Para garantir o fornecimento de água à população indígena das aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul tem adotado uma série de medidas emergenciais e estruturantes. A reserva, a maior em contexto urbano do país, abriga mais de 20 mil pessoas das etnias Guarani, Kaiowá e Terena.
A principal ação é o abastecimento por caminhões-pipa, que enchem os reservatórios centrais das aldeias e atendem diretamente as residências com fornecimento interrompido. A operação é coordenada pela Defesa Civil, com apoio dos agentes indígenas de saneamento. A Sanesul é responsável pela captação e entrega da água tratada — cerca de 32 mil litros por dia, com quatro caminhões em operação.
Além da resposta emergencial, o Governo do Estado perfurou dois novos poços — um em cada aldeia — e instalou reservatórios com capacidade para garantir o fornecimento até que a obra definitiva seja concluída. O investimento nesta etapa foi de R$ 490 mil. O Governo Federal, por sua vez, comprometeu-se com R$ 4 milhões para novas perfurações e ampliação do sistema de abastecimento.
“A questão da água já vem sendo discutida desde 2023. Mesmo não sendo de competência direta do Estado, nos propusemos a estudar e apresentar soluções”, afirmou a secretária de Cidadania, Viviane Luiza. “Essa união de esforços está escrevendo uma nova história para essas famílias, com dignidade e direitos garantidos.”
A rede original de distribuição da Jaguapiru, implantada em 1997, não acompanhou o crescimento da população. “O sistema está ultrapassado e não consegue mais suprir a demanda. Algumas casas nem têm ligação”, explica o agente de saneamento Edemir Machado, que atua há 17 anos na comunidade.
Para garantir a transparência do processo, lideranças indígenas organizam comissões de monitoramento. “Nossa função é acompanhar os prazos e fiscalizar a execução do que foi prometido”, disse Atanaze Correia, da aldeia Jaguapiru.
Na Bororó, o agente Rosenildo Morales relata que a distribuição ocorre três vezes por semana, com média de 28 casas atendidas por dia, inclusive quando os moradores não estão presentes.
A atuação conjunta entre governo estadual, federal e lideranças locais mostra resultados. “A água está chegando, é de grande ajuda pra gente”, confirmou Idemir Cavalheiro, morador da reserva. “Toda semana recebemos e não está faltando nada.”
O esforço coletivo, segundo o Governo do Estado, continua até que a solução definitiva para o abastecimento de água na Reserva Indígena de Dourados esteja completamente implementada.