Em plena temporada de recordes de produção e de exportação de carne, a avicultura do Paraná enfrenta perda de competitividade e cogita reduzir a lotação de frangos por criadouro no segundo semestre. O problema surge pela disparada no preço da ração. O principal ingrediente, o milho, subiu 29% no último mês no estado, atingindo R$ 25 por saca.
“Não deve haver fechamento de aviário por causa disso, mas teremos de achar uma saída para o curto e médio prazo, que pode ser diminuir as aves nos alojamentos”, disse ontem o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, no lançamento da Expedição Avicultura.
Martins afirmou que, neste momento, o setor depende de apoio do governo federal para reduzir custos e manter as exportações em alta. “Os incentivos dados aos exportadores de soja e milho deveriam ser dados às indústrias de esmagamento do país. Consequentemente, teremos um farelo mais barato”, argumentou, defendendo que é preciso manter a carne a custo baixo para que o consumo per capita continue aumentando.
O que o governo federal pode fazer no curto prazo é oferecer recursos a juros baixos, prorrogar dívidas e subsidiar a comercialização de milho, disse o superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Daniel Gonçalves Filho. A avicultura teme, no entanto, que essas intervenções não sejam suficientes para baixar a cotação do insumo (e da ração), que decolou devido aos recordes do mercado internacional, provocados pela seca nos Estados Unidos.
O deputado federal Reinhold Stephanes (PSD), ex-ministro da Agricultura, disse que Brasília desconhece a avicultura e que o apoio pode chegar atrasado. “O governo tem de se antecipar à crise, e não deixar chegar ao ponto da suinocultura, que esperou 18 meses por apoio”, cobrou.
Com capacidade de abate 30% maior que a de cinco anos atrás, a avicultura ampliou sua importância na economia do Paraná, sendo responsável por 550 mil empregos. Em relação ao primeiro semestre do ano passado, as exportações cresceram 12% em volume (para 563,5 mil toneladas) e 3,3% em valor, atingindo US$ 1 bilhão, recorde para o período de janeiro a junho.
Monitoramento
Expedição confere situação da agroindústria no Oeste e Sudoeste
Um projeto para mostrar a importância que a avicultura ganhou na economia do Paraná, com suas dimensões e desafios, vem sendo desenvolvido desde a semana passada pela Gazeta do Povo. A Expedição Avicultura, formada por uma equipe de reportagem com apoio técnico, percorre todas as regiões do estado, fazendo um raio X da atividade. Nesta semana, estão sendo visitados o Sudoeste e o Oeste, precursores na atividade.
O lançamento do trabalho técnico-jornalístico, que segue até agosto, reuniu líderes da agroindústria avícola e representantes dos governos estadual e federal ontem pela manhã, em Curitiba, no parque gráfico da Gazeta do Povo. O secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, destacou a importância das informações tecnicamente bem apuradas para o desenvolvimento do agronegócio. Para o deputado federal Reinhold Stephanes, o modelo de levantamento de dados – aplicado há seis anos pela Expedição Safra, projeto pioneiro da Gazeta focado na produção de milho e soja – “é a melhor idéia colocada em prática pelos veículos de comunicação do país para a cobertura do agronegócio”
