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ENTREVISTA Sexta-feira, 31 de Julho de 2009, 15:14 - A | A

Sexta-feira, 31 de Julho de 2009, 15h:14 - A | A

Exclusivo: Luiz Henrique Mandetta fala sobre dengue, gripe suína, Santa Casa e eleições 2010

Alessandro Perin - (www.capitalnews.com.br)

O secretario municipal de saúde, Luiz Henrique Mandetta, fala sobre seu trabalho em uma das secretarias mais importantes da Prefeitura de Campo Grande, de gripe suína, de dengue, leishmaniose, da Santa Casa, dos postos de saúde e da sua possível candidatura ao cargo de deputado federal nas eleições do próximo ano.

Capital News: Em relação à gripe suína, a Secretaria Municipal de Saúde enviou um ofício à Secretaria Estadual de Educação para aviso para tentar minimizar riscos de disseminação do vírus influenza A H1 N1. Porque esta medida?

Luiz Henrique Mandetta: Houve uma certa necessidade. O Ministério da Educação recomendou às secretarias de educação dos estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo para adiar o início das aulas, pois nesses locais há números sustentáveis da transmissão do vírus. Como isso, trouxe alguma analogia em relação ao Estado. Professores de algumas escolas questionaram sobre o assunto e decidimos fazer um comunicado dizendo que não há necessidade de adiamento do ano letivo em Campo Grande. No momento não temos motivos para orientar pela suspensão das aulas.

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Mandetta diz que população pode ficar calma em relação a gripe suína | Foto: Deurico/Capital News

Capital News: Quantos casos da nova gripe a secretaria de Campo Grande contabiliza até o momento?

Luiz Henrique Mandetta: Nós só contamos no início cinco pessoas, mas depois veio a ordem do Ministério da Saúde para não mais fazer o isolamento. O Ministério da Saúde decidiu parar com o exame para verificar se o vírus estava em circulação. Hoje, temos 10 pacientes internados no Hospital Universitário com algum sintoma gripal, mas nenhum deles está com o vírus influenza A H1 N1. Coletamos o material deles e mandamos para o laboratório em São Paulo. O resultado foi negativo. Também temos uma pessoa em observação na Santa Casa.

O diagnóstico foi feito em Pedro Juan Cabalhero, no Paraguai, e não sabemos a técnica usada por eles lá. Mas esse número é menor que dos anos passados, quando tivemos mais pessoas internadas com gripe. Este ano, em maio e julho foram registrados 42 mil casos de gripe em Campo Grande, quase oito mil a menos que no período do ano passado.

Capital News: A população deve ficar preocupada? E os médicos e enfermeiros que atendem nos hospitais e postos de saúde?

Luiz Henrique Mandetta: Quem trabalha em hospitais sempre está preparado. Eles estão trabalhando, são profissionais e tem os equipamentos necessários para a sua segurança. Estamos monitorando a situação e está tudo bem. Mas o quadro pode mudar em um intervalo muito curto de tempo, e temos preocupação com isso e teremos que redimensionar a rede para trabalhar nesse cenário caso aconteça um número maior de casos.

Capital News: Em relação à dengue secretário, como está a situação da doença em Campo Grande?

Luiz Henrique Mandetta: A dengue nos preocupa muitas vezes mais que a gripe. Em 2007, tivemos uma epidemia de determinado vírus conhecido como tipo três. Em 2008, houve um comportamento muito bom da população e teve o menor número de casos da década. Em 2009, já diminuiu a percepção de risco da população. Houve epidemia de dengue na Bolívia e em Corumbá e em Mato Grosso. Como os pacientes transitam muito no eixo Campo Grande, nó notamos um aumento no número de casos em Campo Grande a partir dos meses de março e abril, e fizemos o isolamento de casos da dengue dos tipos um, dois e três.

Hoje, estamos com os três tipos circulando, o que nos dá o cenário muito preocupante para surto epidêmico para o próximo verão e principalmente para a faixa etária jovem de zero a 20 anos e com muitas formas hemorrágicas. Quando se tem os três vitus circulando aumentam as chances de jovens e crianças terem a doença na forma hemorrágica e morrer. Com os três vírus circulando aumentam as chances de casos hemorrágicos.

Capital News: O que a Secretaria tem feito para evitar uma nova epidemia? Teve algum caso de morte por dengue este ano em Campo Grande?

Luiz Henrique Mandetta: Os agentes continuam visitando as casas e orientando as pessoas. Temos feito apelos para que a população não deixa água parada, tampe a caixa d’água, não deixem pneus e vaso de planta com água. Oitenta e cinco por cento dos focos de mosquitos são dentro das casas e não no quintal. Essa doença nos preocupa muito. Ela se prolifera porque a população acaba sendo parceira. Devemos ter um aumento expressivo no caso de dengue a partir de outubro.

