Retrospectiva 2023
No cenário político nacional, 2023 mostrou-se um ano turbulento desde seu início. Após eleições recheadas de acusações, polarização, violência e fake news, o Brasil escolheu Luiz Inácio Lula da Silva para liderar o país a partir do dia 1 de janeiro de 2023. Desde as eleições até a posse, o clima era de preocupação por possíveis tentativas de golpe de estado ou atentados, o que culminou em eventos tristes na capital federal. Nesta retrospectiva, reunimos os principais fatos publicados pelo Capital News.
Democracia celebrada
O ano de 2023 começou com a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o seu terceiro mandato. Sob aplausos no Congresso Nacional, Lula enfatizou que a democracia foi a grande vitoriosa nas eleições de 2022, destacando a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em seu discurso, ele ressaltou os desafios enfrentados durante a campanha e agradeceu à consciência política da sociedade brasileira que formou a frente democrática, como mostrou reportagem de Flávio Veras.
“Renovo o juramente de fidelidade à Constituição, junto com vice e os ministros que conosco vão trabalhar. Se estamos aqui hoje é graças a consciência política da sociedade brasileira à frente democrática que formamos ao longo dessa campanha histórica”, disse o presidente em seu discurso.
Invasão e tumulto na Capital Federal
O clima político fervilhou quando manifestantes, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, no dia 8 de janeiro. As imagens chocantes mostraram confrontos com a polícia, que tentou conter os manifestantes entoando palavras de ordem golpistas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, repudiou veementemente os atos antidemocráticos, prometendo rigor da lei contra os invasores.
As imagens das ações dos vândalos repercutiram pelo mundo, colocando o Brasil em destaque pela situação vexatória de uma minoria insatisfeita, como nos reportou Elaine Oliveira, à época: a invasão começou após a barreira formada por policiais militares na Esplanada dos Ministérios, que estava fechada, ter sido rompida. O Congresso Nacional foi o primeiro a ser invadido, com os manifestantes ocupando a rampa e soltando foguetes.
Ao final da ação, mais de mil manifestantes foram presos, desde então, alguns permanecem presos no Complexo Penitenciário da Papuda.
CPI dos atentados
Soraya Thronicke, na época senadora pelo União Brasil, rompeu com o bolsonarismo e liderou a iniciativa para uma CPI dos Atos Antidemocráticos. No dia 10 de janeiro, anunciou ter alcançado as assinaturas necessárias para a investigação pelo Senado. O pedido destacou sua trajetória, inicialmente eleita na onda bolsonarista, em seguida rompida com o ex-presidente. A democracia estava em foco, e a investigação prometeu esclarecer os eventos terroristas em Brasília.
A pressão aumentou no final de fevereiro, quando o ministro Gilmar Mendes, do STF, deu prazo de 10 dias para Rodrigo Pacheco explicar a não leitura do ato da CPI dos atos de 8 de janeiro. A ação, movida por Soraya Thronicke, destacava a demora injustificada do presidente do Senado. Os olhares se voltaram para Pacheco, que teve que fornecer esclarecimentos sobre a instauração da CPI dos Atos Antidemocráticos.
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Senadora Soraya Thronicke (União-MS) e o presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
No dia 1 de março, o senador Rodrigo Pacheco anunciou que a decisão sobre a instauração da CPI seria tomada na reunião de líderes do Senado. A questão da validade das assinaturas, diante da mudança de legislatura, era crucial. Pacheco destacou a necessidade de verificar se os senadores mantinham suas assinaturas, enquanto o ministro Gilmar Mendes aguardava o posicionamento do presidente do Senado sobre o caso.
A trama se complicou com autorizações de depoimentos referentes aos atos antidemocráticos. Alexandre de Moraes autorizou o depoimento de Anderson Torres sobre a minuta de golpe, encontrada na casa do ex-ministro bolsonarista. Moraes destacou a controversa relação do discurso com a minuta, enquanto Torres, preso, alegou que o documento foi vazado fora de contexto.
Ascensão de Simone
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, faz anúncio do grupo de secretários da pasta
No cenário caótico da política brasileira entre 2022 e 2023, quem parece ter aproveitado o momento oportuno foi a ex-senadora, atualmente ministra do Desenvolvimento e Orçamento Simone Tebet.
Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ex-presidente José Sarney, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que toma posse em cerimônia no Salão Nobre do Palácio do Planalto
Em uma cerimônia concorrida no Palácio do Planalto, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) assumiu oficialmente o comando do Ministério do Planejamento e Orçamento no dia 5 de janeiro. Em seu discurso, a ministra destacou a inclusão dos mais pobres no orçamento público, prometendo prioridade para diversas camadas da sociedade. A presença do presidente Lula marcou o evento, enquanto Simone Tebet revelou surpresa com o convite recebido.
A posse da ministra foi acompanhada de perto pelo vice-governador e chefe da Casa Civil sul-mato-grossense, Barbosinha, que representou o governo de Mato Grosso do Sul. A ministra destacou a importância da pasta para levar desenvolvimento ao país e reforçou a expectativa de grandes projetos de investimento para o Estado onde nasceu.
Ministra defende a Reforma Tributária
Durante todo o ano Tebet foi categórica em relação à Reforma tributária. Em um encontro com lideranças sindicais em São Paulo, em outubro, a ministra do Planejamento defendeu a reforma como um fator de geração de emprego e renda. Ela destacou o impacto positivo da reforma, reduzindo o custo de produção, a carga tributária sobre o consumo e beneficiando os mais pobres.
Em 2023, Simone Tebet, à frente do Ministério do Planejamento e Orçamento, se destacou não apenas por sua atuação na gestão econômica, mas também por seu posicionamento claro em defesa da democracia e sua busca por políticas inclusivas e desenvolvimentistas. A retórica forte da ministra e sua presença ativa nos principais acontecimentos políticos do ano auxiliaram o Governo a se estabelecer.
José Cruz/Agência Brasil
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou hoje (29), em Brasília, os últimos 16 nomes que completam o gabinete ministerial do novo governo. No total, o terceiro mandato do petista contará com 37 ministérios.
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