Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008, 07h:00 -
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Fechamento de frigoríficos pode prejudicar cadeia da carne
Lucia Morel - Capital News (www.capitalnews.com.br)
O fechamento de frigoríficos em todo Brasil e também em Mato Grosso do Sul – o Margen fechou suas 16 unidades de abates de bovinos no País e ontem o frigorífico Campo Oeste deu férias coletivas a todos os seus 400 funcionários – é um processo que vai demorar para se reverter e pode prejudicar a cadeia da carne.
De acordo com o presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul) Laucídio Coelho, que está em viagem de negócios na África do Sul, os produtores não sofrem tanto com o fechamento, porque o preço da carne está bem cotado, no entanto, ele orienta os produtores a ter muita cautela nesse momento e a vender à vista, porque a procura tem sido grande, de dentro e de fora do Brasil.
Ele explica que o fechamento dos frigoríficos acontece porque há muito eles vinham trabalhando de maneira ociosa, ou seja, com poucos abates. Isso porque as vacas que estavam indo para abate não estão mais, porque para os produtores tem sido muito mais vantajoso mantê-las no pasto procriando, do que vendendo-as para abate. “Durante muitos anos temos vendido as vacas, mas agora elas estão ficando no pasto, para procriar. Antes as vacas representavam cerca de 45, 50% da matança, agora não”, destaca o presidente da Acrissul.
Para Laucídio Coelho, apesar das baixas, Mato Grosso do Sul está bem equipado no que se refere a frigoríficos, que são em torno de 28 em todo Estado. “Os produtores vão ter para quem vender”, afirma, destacando que o grupo Margen, que fechou seus três abatedouros em MS, há algum tempo já apresentava sinais de dificuldades financeiras. Já o Campo Oeste, nunca teve muita solidez.
Esse reflexo do mercado, com o aumento de preço da carne do bezerro e a diminuição na oferta da vaca tem sucumbido os frigoríficos. Para o diretor presidente da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul, Ademar Silva Júnior, no entanto, o fechamento do frigorífico Campo Oeste representa sim, prejuízo ao setor produtivo do Estado, sendo que a Famasul contabilizou pelo menos R$ 12 milhões em prejuízos para os produtores que vendiam carne para a indústria.
O presidente da Famasul destaca ainda que a existência de pequenos e médios frigoríficos melhoram a cadeia da carne, evitando abates clandestinos e evitando que os grandes frigoríficos manipulem o mercado, monopolizando a produção.
Ele defendeu ainda uma regulação tributária destes frigoríficos e explicou que com o crescimento do mercado de carnes no país, os estabelecimentos de pequeno e médio porte começaram a abastecer o mercado interno e passaram a concorrer com grandes frigoríficos pela aquisição do rebanho. A Famsul deve orientar juridicamente os produtores rurais que foram lesados pelo estabelecimento.
A redação do Capital News entrou em contato com o presidente do Sindicato das Indústrias de Frios e Congelados, Ivo Scarcelli, para comentar o assunto, mas ele não se encontrava no local.