A Secretaria de Estado de Mato Grosso do Sul (SES) inicia neste sábado (28) a retirada das doses da vacina oral poliomielite bivalente (VOPb), conhecida como "gotinha". A substituição faz parte do plano do Ministério da Saúde para trocar o imunizante pela vacina inativada poliomielite (VIP), que é injetável, visando maior segurança no esquema vacinal. A coordenadora de Imunização da SES, Ana Paula Goldfinger, explicou que a mudança foi baseada em evidências científicas e recomendações internacionais.
Países como os Estados Unidos e nações da Europa já utilizam exclusivamente a VIP, que contém o vírus atenuado, reduzindo os riscos de eventos adversos em comparação com a VOPb, que usava o vírus vivo. A troca foi discutida e aprovada pelo Ministério da Saúde em conjunto com sociedades científicas, o Conass, o Conasems, e com apoio da Opas e da OMS. Goldfinger destacou que Mato Grosso do Sul reuniu todos os municípios para organizar a logística reversa e garantir o descarte seguro das doses.
A partir de segunda-feira (30), a vacinação contra a poliomielite em Mato Grosso do Sul será feita apenas com a VIP. A nível nacional, o Ministério da Saúde definiu que a aplicação exclusiva da VIP começa em 4 de novembro.
Entendendo a mudança
Atualmente, o esquema vacinal contempla a administração de três doses da VIP aos 2, 4 e 6 meses e duas doses de reforço da VOPb, a gotinha, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
Com a mudança, será necessária apenas uma dose de reforço com VIP, aos 15 meses de idade, de modo que o esquema vacinal com o referido imunobiológico será:
2 meses – 1ª dose
4 meses – 2ª dose
6 meses – 3ª dose
15 meses – dose de reforço
Coberturas vacinais
A nova estratégia para uso da VIP é mais um passo na erradicação da poliomielite no Brasil. O país está há 34 anos sem a doença e contabiliza 47 anos de sucesso de uso da VOP nas estratégias de vacinação no combate contra a poliomielite desde que foi introduzida de forma oficial em 1977.
O Brasil tem se destacado positivamente no avanço das coberturas vacinais, mesmo após enfrentar declínios desde o ano de 2016. E a vacinação contra a poliomielite no País é uma das causas do resultado positivo. Em 2023, a cobertura vacinal para poliomielite alcançou 86,55%, ante os 77,20% em 2022.
Em Mato Grosso do Sul, a cobertura vacinal com a VIP alcançou 90,97% do público-alvo e a VOP 82,96%. Já em 2024, até o momento, a VIP tem cobertura de 87,75 e a VOP de 88,19%, segundo dados do Portal Demas (Departamento de Monitoramento, Avaliação e Disseminação de Informações Estratégicas em Saúde).
E o Zé Gotinha, continua?
Criado nos anos 1980, o Zé Gotinha é uma marca da luta contra a poliomielite. Mas o personagem entrou em campo também para alertar sobre a prevenção de outras doenças imunopreveníveis, como o sarampo. Portanto, ele continua trabalhando em prol da imunização.
O Zé Gotinha se tornou um símbolo universal na missão de salvar vidas e um aliado importante no processo de educação e combate às notícias falsas. Não por acaso, a mascote da imunização venceu, no início de 2024, o prêmio oferecido às melhores figuras do universo digital na categoria Brand Persona, do iBest.
O personagem já atuou diversas vezes para mobilizar e incentivar a vacinação. Isso surtiu resultados positivos: em 2023 foi registrado crescimento da cobertura vacinal de 13 dos 16 principais imunizantes do calendário infantil em relação a 2022 – avanços que fizeram com que o Brasil saísse do ranking dos 20 países com mais crianças não vacinadas no mundo.