A produção de cana-de-açúcar de Mato Grosso do Sul é suficiente para gerar US$ 8,1 milhões em crédito de carbono, segundo o presidente do Conselho do Ministério da Ciência e Tecnologia, José Roberto Moreira. “Mato Grosso do Sul é um dos fortes candidatos à geração de eletricidade com bagaço de cana”, afirma.
Professor e doutor pela Universidade de São Paulo - USP, José Roberto estará no dia 25 de agosto em Campo Grande, onde vai proferir palestra sobre crédito de carbono, durante o 3°Congresso de Tecnologia na Cadeia Produtiva da Cana-de-Açúcar em Mato Grosso do Sul - Canasul. O evento será realizado no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul - FAMASUL, através da Comissão Técnica de Bioenergia, e conta ainda com a promoção do Governo do Estado, da Fiems, e o apoio do Ministério da Agricultura.
Moreira ressalta que hoje Mato Grosso do Sul, que atingiu produção de 27 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, tem potencial para produção de um excedente de energia equivalente a quase 1% do consumo nacional. Com essa produção, as usinas atingiriam 810 mil toneladas de CO2 (dióxido de carbono) para negociar em um ano, o que equivale a US$ 8,1 milhões.
Ele explica como é feito o cálculo. A cada tonelada de cana-de-açúcar é produzido 0,1 MWh de energia excedente. Após conhecer a quantidade de energia excedente produzida é preciso multiplicar o resultado por 0,3 para que seja obtido o volume de CO2 . Em média, o crédito de carbono vale US$ 10,00, a tonelada.
O professor pondera que a produção de 0,1 MWh de energia excedente por tonelada de cana leva em consideração usinas modernas e com caldeiras de altíssima pressão, sendo que em plantas com menos tecnologia a produção pode ser até cinco vezes menor.
Em Mato Grosso do Sul esse mercado é promissor, uma vez que muitas usinas novas e com alta tecnologia estão se instalando. Hoje existem 14 usinas em operação e só neste ano outras sete entrarão em operação, consolidando até 2012 investimentos de R$ 2,3 bilhões.
Entenda como funciona o processo – O protocolo de Kyoto prevê que as nações industrializadas devem reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 5,2% em relação aos níveis de 1990, durante o período de 2008 a 2012.
Seguindo as metas determinadas por cada País, as indústrias têm duas alternativas: melhorar a eficiência energética ou se não conseguir reduzir as emissões de carbono comprar créditos de terceiros.
A quantidade de CO2 que for retirada ou deixar de ser despejada na atmosfera é o que pode ser convertido em créditos de carbono.
O professor José Roberto Moreira lembra que no fim deste ano serão definidos os novos protocolos para comercialização de crédito de carbono a partir de 2013.