IBGE e Conab vão unificar pesquisa de safra agrícola

A unificação dos levantamentos de dados relativos à produção agrícola brasileira realizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que está em curso, pode diminuir as pressões exercidas pelo mercado especulativo sobre os preços dos produtos.

Essa é expectativa do setor, que argumenta também sobre a maior credibilidade que será aferida aos dados, após sua centralização.

A Conab e o IBGE não se pronunciaram em relação ao assunto, mas confirmaram que as mudanças estão em andamento. Também disseram que não está definido se apenas uma das entidades ficará a cargo dos levantamentos de safra agrícola ou se o trabalho será realizado em conjunto.

Conforme o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez, quando ocorrem divergências entre os números divulgados há interferência no mercado e o produtor acaba sendo prejudicado, por isso, disse ele, a Seapa considera "saudável" ao setor a unificação desses levantamentos.

Em Minas Gerais, diversas entidades do setor reúnem para discutir e alinhavar os dados de levantamento de safra agrícola, para que não ocorra disparidade das informações. Por isso, Albanez aplaudiu a fusão dos dados entre Conab e IBGE.

Dúvidas - Para o superintendente Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Affonso Damasio Soares, as diferentes metodologias aplicadas na apuração dos dados na agricultura geram margem de dúvida e muita especulação no setor, por isso os produtores pleteiam, há algum tempo, que esses números sejam uniformes para não conturbar o mercado.

A divulgação de crescimento da safra, disse Soares, seja de qualquer produto agrícola, joga os preços para baixo e por isso os números têm que ser consistentes. O superintendente da Faemg defende esse entendimento entre a Conab e o IBGE, mas disse que não há preferência de órgãos para a realização dos levantamentos.

Já Conselho Nacional do Café (CNC) reivindicou junto ao governo federal, em abril deste ano, a centralização da divulgação dos levantamentos de safra agrícola. Na época, a entidade estimou que a discrepância em relação aos números da safra 2007/2008 apurados pela Conab e IBGE causaram prejuízo de R$ 100 milhões ao setor.

Em abril, o levantamento realizado pelo IBGE estimou 37,5 milhões de sacas de café para a safra 2007/2008, sendo que a Conab apresentou dados de 5,3 milhões de sacas a menos.

Segundo o presidente do CNC, Gilson Ximenes, a Conab já tem credibilidade no mercado e poderia conduzir o trabalho de levantamento de dados, já que está provado que duas apurações geram perda de credibilidade e traz prejuízos ao produtor, devideo às especulações em relação aos preços, "o que não é interessante para o setor", disse Ximenes.