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Política Quarta-feira, 19 de Março de 2008, 17:50 - A | A

Quarta-feira, 19 de Março de 2008, 17h:50 - A | A

Lula busca solução para impasse de brasileiros na Espanha

Agência Brasil

O endurecimento das regras para a entrada de brasileiros na Espanha não foi tratado, pelo menos oficialmente, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso. Após reunião de cerca de uma hora e meia e almoço, hoje (19), no Itamaraty, Lula disse à imprensa que o assunto está sendo tratado diretamente com os espanhóis.

“O presidente Durão Barroso nos ajudou muito quando tivemos problemas com Portugal, e agora temos que tratar diretamente com a Espanha, porque é onde o problema está mais grave, e o ministro [das Relações Exteriores] Celso Amorim está cuidando disso”, afirmou o presidente, demonstrando otimismo quanto a uma rápida solução para o problema. O assunto deve ser tratado pelos dois governos, após a Páscoa, em Madri, num encontro proposto pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, Miguel Angel Moratinos, ao chanceler Celso Amorim.

Nem Lula nem Durão Barroso mencionaram o embargo europeu à carne brasileira. O assunto também não consta da declaração conjunta divulgada ao final do encontro – no documento, os dois mandatários apenas saudaram a instalação do Mecanismo de Consultas sobre Questões Sanitárias e Fitossanitárias, que em breve iniciará suas atividades de consulta e coordenação entre o Brasil e a Comissão Européia.

Além de tratar do plano de ação para a parceria estratégica firmada pelas duas regiões em julho do ano passado – e que terá ênfase nas áreas de energia; desenvolvimento sustentável e mudança do clima; e cooperação em ciência e tecnologia – Lula e Durão Barroso falaram sobre temas globais, como a atual rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio. Apesar dos impasses e da diferença de interesses, os dois presidentes demonstraram otimismo quanto ao sucesso da Rodada.

“Acho que ele está otimista e eu estou otimista, acho que há boa vontade dos Estados Unidos nesse momento, há boa vontade da União Européia, há boa vontade do G -20 [grupo de países em desenvolvimento] e, portanto, acho que não se espantem se logo, logo, tivermos um acordo na Rodada Doha, o que será muito bom para todo mundo”, disse Lula ao final do encontro.

Em rápida declaração informal à imprensa, Durão Barroso frisou a importância da rodada e citou a necessidade de atuação conjunta de Brasil e União Européia não apenas neste tema, mas em outras questões de interesse global. “Hoje, nenhum país do mundo, nem os melhores, consegue sozinho dar resposta aos problemas globais. Se nos juntarmos, e o Brasil e a União Européia partilham os mesmo valores da liberdade, da solidariedade, da paz e da justiça, podemos fazer grandes coisas juntos”, disse ele. “O Brasil, que durante muitos anos foi apresentado como uma grande esperança, hoje é uma grande certeza”, afirmou.

Como exemplo de tema global para atuação conjunta, citou negociações por um regime pós Protocolo de Quioto, com novas metas de redução de emissões de gases causadores de efeito estufa. Nesse contexto, ganha especial relevância o estabelecimento de um mercado global para os biocombustíveis. “Com o papel de liderança do Brasil na questão dos biocombustíveis, estamos trabalhando juntos para garantir que os biocombustíveis serão sustentáveis, serão bons para o ambiente, serão bons para reduzir os gases com efeito estufa e, portanto, para garantir a qualidade de vida do nosso planeta”, destacou Durão Barroso.

A retomada das negociações de um Tratado de Livre Comércio entre Mercosul e União Européia, outro tema que interessa aos dois presidentes, também foi tratada na reunião de hoje. “A discussão que estamos fazendo sobre a questão da parceria União Européia e Mercosul é uma coisa para nós extremamente importante, e temos trabalhado nesse sentido”, disse Lula.

Na declaração conjunta, os dois mandatários reafirmam que os acordos regionais são importantes complementos do sistema multilateral de comércio, reiteram o interesse mútuo na conclusão do acordo de associação entre Mercosul e União Européia e destacam a “conveniência mútua” de retomar plenamente as negociações o mais cedo possível.

O documento também menciona possibilidades de cooperação triangular, com terceiros países que manifestem interesse e salienta a necessidade de reforma das Nações Unidas. Os dois presidentes também reiteraram o interesse em dinamizar a cooperação no campo da navegação e observação por satélite e no de pesquisa em energia de fusão nuclear e mencionam a possibilidade de cooperação entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Europeu de Investimento (BEI), em especial na área da mitigação dos efeitos da mudança do clima e no financiamento do projeto brasileiro de trem de alta velocidade.

Enquanto Lula e Durão Barroso estavam reunidos, quatro ativistas da organização Greenpeace protestaram contra o desmatamento da Amazônia em frente ao Palácio do Itamaraty. Eles seguravam duas faixas com os dizeres em inglês e português: “Chega de madeira ilegal e desmatamento na Amazônia.”

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