Com a ameaça da desativação do ramal ferroviário que liga Bauru, no interior de São Paulo, a Corumbá, em função do corte de investimentos feito pela Rumo/ ALL, concessionária que administra a ferrovia, o senador Delcídio do Amaral (PT), disse ir “à guerra” para revitalizar e manter em funcionamento o trecho.
“Isso é uma vergonha. Eu fui um dos poucos que entrou com uma ação, juntamente com o prefeito de Corumbá, Paulo Duarte, contra a ALL, porque a empresa não cumpriu o Termo de Ajustamento de Conduta firmado para recuperar o trecho Corumbá-Três Lagoas. Mas, lamentavelmente, a Agência Nacional de Transportes Terrestres nada fez até agora. A ANTT tem a obrigação de tomar as providências devidas porque foi assinado esse termo e a concessionária não cumpriu. As operações da ALL foram compradas pela Rumo Logística, que na verdade é uma empresa do Grupo Cosan, produtor de açúcar e álcool em várias unidades industriais no nosso estado. Portanto, agora a briga é com a Rumo/ALL, e nós não vamos dar moleza não. Vamos brigar não só com a ANTT, mas também com a diretoria da Cosan, que está aqui em Brasília, e com quem eu vou conversar nos próximos dias. Faremos uma guerra contra esse pessoal porque , ou eles colocam a ferrovia nos eixos, ou então vamos pedir que seja cassada a concessão, para que façamos uma nova licitação e outro grupo assuma as operações”, garantiu Delcídio nesta quarta-feira (3), durante entrevista concedida por telefone à Rádio Difusora Pantanal, de Campo Grande.
De acordo com informações da assessoria do senador, nos últimos meses, 100 funcionários da Rumo/ALL foram demitidos. Com a suspensão das operações, fica prejudicado o escoamento da produção estadual e as exportações. Além de prejudicar também o abastecimento de combustíveis e sobrecarregar ainda mais o transporte rodoviário.
A antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil entra em Mato Grosso do Sul por Três Lagoas e atravessa todo o estado, passando por Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Campo Grande, Aquidauana e Miranda, até chegar a fronteira com a Bolívia.
O líder do governo destacou as vantagens oferecidas pelo ramal Bauru/Corumbá.
“De todas as ferrovias previstas para Mato Grosso do Sul o caso mais fácil de implementar é a antiga Noroeste, porque a via já existe, não tem problema de licenciamento ambiental e nem precisa adquirir áreas, ou seja, é uma ferrovia em operação, mas que, lamentavelmente, está degradada. O fato de você não usar adequadamente a ferrovia prejudica o desenvolvimento do nosso estado”, ressaltou.
Investimentos
Delcídio destacou que a Noroeste é um transporte fundamental para investimentos em Mato Grosso do Sul. Essa ferrovia atende as indústrias de papel de Três Lagoas e também a mineração de Corumbá, prejudicada pelas dificuldades de navegação no Rio Paraguai, sem falar na Vale , que não consegue aumentar sua produção por falta de opções de transporte.
“Temos que mudar essa lógica, utilizando adequadamente o transporte que já existe, está pronto e é só revitalizar. É uma riqueza que nós temos. Sem falar que a história dessa ferrovia se mistura com a história do nosso estado. Ela teve entre seus administradores um engenheiro como eu, Pedro Pedrossian, um governador com uma visão extraordinária do futuro, alguém que é, e sempre foi absolutamente diferenciado quando a gente compara com outros governantes”, finalizou.