas de conflito.

Do ponto de vista dos fazendeiros, a ocupação indígena é vista como uma invasão ilegal, com argumentações sobre a necessidade de indenização para regularizar a situação. Marcelo Bertoni, presidente da Famasul, defende que a solução envolve compensação financeira significativa para os produtores rurais, estimada em bilhões de reais. Bertoni também minimiza a violência, atribuindo a responsabilidade em parte aos próprios indígenas, e justifica a defesa armada dos proprietários de terra como uma resposta legítima às invasões.

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