Um grupo de aproximadamente 600 suinocultores, de vários estados brasileiros, esteve em Brasília/DF, para pedir ao Governo Federal apoio para superar a atual crise, na manhã desta quinta-feira (25).
Em entrevista à Rural Centro, Nelson Natalino Paludo, presidente do Sindicato Rural de Toledo, no interior do Paraná, explica que mesmo em situação desesperadora, o setor pode encontrar soluções a curto, médio e longo prazo.
A região de Toledo sofre com a crise em grandes proporções. Exemplo disso é que de 2010 a 2012 o número de suinocultores caiu de 1.500 a 800, uma redução de 47% aproximadamente.
Segundo Nelson, o que ocorre é que a suinocultura é muito dependente do mercado do milho e do farelo e no Brasil não há trabalhos com estoques reguladores, então quando algum problema ocorre, o que há no mercado é insuficiente para atender o setor.
Além disso, com o problema de abastecimento no mundo, os preços estão em alta, elevando de modo desproporcional o custo de produção do setor. “O produtor está trabalhando no prejuízo”, lamenta o representante.
Natalino explica que diversos fatores levaram o setor à atual situação, um deles foi a superprodução, no Sul do país, principalmente, estimulada no final de 2011 pela intenção, não concretizada, do Japão em adquirir carne suína brasileira.
Outros dois grandes problemas enfrentados pelo setor são: a falta de uma regulamentação que defina o volume a ser produzido e a falta de liberação de financiamentos a pequenos produtores, por parte do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento).
Soluções
O presidente do sindicato afirma que para resolver a atual crise, o Governo deve firmar o preço mínimo do milho na região, que não é cumprido, assim o produtor do grão será estimulado a produzir mais, disponibilizando mais grão ao mercado interno.
Outra saída, esta a curto prazo, é o Governo adotar uma medida para não reduzir ainda mais o plantel de suínos, fornecendo, por exemplo, financiamentos com juros baixos.
Além disso, o representante sugere que o Governo compre essa carne excedente no mercado, congele, industrialize e estoque, colocando-a no varejo num momento mais propício.
Um estudo realizado pela Rural Centro, elaborado com os números do Cepea (Centro de Estudos e Pesquisas em Economia Aplicada) mostra a delicada situação do produtor. O preço do suíno registrou no dia 11 R$ 1,81 o quilo vivo, no mercado paranaense, enquanto o milho atingiu R$ 25,4 a saca, ou seja, R$ 0,42 o quilo, o que significa que o produtor consegue adquirir 4,27 quilos do grão na venda de cada quilo de suíno.
Esta relação é um pouco maior do que a do dia anterior, porém é o segundo menor desde 9 de abril, quando o patamar era praticamente o mesmo. Mas se ter uma ideia do problema, no dia 13 de dezembro do ano passado, o criador de suínos conseguia comprar quase 6 quilos de milho na negociação do quilo do suíno.