Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007, 13h:38 -
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Fraude pode reduzir o consumo de leite
Gazeta Mercantil
A autuação das duas cooperativas mineiras sob acusação de fraude no leite pela adição de substâncias danosas à saúde poderá provocar a redução do consumo. Analistas acreditam que a imagem do setor é afetada com as denúncias. No entanto, avaliam também que o episódio pode servir para que a fiscalização sobre o leite aumente.
"Há muita empresa idônea que não pode ser prejudicada por duas", afirma Cristiane de Paula Turco, analista da Scot Consultoria. Opinião semelhante tem Marcelo Pereira de Carvalho, da Agripoint. Segundo ele, qualquer denuncia de fraude é ruim. "Em algum grau o consumidor perde a confiança. Mas, sendo um caso isolado, passa por cima disso".
Para o diretor da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Marcos Abreu, a fiscalização vem ao encontro dos anseios dos produtores. "Somos exigidos pela qualidade e não podemos permitir que se degrade ao longo da cadeia", diz. Na sua opinião, a demanda não será reduzida porque "o consumidor perceberá que há fiscalização e, portanto, qualidade".
Em nota, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL) e o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) repudiam qualquer fraude e esclarecem que trata-se de um fato isolado. O estado responde por 40% da captação de leite do País. Acrescentam ainda que a "expectativa é que seja uma ação continuada e estendida a todos os laticínios, indistintamente, como forma de tranqüilizar consumidores e produtores".
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento também se pronunciou sobre o fato, afirmando que nem todas as indústrias que adquirem leite das duas cooperativas autuadas compram o produto processado - onde ocorreu a fraude. Segundo o ministério, os laticínios que recebem o leite produzido pelas cooperativas autuadas são fiscalizadas e que poderá haver uma inspeção do produto já distribuído aos supermercados. Acrescentou ainda que o modelo de fiscalização periódica, utilizado pelo Brasil, é o mesmo praticado na maior parte dos países do mundo.