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2023 Segunda-feira, 01 de Janeiro de 2024, 15:31 - A | A

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Retrospectiva 2023 - Quente

2023! O ano do calorão e das queimadas no Pantanal!

Temperaturas de 45º C e sensação térmica de 50º C são efeitos do El Niño

Vivianne Nunes
Especial para o Capital News

Retrospectiva 2023

Joédson Alves/Agência Brasil

Incêndio no Pantanal tem cenário de animais em fuga e muita ventania

Poconé (MT) 17/11/2023 – Brigadistas do ICMBIO durante combate ao incêndio florestal que atinge o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense

O ano que finda nos deixa alguns destaques em diversas áreas, mas a editoria Cotidiano jornal Capital News tem especial destaque para um calor que chegou aos 45º C com sensação térmica de 50º C em Mato Grosso do Sul. Concomitante a isso, queimadas que atingiram a região de Bonito e o Pantanal, principal bioma sul-mato-grossense, além dos incêndios na favela do Mandela, em Campo Grande e na indústria de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo foram destaques.

As altas temperaturas que bateram recordes em Mato Grosso do Sul neste ano de 2023 também foram responsável pela emissão de alertas por parte de autoridades em saúde e favoreceram a incidência de 3.6 mil notificações de incidentes envolvendo picadas de escorpiões, que têm no calor o principal momento de reprodução e proliferação.

Chico Ribeiro/Governo do Estado

clima

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O primeiro alerta

Reportagem de Elaine Oliveira publicada em outubro já apresentava os primeiros indícios de que as temperaturas poderiam chegar aos 41º C em Mato Grosso do Sul no ano de 2023. Além disso, com as altas temperaturas previstas para as regiões sudeste e pantaneira, os baixos valores de umidade relativa do ar viriam entre 15% e 30%.

Focos de Incêndio

No entanto, as possibilidades de incêndios no Pantanal, já vinham sendo monitoradas desde o mês anterior conforme reportagem publicada no dia 27 de setembro com o seguinte título: Com calor intenso, focos de incêndios no Pantanal estão sendo monitorados.

Na ocasião, a reportagem dava conta de que o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul atuava no controle e extinção de três incêndios florestais no Pantanal. No foco de maior proporção, na região pantaneira do Rio Negro onde a área queimada já era de aproximadamente 400 hectares, trabalho realizado há três dias.

Por meio das redes sociais, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) disse que está "monitorando a situação das queimadas em nosso estado. Todas as forças estão mobilizadas e trabalhando incansavelmente para controlar a situação nas áreas atingidas."

Com drones, além do monitoramento via satélite com uso de plataformas da Nasa – agência do governo dos Estados Unidos –, Polícia Federal, Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), além de tecnologia de navegação, dados e inteligência artificial, o trabalho é realizado de forma específica, garantindo a segurança das equipes e da população, além de mitigar os dados causados pelos incêndios florestais.

CPA/CBMMS

Com calor intenso focos de incêndios no Pantanal estão sendo monitorados

Assim é possível fazer o acompanhamento em caso de aparecimento e evolução dos focos de calor

Proteção Ambiental

O CPA (Centro de Proteção Ambiental) do Corpo de Bombeiros funciona em Campo Grande e é o responsável por monitorar os focos e direcionar as guarnições para os pontos mais sensíveis em que há necessidade de atuação dos bombeiros. O monitoramento é feito pelo Sistema de Comando do Incidente em Campo Grande, com imagens de satélite que são analisadas 24h por dia. Assim é possível fazer o acompanhamento em caso de aparecimento e evolução dos focos de calor.

Com o Estado praticamente “fritando” em altas temperaturas, o governo do Estado se manteve em alerta para a incidência de incêndios florestais.

MS em alerta para incidência de incêndios florestais

O secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), acompanhou esforços para controlar e combater incêndios florestais que assolaram diiversas regiões do Estado. Ao seu lado, o diretor-presidente do Imasul, André Borges, o assessor bombeiro militar da Semadesc, tenente coronel Leonardo Rodrigues Congro, acompanharam desdobramentos das operações de combate ao fogo, que devastaram uma vasta área de banhado em Bonito e colocava em risco os municípios de Porto Murtinho e Coxim.

“O governo estadual está trabalhando na implementação de medidas de prevenção de incêndios a longo prazo, incluindo a criação de áreas de escape, treinamento de equipes de combate a incêndios e aquisição de equipamentos especializados", destacou na época Verruck.

