Uma pessoa morreu nesta quarta-feira (18) em confronto registrado em território indígina Nhanderu Marangatu, no município de Antônio João. O jovem Neri Guarani Kaiowá, 23 anos, foi morto a tiros durante ataque à retomada dos indígenas na Fazenda Barra. Uma mulher também teria sido atingida na perna por disparos de arma de fogo e os barracos da retomada foram destruídos. A Força Nacional não estava em área.
Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o tiro que atingiu a vítima teria partido de policiais militares. Conforme os indígenas, atiradores “mercenários” estavam junto à PM durante o ataque realizado contra a comunidade.
Segundo a entidade, a violência contra os Guarani e Kaiowá começou na madrugada e seguiu pela manhã. A ação dos policiais gerou revolta entre os indígenas, que passaram a avançar para o local em que o corpo foi levado do indígena morto foi levado. Novos confrontos se estabeleceram, mas os policiais seguiram com a decisão de afastar o corpo dos Guarani e Kaiowá.
Renato Santana/Cimi
Marli Gomes Guarani e Kaiowá foi atingida por tiro de bala de borracha no último dia 12 de setembro durante ataque da PM à Terra Indígena Nhanderu Marangatu
Investigação
Segundo o governador Eduardo Riedel, o caso será investigado e uma equipe de perícia foi enviada ao local. Ele e o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, concederam entrevista coletiva para comentar o acontecido na região de fronteira com o Paraguai.
“Lamentamos profundamente o episódio; tudo que a gente não queria era que isso acontecesse. Ontem (17), conversei bastante com a procuradora da FUNAI aqui. Claro que gostaríamos de evitar confrontos, mas, infelizmente, fugiu ao controle, e agora queremos gerenciar a crise para que não haja mais nenhuma morte”, disse o secretário.
Riedel disse que Mato Grosso do Sul tem buscado avançar em políticas públicas nas comunidades indígenas para o seu desenvolvimento. “É um tema complexo que estamos vendo aqui, que foge completamente a essa discussão. Essa discussão acaba estando dentro de um contexto muito sério no Brasil, que é uma relação não só internacional, mas de disputa de facções criminosas no Paraguai. A decisão é que o Estado garanta a segurança dessa família. Vamos cumprir a decisão judicial e garantir o acesso das pessoas a essa propriedade; esses ataques estão acontecendo, e a última coisa que queremos é qualquer tipo de confronto, principalmente que resulte em óbito ou feridos, como temos visto”, disse.