Terça-feira, 27 de Maio de 2008, 09h:13 -
A
|
A
CRM realiza vistoria nos hospitais da Capital e Dourados
Redação Capital News (www.capitalnews.com.br) (JG)
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) vistoriou, no último dia 8, o pronto socorro da Santa Casa, do Hospital Universitário e do Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande, e, nesta segunda-feira (26/05), o Hospital de Urgência e Trauma de Dourados.
Segundo o coordenador do Departamento de Fiscalização do CRM, Antônio Carlos Bilo, a intenção foi apurar as reais condições de atendimento aos pacientes de urgência e emergência, além do estoque de materiais de consumo e o funcionamento dos equipamentos.
“"A realidade é que a saúde padece de subfinanciamento em todo o País e os médicos trabalham em péssimas condições. Faltam vagas nos CTIs e, muitas vezes, materiais essenciais para o atendimento"”, afirmou Bilo. “"Com o relatório dos médicos fiscais, temos um raio-x da situação dos hospitais"”, completou.
As vistorias são realizadas periodicamente pelo CRM. O relatório relacionado às vistorias na Capital foi concluído nesta segunda-feira (26/05) – veja o documento, na íntegra, ao final do texto – e encaminhado para a direção dos hospitais e para o Ministério Público Estadual (MPE).
Participaram da fiscalização em Campo Grande os médicos fiscais Luís Alberto Verardo e Carlos Pistóia. Ambos informaram que há falta de materiais de consumo e de vagas nos Centros de Tratamento Intensivo (CTIs) – o que resulta na superlotação do pronto socorro e do pronto atendimento.
“Várias vistorias já foram realizadas por este Departamento de Fiscalização (CRM-MS) nos últimos cinco anos e observa-se uma piora deste contexto, ficando claro o descaso pela vida humana”, apontam os médicos fiscais no relatório.
Santa Casa
Verardo explicou que, no dia da fiscalização (08/05), a sala de emergência do PS da Santa Casa estava com os seis leitos lotados. "Os seis respiradores estavam funcionando, além de um improvisado, mas havia somente dois oxímetros (equipamento que afere a quantidade de oxigênio no sangue), em vez de sete. “Também faltavam quatro monitores cardíacos"”, informou.
O médico fiscal lembrou que, por ser referência em casos de alta complexidade, a Santa Casa recebe pacientes de todo o Estado. "Das sete pessoas que estavam no PS, somente três eram de Campo Grande. “Para completar, a maioria dos equipamentos é obsoleta"”, disse.
Hospital Universitário
No HU, a situação é ainda mais grave. A fiscalização constatou a falta de equipamentos indispensáveis ao atendimento, como máscaras, gazes, luvas, eletrodos e intracath (agulha de plástico usada para aplicação de medicamentos). “A falta de materiais de consumo é o problema mais grave que encontramos no HU”, afirmou Pistóia. Os três leitos da sala de emergência do pronto atendimento estavam lotados, mas somente um paciente aguardava para ser transferido ao CTI. “Os demais, permanecem porque não há outro local para o atendimento de pacientes que inspiram mais atenção”, explicou.
Segundo Pistóia, a superlotação no pronto atendimento e pronto socorro compromete o atendimento de urgência e emergência. “"Se acontecer um acidente aqui na esquina com dois feridos, politraumatizados, haverá dificuldade para que eles sejam atendidos, pois os leitos estão ocupados"”, analisou. Inevitavelmente, o atendimento será feito nos corredores, como constatou a fiscalização do CRM-MS.
“O espaço é insuficiente e faltam macas. Muitas vezes há 27, 30 pessoas nos corredores”, informou a enfermeira responsável pelo Pronto Atendimento do HU no período matutino, Keli Sandra.
A precariedade dos equipamentos e a falta de materiais de consumo também foi atestada pelos profissionais que trabalham no hospital. “A tomografia é ultrapassada, o raio-x é uma tragédia e faltam máscaras, gases e intracath”, disse o médico plantonista Antônio Rodrigues.
Hospital Regional
Na sala com estrutura para seis leitos, haviam 10 pacientes internados, sendo quatro em ventilação mecânica – dos quais três aguardando vaga no CTI e um esperando transferência para a Unidade Coronariana.
A fiscalização detectou deficiência no número de bombas de infusão, de oxímetros, esfigmomanómetro e macas. "“Felizmente, os equipamentos que estavam na sala estavam funcionando e, segundo a enfermeira responsável, não estão faltando materiais de consumo”", informou Pistóa.
Dourados
O presidente do CRM-MS, Sérgio Renato de Almeida Couto, vistoriou nesta segunda-feira (26/05) o Hospital de Urgência e Trauma de Dourados, onde constatou a precariedade do atendimento prestado à população. Segundo ele, está sendo elaborado um relatório sobre a situação do hospital, que será encaminhado ao MPE e aos gestores da unidade cobrando providências.
"“Constatamos que houve uma piora das condições de atendimento no hospital, em relação à última vistoria, realizada no final de fevereiro”, informou Couto. Hoje, o presidente do CRM verificou a superlotação e a ausência de médicos assistentes, plantonistas e pediatras, além da dificuldade para o atendimento aos politraumatizados. “Tem paciente que acaba rodando a cidade toda para ter o atendimento completo, que deveria ser oferecido no hospital", concluiu Couto. (Com Assessoria)