Em reunião na manhã de ontem na Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), produtores rurais do Estado decidiram por realizar uma manifestação em Miranda na próxima segunda-feira, 29. A manifestação acontece em protesto contra as portarias da Fundação Nacional do Índio (Funai) que determinam a criação de grupos de estudos para as demarcações de terras indígenas em 26 municípios do sul de MS.
A manifestação acontece em Miranda porque é lá que os estudos estão em fase avançada e mesmo depois da vinda do presidente da Funai, Márcio Meira, que se reuniu com o governador André Puccinelli (PMDB) no dia 15 de setembro, os estudos continuaram na região, diferente do que havia sido acordado entre as partes durante a reunião. Os produtores acusam a Funai de descumprir o acordo firmado.
“"Nós entendemos que este acordo foi descumprido”", frisou o diretor-secretário da Famasul e presidente da Comissão Estadual de Assuntos Indígenas e Fundiários da entidade, Dácio Queiroz, que participou em Miranda de uma reunião com produtores rurais que tem fazendas que são consideradas terras indígenas. O que a Funai quer é ampliar a área da aldeia Cachoeirinha para 37.122 hectares.
Conforme o presidente do Sindicato Rural de Miranda, Elzio Neves Barbosa, 52 propriedades serão afetadas diretamente pela demarcação. “Todas as propriedades são de pequeno porte, a maior das propriedades é a Petrópolis”, afirmou. As fazendas Cacimba de Pedra e Reino Selvagem, de criação de jacarés e turísticas, localizadas em Aquidauana e Miranda, também serão afetadas.
O produtor Gerson Bueno Zahdi já calcula os prejuízos. “"A área que a Funai quer é justamente a parte em que e fazemos as trilhas ecológicas"”, comentou o empresário que produz por ano, 12 mil jacarés.
HistóricoA Terra Indígena Cachoeirinha foi criada pelo ato presidencial nº 217 em maio de 1904. O Marechal Cândido Mariano Rondon foi nomeado para proceder a demarcação de uma área de 3.200 hectares, Rondon propôs na época uma área de 2.658 há para os índios da etnia terena. Em 1984, a Funai enviou técnicos para identificar os limites da reserva, que na época mantinha os 2.658 há. Em novembro de 2000, foi publicada uma portaria da Funai que constituiu grupo técnico para realizar novos estudos e levantamentos de identificação e delimitação das terras indígenas.
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