A Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Mato Grosso do Sul (Fetagri), realizou uma reunião com representantes do segmento no Estado e com um ouvidor do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na sede da entidade nesta terça (14).
Participaram a presidente da Fetagri Sandra Maria, o secretário geral Alaíde Teles, o ouvidor do Incra Sidnei Ferreira, além de presidentes de Sindicatos e trabalhadores.
O assunto em pauta foi a suspensão das cestas básicas que eram distribuídas às famílias nos assentamentos. A revolta dos trabalhadores presentes era de que ninguém consegue sobreviver com o conteúdo da cesta de 58kg, composta de arroz, feijão, macarrão, farinha e óleo.
“Desses 58kg, 15kg são de farinha. Tem que por farinha no café, farinha no almoço e farinha na janta para poder ficar de pé”, reclama o secretário geral da Fetagri. Ele exige respeito à classe.
De posse da palavra, Adão Cruz, secretário de Política Agrária e Meio Ambiente da Fetagri, afirmou que o foco do problema é na região de Naviraí. Ele ameaça que “caso o problema não seja resolvido, o Estado vai parar. Nós vamos parar, pois é um prejuízo muito grande ara os trabalhadores do Estado”. Acrescentou ainda que no dia 22 de setembro, às 14h, acontecerá uma nova reunião, dessa vez com o superintendente do Incra para buscar uma solução.
O ouvidor do Incra, Sidnei Ferreira, explicou aos produtores como irá funcionar o recadastramento das famílias
Foto: Deurico/Capital News
O ouvidor do Incra, Sidnei Ferreira, afirmou que existem aproximadamente 70 assentamentos em todo Mato Grosso do Sul e a necessidade do recadastramento das famílias é para a manutenção do programa, que diferentemente do que aparenta, não distribui cestas básicas mas sim cestas alimentos de caráter emergencial.
Ele recomenda que para que as famílias não percam o benefício, é bom que “deixe pelo menos um vestígio de ocupação nos barracos. Uma lenha no forno, uma panela na pia, para saber que tem gente morando ali”. Ferreira acredita ainda que o término do recadastramento de todas as famílias está previsto para o início de outubro.
Descaso
Vários produtores reclamaram do abuso de autoridade dos fiscais do Incra durante as visitas aos assentamentos. “Eles chegam cantando as mulheres, discriminando”, destaca Sebastião Freitas, que há 11 anos é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Gabriel do Oeste.
“O descaso não é só aqui não mas em todos os órgãos públicos do País”, lembra Rosa Marques, diretora geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sidrolândia.
Trabalhadores cobraram respeito e dignidade do órgão e ameaçam paralização caso os serviços não sejam retomados
Foto: Deurico/Capital News
José Carlos de Moraes, presidente da Cooperativa dos Trabalhadores Rurais de Mato Grosso do Sul cobra a igualdade de tratamento inclusive com o Movimento dos Sem Terra (MST). “O movimento deles é mais respeitado porque tem mais apoio político e eles são mais enérgicos. Com a Fetagri é mais diálogo. E falta apoio político também”.
Sobre a questão de tratamento diferenciado, o ouvidor preferiu não se pronunciar, afirmando que “quando todos os movimentos estiverem presentes e direito de voz, o Incra tomará posição”.
Para Sebastião Freitas, o corte das cestas afeta influencia muito além do que a alimentação das famílias. “Minha irmã adoeceu e foi cortada do projeto porque ia se tratar e não ficava ninguém para receber o fiscal. Isso prejudica o tratamento. Como você iria ter forças para continuar sabendo que não tem o que comer?” pontua.
Sebastião Freitas diz que não é a primeira vez que existem irregularidades no Incra e espera os culpados sejam presos
Foto: Deurico/Capital News
Por Ângelo Smaniotto - (www.capitalnews.com.br)
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