A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), desistiu do reajuste que elevaria seu salário para R$ 35.462,27, valor 67% superior ao atual. O projeto seria votado nesta terça-feira (15), na Câmara Municipal, mas foi retirado da pauta após a própria chefe do Executivo propor mudanças. O acordo, que envolvia também o Ministério Público e o Tribunal de Justiça, previa efeito cascata para outras categorias do funcionalismo público.
Segundo o presidente da Câmara, vereador Papy (PP), a prefeita sugeriu que o reajuste fosse escalonado ao longo de três anos, proposta que ainda depende de negociação com os sindicatos. "Não posso votar algo que não foi combinado", afirmou o parlamentar, reforçando que a mudança altera a essência do projeto. Com a suspensão, o reajuste volta à estaca zero e será discutido novamente entre Executivo e representantes dos servidores.
O aumento havia sido acordado após duas tentativas anteriores fracassadas, ambas consideradas inconstitucionais por ausência de estudo de impacto financeiro. Na ocasião, os aumentos propostos ultrapassavam os R$ 40 mil mensais, o que provocaria elevação no teto do funcionalismo e custo mensal de até R$ 8 milhões. O próprio Tribunal de Justiça de MS havia suspendido os reajustes aprovados em 2023 por esse motivo.
Atualmente, o teto salarial municipal é de R$ 21,2 mil, o que impacta diretamente a remuneração de vereadores e demais servidores. Por conta disso, parlamentares estão recebendo cerca de R$ 4,8 mil a menos que o previsto legalmente. Com o recuo da prefeita, o debate sobre a equiparação salarial e os limites remuneratórios no serviço público municipal seguirá indefinido, à espera de novo consenso entre as partes envolvidas.