De todos os desafios para o próximo ano, o maior é do presidente eleito dos EUA, Barack Obama. “Ele fará um milagre se conseguir ser popular tendo de adotar medidas impopulares para combater a crise”, disse Paulo Rabelo de Castro, doutor em economia pela Universidade de Chicago, em sua apresentação no Ciclo de Palestras “Novos Horizontes para o Agronegócio” na última quinta-feira (11), na Federação da Agricultura e Pecuária de MS (FAMASUL). Aos produtores rurais, um conselho do economista: planejar e investir em tecnologia, sem esperar “bonança vinda dos preços”. “"Quem deixar de inovar, vai ficar para trás"”, diz.
A crise pode chegar de dois lados para a agropecuária: interno e externo. Lá fora, a ofensiva chinesa e a reação protecionista dos governos estrangeiros, acuados pelos seus produtores, são as principais ameaças. Em terras brasileiras, os maiores problemas são a retração das exportações e do crédito. “"O sistema de crédito quebrou”," ressalta Rabelo.
Apesar dos dados nada animadores, o economista é enfático ao dizer que suas projeções para 2009 são “realistas”. Para o Brasil, o realismo vem a calhar. “"O Brasil tem reservas internas suficientes e, com menos crédito na praça, os brasileiros tendem a fugir das dívidas"”, comemora Rabelo.
Para o economista, a sensação de bem-estar que se despede do mundo desenvolvido, chega agora para o Brasil. O economista estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do mundo desenvolvido irá recuar 1,3%, enquanto os países emergentes devem sofrer menos impacto, e crescer 2,3%. Por aqui, o crescimento deve ser de 1,5%, superior a 0,5% da América Latina. "Sem a ajuda do petróleo, cujo preço desceu ladeira abaixo nas últimas semanas, a Venezuela deve amargar uma queda de 1% no PIB. No continente, o Peru segue líder em crescimento com invejáveis 4%. “Dessa vez, a crise pegou o Brasil de lado"”, analisa Rabelo.
A poupança líquida dos norte-americanos, fortalecida no período pós segunda guerra, nunca foi tão inexpressiva como agora. Portanto, será difícil escapar do endividamento. Dados do Departamento do Comércio dos EUA mostram que os americanos pouparam menos de 2% da renda total em janeiro de 2008. Representada graficamente, a montanha de dólares poupada nem se aproxima da soma contraída em financiamentos e hipotecas. Segundo Rabelo, o país pode sofrer uma queda de 3% no PIB.
O Ciclo de Palestras “Novos Horizontes para o Agronegócio” é promovido pela FAMASUL e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de MS (SENAR/MS). O patrocínio é do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MS). (Assessoria)