Os incêndios florestais já eram uma preocupação crescente em todo o Brasil, especialmente durante os meses mais quentes do ano, pois devido às altas temperaturas e a falta de chuvas, têm criado condições propícias para o rápido alastramento do fogo, colocando em risco não apenas a biodiversidade local, mas também a segurança de comunidades inteiras.

Centro de Proteção Ambiental/CBM-MS

Incêndio na área banhada pelo Rio Formoso é controlado pelos Bombeiros

Bombeiros controlam incêndio em Bonito

Bonito

Em Bonito, uma equipe de bombeiros, brigadistas e voluntários trabalhou incansavelmente para conter o incêndio que se espalhou por uma vasta área de banhado. Graças aos esforços conjuntos, o fogo foi controlado e não houveram vítimas humanas. No entanto, a devastação ambiental foi significativa e a recuperação das áreas afetadas foi considerada um desafio de longo prazo.

Equipes de combate a incêndios concentraram seus esforços em Porto Murtinho e Coxim, onde focos de incêndio ameaçam comunidades locais e ecossistemas importantes. A rapidez e eficácia das operações de combate ao fogo foram cruciais para minimizar os danos.

O monitoramento em Bonito continuou no mês de outubro e segundo reportagem de Layane Costa, equipes conseguiram extinguir as chamas após cinco dias de combate ao incêndio florestal com muita dificuldade por conta das condições atmosféricas registradas ao meio-dia, segundo explicações da tenente-coronel do CPA, Tatiane Inoue.

Os militares conseguiram fazer o combate direto, com apoio das aeronaves 'air tractor', usadas nas regiões de difícil acesso. Os aviões têm capacidade para transportar até três mil litros de água, cada um.

Pantanal em Chamas

Além da área no município de Bonito, militares atuaram na Operação Pantanal 2023, divididos em mais três equipes especialistas em combate a incêndios.

A guarnição direcionada à região de Coxim esteve em combate a um incêndio florestal na região do Pantanal do Paiaguás.

As duas guarnições responsáveis pela área de Corumbá estiveram na região do Pantanal do Rio Negro por dois dias combatendo um incêndio em local de difícil acesso devido às lagoas.

O Centro de Proteção Ambiental em Campo Grande é o responsável por monitorar os focos e direcionar as guarnições para os pontos mais sensíveis em que há necessidade de atuação dos militares do Corpo de Bombeiros.

Também foram encontrados focos ativos na terra indígena Kadiwéu, de responsabilidade do Prevfogo do Ibama.

Nabileque, Salobra e Paiaguás

Em uma ação incansável, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul estáesteve à frente do combate a três incêndios florestais que assolaram o Pantanal. As áreas afetadas incluem Nabileque, Salobra e Paiaguás, com equipes trabalhando arduamente para conter as chamas.

O desafio mais persistente foi na ilha do Nabileque, próxima à terra indígena Kadiwéu, onde os bombeiros, no dia 6 de setembro, estiveram no oitavo dia de combate. O difícil acesso e a densa vegetação dificultaram a chegada das equipes ao local. O incêndio, batizado de "Carandazal", já consumiu cerca de 10 mil hectares de terras em diferentes propriedades rurais.

As condições climáticas adversas também desafiaram os bombeiros, com temperaturas que frequentemente ultrapassam os 30°C e ventos fortes de mais de 40 km/h no Pantanal.

A tenente-coronel Tatiane Inoue, explicou que no período de estiagem, com a vegetação está muito seca, condições climáticas de umidade relativa baixa, temperaturas elevadas e ventos fortes, a propagação do incêndio é rápida.

Para enfrentar o cenário, as equipes contaram com o monitoramento integral. O CPA em Campo Grande acompanha as ocorrências 24 horas por dia, utilizando imagens de satélite e drones para auxiliar no controle do fogo. O tenente Alexandre Araújo, engenheiro ambiental especialista do CPA, explicou o processo: "O satélite detecta temperatura acima de 47°C na superfície da terra, que é considerado foco de calor. A cada 10 minutos nós temos uma informação atualizada. Nós acompanhamos cada detecção e, a partir de cada uma, investigamos em qual propriedade se localiza aquele foco de calor e fazemos contato com o proprietário para saber a situação real na área."

A preocupação com os incêndios florestais levou à suspensão das autorizações ambientais para "queima controlada" até o final do ano, de acordo com o alerta publicado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). Isso significa que as equipes de bombeiros permanecem em estado de alerta, prontas para atuar em diferentes regiões do estado, como nos três casos atuais de combate a incêndios.