Cada pessoa deve ter uma tolerância com sua casa e com os terrenos baldios. Nós teremos com certeza muitas vítimas se nós não agirmos de uma maneira muito rígida para combater o mosquito transmissor. Não adianta esperar que o Poder público vai limpar tudo, as pessoas precisam fazer a sua parte. Temos um caso de morte de uma criança em Campo Grande este ano. Em 2008, não houve registro e em 2007 foram dois casos.

Capital News: Como está à questão da Leishmaniose em Campo Grande?

Luiz Henrique Mandetta: Nós fizemos um plano municipal para combatê-la em 2005, quando a doença estava bastante ascendente. Na época, estávamos com 36% dos cães positivos s, quase 200 casos humanos e uma taxa de óbito de 12%. Nesse plano temos um tratamento só para os seres humanos, outro para os mosquitos, um para os cães e outro para o social.

Este ano já estamos com 40% de redução nos casos, o número de cães doentes baixou para 11% e o de letalidade caiu para 1,75%. É uma doença que conseguimos o controle. Agora, ela vai continuar existindo em quanto este quarto eixo, que é o vegetal, da limpeza, de maus cuidados com os cães e da questão ambiental, não for tratada da maneira correta. Um agravante nessa doença é o vínculo dos proprietários com os cães positivos e tentam tratá-los, o que prejudica o combate. As pessoas devem limpar os locais para evitar a proliferação do mosquito. A falta de higiene ajuda o mosquito se desenvolver. Devemos evitar jogar restos de alimentos, as fezes das galinhas, entre outras coisas que possam contribuir para a proliferação da doença.

Capital News: Houve casos de morte por Leishmaniose em Campo Grande este ano?

Luiz Henrique Mandetta: Houve três casos pela doença este ano em Campo Grande. Lembro-me mais do caso de um bebê. Há pessoas que defendem os direitos dos animais. Mas ninguém defende os direitos do bebê que não tinha absolutamente nada a ver com essa questão. Por enquanto, é a Secretaria de Saúde.

Capital News: Gostaria que o senhor fizesse um balanço sobre a Santa Casa.

Luiz Henrique Mandetta: Eu trabalho na Santa Casa desde 1992 e já atravessei todos os períodos de superlotação, de crise, de falta de medicamentos, materiais e as paralisações. Em 2005, quando entrei para a secretaria o hospital estava fechado com cadeado na porta, com 130 doentes, racionando alimento, medicamentos, o hospital estava com todas as cirurgias paradas e com a folha salarial e os tributos atrasados. Uma crise muito dramática. Em 2005, houve a intervenção e começamos a recuperação.

Ela não foi viabilizada por meio de depósito de dinheiro público na Santa Casa. Foi por mio de contrato bem feito e gestão interna. Pagamos primeiro os trabalhadores, depois quitamos as dívidas com bancos e refinanciamos quase R$ 25 milhões de tributos com a Procuradoria da Fazenda e a Receita Federal. Com isso, conseguimos criar bases para recuperar um documento importante para um hospital filantrópico, a certidão negativa de débitos tributários, somente com ela você pode receber investimento público, o dinheiro mais barato.

Estamos fazendo a reforma do quinto andar da Santa Casa para a abertura de mais 15 leitos. No dia 5, o prefeito Nelson Trad Filho assina a ordem de serviço para a reforma do pronto socorro e da unidade coronariana da Santa Casa, além de investimentos em equipamentos, centros cirúrgicos e a reestruturação do hospital. O salto é positivo. Se você olhar nos últimos 15 anos, os cinco últimos não tiveram paralisação, nem crise de desabastecimento. Já nos 10 anos anteriores era uma média de quatro greves anuais. Ela está melhorando, mas ainda tem muito que andar.

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Mandetta diz que Santa Casa está no caminho certo | Foto: Deurico/Capital News

Capital News: Recentemente, uma pessoa morreu por falta de leito na Santa Casa. Como é que funciona está distribuição?

Luiz Henrique Mandetta: Existe uma central de regulação de leitos. Esse rapaz foi internado dentro de uma unidade de pacientes graves, que fica dentro do pronto socorro. O local tem os mesmos aparelhos que uma Central de Tratamento Intensivo, só que em um espaço diferente. Lá, ele foi a óbito, mas provavelmente da mesma forma iria na CTI. O que nós precisamos é melhorar a questão da dignidade das pessoas, pois isso estamos ampliando os leitos da Santa Casa.

