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Reportagem Especial Sábado, 02 de Novembro de 2024, 10:09 - A | A

Sábado, 02 de Novembro de 2024, 10h:09 - A | A

Saudade imensa

Dia de Finados: Tradição e saudade florescem entre os jazigos de Campo Grande

Entenda quando surgiram os costumes de visitar os túmulos, levar flores e velas para os entes queridos

Viviane Freitas
Capital News

O Dia de Finados, celebrado em 2 de novembro, é uma data de profunda importância para muitos brasileiros, que se reúnem em cemitérios para homenagear os falecidos. A origem dessa tradição remonta ao século V, quando a Igreja Católica começou a dedicar um dia para rezar pelos mortos. Contudo, foi somente no século XIII que a data passou a ser oficialmente chamada de Dia de Finados, ou Dia de Todos os Santos, como é conhecida no Brasil.

As manifestações de luto e lembrança variam amplamente ao redor do mundo. No México, a "Festa dos Mortos" é uma celebração vibrante, repleta de cores e tradições que honram os falecidos. No Japão, a prática de oferecer alimentos aos espíritos dos antepassados reflete um profundo respeito pelas gerações passadas. Em contraste, no Brasil, a tradição se concentra em visitas aos túmulos, onde as pessoas levam velas, flores e orações, criando um momento de conexão com aqueles que partiram.

Arquivo Pessoal

Dia de Finados: Tradição e saudade florescem entre os jazigos em Campo Grande

Entenda quando surgiram os costumes de visitar os túmulos, levar flores e velas para os entes queridos

O Pe. Cleber Brugnago Rosa, Coordenador Arquidiocesano de Pastoral, observa que, no Brasil, o Dia de Finados é frequentemente marcado por tristeza e reflexão. “Aqui, o costume é visitar os túmulos, orar e vivenciar o luto. No entanto, em cidades como Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, é comum ver pessoas celebrando com festividades”, explica. Para Simone Merline, de 45 anos, essa tradição é uma herança familiar. "Desde pequena, sigo a tradição de visitar os túmulos dos meus familiares. Meu pai vai todos os anos, minha mãe também ia, e o meu marido não tinha esse hábito, mas agora ele pegou de mim. Sempre levamos um vasinho de flores", conta.

Simone também reflete sobre a saudade que sente pela perda da mãe: "É uma saudade imensa, uma saudade infinita. Quando a gente perde a mãe, a sensação é que ficamos órfãos. Estar ali, visitando o túmulo no Dia de Finados, parece que nos sentimos mais próximos. Pode parecer bobeira, mas se a gente não vai, parece que deixamos de comemorar uma data importante. Quando estamos lá, sentimos a presença dela de alguma forma. É difícil explicar, mas essa sensação é muito forte". Para muitos, o Dia de Finados é um momento não apenas de saudade, mas de celebrar a vida e a memória dos entes queridos que permanecem vivos em suas lembranças.

Processo do luto

O luto, segundo o professor Ramon da Fonseca, especialista em psicologia clínica, é uma resposta emocional complexa à perda. "Compreendê-lo é fundamental para uma elaboração saudável do processo. Ele não se resume apenas à tristeza, mas envolve sentimentos diversos, como culpa, raiva, saudade e, por vezes, até alívio. Aceitar cada um é essencial para superar essa fase e encontrar novos significados", explica.

De acordo com o professor, o Dia de Finados oferece uma oportunidade para realizar rituais que ajudam na conexão com a memória de entes queridos. "Visitar cemitérios ou fazer orações funcionam como âncoras que permitem expressar o amor e a saudade. Esses atos podem ser muito benéficos para quem está em luto, pois auxiliam na validação de seus sentimentos e na construção de uma nova relação com a perda", finaliza.

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