Pesquisa realizada por diversos pesquisadores coordenados por Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), mostra que a pecuária é responsável pela metade das emissões de gases estufa no Brasil. O estudo considerou o período entre 2003 a 2008, e mostra que a pecuária emite aproximadamente mil Mton (milhões de toneladas) de gases estufa anualmente, ante uma produção total no país de 2 mil a 2,2 mil Mton anuais.
A pesquisa indica três fontes principais de emissões de gases estufa pela pecuária: o desmatamento para formação de pastagens e queimadas da vegetação derrubada; as queimadas de pastagens; e a fermentação entérica do gado (gases produzidos durante a digestão dos alimentos). De acordo com os pesquisadores, a concentração das emissões brasileiras em um único setor pode representar um fator positivo, já que se pode concentrar as ações nele, e reduzir as emissões de forma geral no país.
A proposta brasileira levada à 15ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-15), em Copenhague (Dinamarca), prevê redução entre 0,95 e 1,75 Gton (bilhões de toneladas) de gases estufa ao ano até 2020. A recuperação de pastagens degradadas é apresentada como a principal atividade para diminuição das emissões.
O estudo cita a redução do desmatamento, a eliminação do fogo no manejo de pastagens, recuperação de pastagens e solos degradados, a regeneração da floresta secundária, a redução da fermentação entérica, como fundamentais para o combate às emissões brasileiras.
“Temos cálculos com base no trabalho da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] e o custo [para realizar as ações de combate às emissões de gases estufa pela pecuária] não é tão significativo. Ele não vai fazer com que o produtor não tenha condições de sobreviver no mercado, mas vai, inclusive, melhorar a produtividade e a rentabilidade”, diz Peter May, da ONG Amigos da Terra.
Segundo o pesquisador, a redução das emissões brasileiras implica principalmente em readequação do sistema de financiamento destinado à pecuária, já que não há preocupação ambiental, nem com a qualidade do rebanho e tampouco com o sistema de produção. (com informações da Agência Brasil)
Por: Nadia Nadalon-estagiária (www.caitalnews.com.br)