No critério do Serviço Único de Saúde (SUS), quem faz essa distribuição é a Secretaria Estadual de Saúde, são chamados leitos de alta complexidade. Isso é uma questão antiga e não dá para fazer a conta em relação a Campo Grande. A população da cidade é de R$ 750 mil pessoas, mas as que moram no interior do Estado, quase estão com algum problema grave de saúde, procuram atendimento na capital, sem falar nos moradores de Mato Grosso, Rondônia, Acre , do Paraguai e da Bolívia. Por isso, sempre pedimos mais investimentos para a criação de leitos.

Capital News: Como o senhor avalia a distribuição dos investimos na área de saúde em Mato Grosso do Sul?

Luiz Henrique Mandetta: O atual governo está resolvendo problemas deixados pelo anterior. O antigo governo abriu CTI’s em cidades como Bonito, Bela Vista e Coxim, onde não tem nem médicos o atendimento básico. Colocou aparelhos caros nesses locais que acabaram não sendo usados e alguns estragaram. Também colocou nessas cidades ambulâncias, para que os pacientes fossem trazidos para Campo Grande, só para causar desgaste político para o prefeito na época, André Puccinelli.

Somente após a mudança de governo é que a Secretaria Estadual de Saúde criou um plano de recolocação desses equipamentos. Este ano, lançou-se o plano de reforma e ampliação da Santa Casa, e a reforma e ampliação do Hospital Regional, dobrando assim a nossa capacidade de leitos. O governo anterior investiu caro e mal e isso não foi por falta de alerta. Com isso, houve o atraso de quase uma década no plano de leitos de alta complexidade. Hoje, estamos correndo atrás para fazer aquilo que deveria ter sido feito pelo governo passado. Não basta apenas colocar uma placa e equipamento em um local que não tem utilização.

Capital News: A população reclama por falta de vagas e médicos nos postos de saúde?

Luiz Henrique Mandetta: É uma cultura da população. A gente imagina quando temos uma dor de cabeça que devemos procura um neurologista, mas apenas a utilização de um óculos resolve esse problema. Toda a porta de entrada do sistema é pelo clínico geral, pois ele tem uma melhor visão para identificar a especialidade correta. O problema é que a nossa cultura nos permite fazer o nosso próprio diagnóstico e o tratamento. Não faltam vagas nos postos e nem médicos. O investimento em saúde está sendo muito grande nesta gestão. Prova disso, é que reformamos os postos de saúde, temos a melhor cobertura vacinal do país, um dos menores índices de mortalidade infantil e uma boa expectativa de vida da população brasileira.

Capital News: O senhor pretende concorrer a algum cargo eletivo em 2010?

Luiz Henrique Mandetta: Eu acho que o quadro político de 2010 permite muitas mudanças, pois várias pessoas que não concorreram nas eleições passadas podem se candidatar em 2010. Haverá uma grande renovação na Câmara Federal e na Assembléia Legislativa. Até porque a população anseia por mudanças, pelo desgaste de alguns antigos políticos. Acho que é uma grande chance para os novos candidatos. O quadro ainda está muito tumultuado e sou mais um soldado à disposição do prefeito e do governador.

Capital News: Mas se o senhor fosse concorrer, qual seria o cargo?

Luiz Henrique Mandetta: Gostaria de disputar o cargo de deputado federal. Não seria natural eu concorrer a um cargo que não tenha como discutir os problemas da saúde. O plano de discussões da crise na saúde está na Câmara Federal. Lá, eu teria como elevar o nível de discussões sobre os problemas da saúde.

Capital News: Um balanço do seu trabalho secretário.

Luiz Henrique Mandetta: Recebi a secretaria com uma boa base, mas o principal aliado nesta construção é a participação popular, principalmente dos conselhos, pois me reuni com eles para discutir os planos para a saúde em Campo Grande. O aprendizado do sistema de compartilhar foi o de melhor que eu pude usufruir. No mais, muito trabalho e desafio. Atravessamos uma epidemia de dengue que fez a gente amadurecer. A pasta da saúde é uma que dá mais visibilidade e o grau de dificuldade em termos de gestão é muito grande, mas o balanço é positivo para mim,como espero que tenha sido para a população.

 

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kmilaz 26/09/2010

O senhor precisava estudar mais sobre a relação eutanasia x controle da leishmaniose antes de insinuar que quem se importa com os direitos dos animais não se importa com a morte de um bebê. Ou pior, que o tratamento projudica o controle da doença. Quem se importa em tratar seu cão, tem CONSCIÊNCIA da gravidade da doença, e busca utilizar meios como Scalibur, repelentes,e tc, para evitar a contaminação. Além disso, há estudos que indicam que cães tratados não transmitem a doença. Não há país desenvolvido que utilize a eutanásia compulsória como tratamento da leishmaniose. O que o senhor tem pra dizer sobre as capivaras?

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1 comentários


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