Sábado, 09 de Agosto de 2008, 09h:50 -
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Famasul: Produtores rurais temem invasões e instabilidade econômica no MS
Sato Comunicação
Presidentes dos sindicatos rurais do Estado confirmam o clima instável e a apreensão dos produtores de 26 das cidades do interior, depois que antropólogos iniciaram os estudos para demarcação de terras indígenas. Em reunião promovida pela Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (FAMASUL), nesta sexta-feira (08), eles falaram sobre conscientização da sociedade a respeito dos impactos negativos das demarcações na economia local e como têm orientado os produtores.
Naviraí deve receber os antropólogos na Fazenda Brilhante no domingo, conta o presidente do sindicato rural da cidade, Luiz Miguel Vieira. “Os produtores estão muito assustados. Entramos com uma solicitação para que pudéssemos ser avisados dias antes de a área ser vistoriada, mas isso não aconteceu”, diz.
Heitor Carlos Fernandes, do Sindicato Rural de Juti, já identificou os reflexos das demarcações no humor dos investidores: “Com a perda de investimentos, a arrecadação de impostos do município caiu cerca de 20%, e os preços das terras também caíram”.
Juti não é a única. Na região cone-sul, as negociações de compra e venda de terras e os investimentos em produção agropecuária estão parados, garante o delegado de Ponta Porã do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de MS (CRECI-MS), Pedro de Souza Lima.
Segundo o diretor da Financial Imobiliária, Geraldo Paiva, de Campo Grande, o clima de insegurança dificulta a negociação. “Os produtores têm medo de vender as terras e, se houver demarcação, serem processados por ter agido de má fé”, conta Geraldo, que acredita em uma queda nos preços das terras na região em breve.
Itaporã, na região da Grande Dourados, foi atingida pela instabilidade. “Tenho amigos que perderam o interesse em comprar terras na região de Itaporã”, lamenta o presidente do sindicato rural da cidade, Luciano Ataíde.
Orientação aos produtores
“Conscientizar o produtor rural de que este é o momento de unir forças”, esse é o lema do Sindicato Rural de Bela Vista, segundo o presidente Afonso Pinheiro Filho. Para Afonso, “o agronegócio não pode perder o embalo no momento em que está se recuperando”. O presidente afirma que os produtores da cidade não estão contra os índios. “Só queremos que eles respeitem as nossas propriedades”, diz Afonso.
Evitar conflitos é a principal orientação que os produtores de Juti ouvem no sindicato, afirma o presidente Heitor Carlos. Na sul-fronteira, Ponta Porã tenta acalmar os produtores, que temem invasões após o início dos estudos antropológicos. Duas propriedades já foram invadidas na região e aguardam a reintegração de posse. “O processo de reintegração foi aberto, mas o Ministério Público Federal faz pressão para que o juiz responsável não devolva as terras”, conta o presidente do sindicato rural do município, Ronei Fuchs.
Conscientização da sociedade
Três mil pessoas aderiram ao abaixo-assinado do Sindicato Rural de Fátima do Sul contra os estudos de demarcação. O presidente Celso Saltareli espera conseguir a aceitação de oito mil moradores, nas áreas rural e urbana.
Em Bela Vista, o sindicato distribui panfletos e utiliza o rádio e os jornais da cidade para expandir o debate. “A sociedade de Bela Vista sentiu que as demarcações podem ter reflexo negativo na economia da cidade, graças ao nosso trabalho de conscientização”, diz Afonso Pinheiro.
“O que nós precisamos é desvincular essa situação dos produtores rurais, porque isso atingirá toda a população de Amambai e não só os produtores” afirma Christiano Bortolotto, presidente do Sindicato Rural de Amambai.