Sábado, 05 de Abril de 2008, 09h:30 -
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Vice-presidente do Banco do Brasil critica política de crédito rural
Sato Comunicação
O vice-presidente, Luís Carlos Guedes Pinto, apontou na ultima quinta-feira (03), na reunião da Comissão Técnica de Agricultura, Seguro e Crédito Rural, Logística e Armazenamento da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (FAMASUL), a inadequação da política nacional de crédito rural inalterada nos últimos 42 anos.
Para ele, a política de crédito é uma das causas para o paradoxo vivido pelo setor produtivo brasileiro, que, ao mesmo tempo em que apresenta índices crescentes de produtividade, encontra cada vez mais dificuldades para quitar dívidas agrícolas junto às instituições financeiras. Existe uma total discrepância entre os normativos que ainda vigoram com a realidade da produção agropecuária brasileira. O Banco do Brasil tem procurado discutir junto às instâncias competentes do governo a necessidade de re-adequação, de se fazer ajustes na política nacional de crédito rural, afirmou Guedes Pinto.
Ele falou também sobre as modificações sofridas pelo o Banco do Brasil a partir de 1986, em seu papel de principal agente financeiro de crédito rural do país. O Banco do Brasil dispunha de uma conta-movimento, respaldada pelo Tesouro Nacional, que lhe dava recursos ilimitados para serem destinados ao crédito agrícola. De 1986 em diante, em funções de diversas mudanças na economia brasileira, o banco passou a atuar com capital próprio, como uma instituição financeira qualquer, tendo inclusive que apresentar desempenho na Bolsa, valorização de ações, etc, lembrou o vice-presidente. Segundo Guedes Pinto, atualmente o banco depende de recursos orçamentários para atender toda a política de preços mínimos, por exemplo. Ele citou também os sucessivos planos econômicos implantados no país como os responsáveis pelo descasamento entre os ativos e os passivos do setor agrícola nacional.
Atividade de risco
Ao lembrar que atividade agropecuária é por natureza uma atividade de risco, Guedes Pinto recomendou cautela aos produtores ao acreditarem na afirmação cada vez mais difundida no país de que os atuais preços vieram para ficar, sem risco de voltar a patamares anteriores. Não devemos nos esquecer que a atividade agrícola especialmente é uma atividade cíclica, que pode ter altos e baixos em função de fatores nem sempre controláveis, alertou. Como possíveis mecanismos de proteção ao produtor rural para essa instabilidade ou oscilação da atividade Guedes Pinto destacou o seguro rural a um custo compatível com a renda do produtor. Cabe ao poder público subsidiar esses mecanismos de proteção para que eles sejam viáveis para o produtor, opinou, afirmando que esses subsídios são mais vantajosos para o governo se comparados com as perdas ocasionadas pelas sucessivas crises. Estas sim, têm um custo muito maior para o governo e para a sociedade de um modo geral, reafirmou categórico.
Para o vice-presidente do Banco do Brasil, ampliar um crédito de qualidade, com menor risco, construir ou aperfeiçoar a política para o setor com especial atenção para uma legislação que estabeleça parâmetros mais justos de divisão da lucratividade da produção agropecuária no Brasil, são passos importantes a serem dados em direção à consolidação do setor primário brasileiro cujo desempenho é excepcional, apesar de tudo. Temos condições naturais favoráveis; o Brasil detém o mais alto nível de tecnologia agrícola do mundo; os produtores brasileiros são muito competentes. Faltam ajustes,complementou Guedes Pinto.
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