Tecnologia a serviço do Meio Ambiente

A tecnologia tem desempenhado um papel fundamental nas operações de monitoramento e combate aos incêndios. O uso de drones e outras ferramentas contribui para a preservação do Pantanal e do Cerrado em Mato Grosso do Sul, ajudando a conter o avanço das chamas.

Bruno Rezende/Portal MS

Bombeiros combatem incêndios na região pantaneira

Focos de incêndio se espalham com o vento

As ações coordenadas do Governo do Estado mostraram resultados positivos, com a redução nos focos de calor nos biomas do Estado. Segundo o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS (Cemtec), houve uma redução de 74,7% nos focos de calor entre 2021 e 2022, passando de 9.377 para 2.368 ocorrências.

Além disso, entre janeiro e 14 de agosto deste ano, a área queimada no Pantanal teve uma redução de 77,6% em relação a 2022. Esses resultados demonstram que as medidas de prevenção e a atuação das equipes de bombeiros estão fazendo a diferença na proteção desses preciosos ecossistemas.

A tenente-coronel Inoue destacou o papel das políticas públicas, orientações à população e atividades de prevenção. "Mesmo não detectando incêndios, focos ativos, o Corpo de Bombeiros, desde maio, tem deslocado guarnições para trabalhar preventivamente no Pantanal, e demais biomas do Estado. Levando orientações de brigadas de combate a incêndios florestais, educação ambiental e orientação para os proprietários, comunidades locais e ribeirinhos", afirmou.

Calor intenso: El Niño

As altas temperaturas registradas em Mato Grosso do Sul neste 2023 são resultado do bloqueio atmosférico aliado ao fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, que favorece a intensa onda de calor.

Conforme o médico e responsável clínico pelo Centro de Informações e Assistência Toxicológica (Ciatox), Alexandre Moretti de Lima, a baixa umidade relativa do ar acarreta riscos à saúde e pode resultar, principalmente, em doenças respiratórias e virais.

“Isso impacta nas doenças respiratórias, como rinite, sinusite e, às vezes, até pneumonia. É um grande risco para a saúde, principalmente para a saúde respiratória. Além disso, também aumenta a chance de doenças virais. Os vírus predominam nessa situação”.

Além dos impactos causados pelos baixos índices de umidade do ar, as altas temperaturas ainda somam perigos para a saúde como um todo. “Ela vai gerar um risco de maior insolação, queimadura aguda e desidratação, principalmente na pele. Quando a gente perde líquido, perde também eletrólitos e corre o risco de sofrer arritmia cardíaca, alteração da condição cardíaca e morte”.

Cuidados a serem tomados

O Cemtec orienta beber bastante líquido e evitar exposição ao sol nos horários mais quentes e secos do dia. Além disso, o médico Alexandre destaca que todo excesso deve ser evitado, seja ele de calor ou de frio.

Deurico/Arquivo Capital News

Foto ilustrativa de clima, sol, calor, altas temperaturas, meteorologia

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“Como a gente não consegue mudar a natureza, devemos evitar sair durante esses períodos, evitar os picos de altas temperaturas e exercícios extenuantes, assim como buscar sombras, tomar bastante líquido, usar roupas leves e ficar sempre em lugares frescos e ventilados”.

Para tentar driblar, os baixos índices de umidade do ar e as doenças respiratórias em meio às ondas de calor, o médico indica manter os ambientes úmidos com umidificadores de ar ou baldes de água. Banhos demorados e muito quentes também devem ser evitados, visto que a pele também tende a ficar mais seca e desidratada.

Fogo no Pantanal: chuva x incêndio

Boletim divulgado no dia 20 de novembro apontava que não havia nenhum foco de incêndio na região do Pantanal. O trabalho árduo do Corpo de Bombeiros junto às chuvas que caíram em Mato Grosso do Sul amenizaram a situação das queimadas.

Conforme o Corpo de Bombeiros, 72 militares continuavam nos locais que tiveram os incêndios para realizar o trabalho de rescaldo. A operação e o monitoramento, no entanto, continuaram.

Os trabalhos do dia 18, segundo reportagem de Layane Costa, se concentraram na região do Paiaguás, visando extinguir parte do incêndio que estava chegando a algumas propriedades. No mesmo dia, em Cipolândia, equipes combateram focos que estavam na região de pastagens, localizadas em propriedades rurais.

Três aeronaves apoiaram os trabalhos de combate às chamas, duas delas ‘air tractor’ que transporta até 3 mil litros de água para áreas de difícil acesso, com atuação no Paiaguás e no Rio Negro.

Confira as principais materias de 2023 na editoria de Cotidiano

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