Artuzi sabia de grampos, apontariam gravações

Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

Gravações de áudio comprovariam que o prefeito de Dourados, Ari Artuzi, sabia dos grampos feitos aos vereadores da segunda maior cidade do Estado (distante 228 quilômetros ao sul de Campo Grande). A informação é do site Dourados Agora, que afirma ter conseguido fitas entregues à Polícia Federal (PF) que trazem conversas entre ele e o jornalista Eleandro Passaia, que denunciou o caso de suposto esquema de corrupção e fraude licitatória.

Todavia, segundo o próprio site, não há clareza sobre o interesse de Artuzi em grampear os vereadores.

De acordo com notícia veiculada pelo site local nesse domingo (12), o prefeito explica o pagamento feito aos vereadores, o chamado “mensalão”. Gino Ferreira (DEM) e Délia Razuk (PMDB) seriam os únicos parlamentares excluídos dos procedimentos ilícitos, segundo as falas que o Dourados Agora afirma que teve acesso.

Conforme a nota, o trecho foi tirado do inquérito e tem o número 2010-05-3108-51-34 e faz parte da Operação Uragano (furacão, em italiano), que acarretou em 29 prisões (dentre elas, a do prefeito Artuzi, de secretários e de vereadores) e em 60 indiciados por corrupção.

Foram para a cadeia (a maioria já em liberdade): Artuzi; o vice-prefeito Carlinhos Cantor; a primeira-dama Maria Artuzi. Os vereadores Aurélio Bonatto, Edvaldo Moreira, Humberto Teixeira Júnior, José Carlos Cimatti, Zezinho da Farmácia, Julio Artuzi, Marcelo Barros, Paulo Henrique Bambu e Sidlei Alves; os ex-secretários municipais Alziro Moreno (Procurador Geral do Muni-cípio), Tatiane Moreno (Administração), Ignês Boschetti Medeiros (Finanças), Cláudio Marcelo Hall, o Marcelão (Ha-bitação e Serviços Urbanos) e Dilson Cândido de Sá (Obras e Planejamento).

Gino Ferreira e Dirceu Longhi, também parlamentares municipais, foram ouvidos e liberados.

Confira o trecho do áudio veiculado pelo Dourados Agora

Artuzi: Aí você filma pedindo e você não entrega. ‘Tá’ lá em cima do banheiro. Ninguém sabe quem entregou. Se ele falar alguma coisa, um dia caiu, você entrega, não foi você que passou, ‘cê’ entendeu?

Passaia: Quem foi que fez o primeiro acerto, eles? Foi o Darci: E a gente paga eles (vereadores) pra quê? Para eles votarem todos os projetos que nós quisermos?
Artuzi: E não bater em mim. Não, paga ‘pra’ ajudar também.

Passaia: Para eles não falarem mal e para eles não votarem CPI? Paga ‘pra’ não falar mal, mas no caso dos vereadores não é só para não falar mal. Você tem que pagar para eles votarem os projetos. Agora como é que você paga?

Artuzi: responde baixo, incompreensível.

Passaia: Quem pagava o “p...” do Gino e mesmo assim ele foi assinar a CPI?

Artuzi: não paga.

Passaia: Não pagava antes?

Artuzi: Não, ‘pro’ Gino não.

Passaia: O Gino nunca pagou nada?

Artuzi: Nunca pagou nada.

Passaia: Mas ele quer?

Artuzi: Não sei se ele quer não, mas eu acho que a gente tem que fazer ele querer.

Passaia: Quem nunca pegou dinheiro? Foi o Gino e a Délia?

Artuzi: O Gino, a Délia e o Marcelo Barros...Passaia: Marcelo Barros,

Alziro disse que já deu dinheiro ‘pra’ ele. Já deu parece que uns R$ 30 ou R$ 40 mil pra ele no final do ano... Tinha uns rolos aí, não sei o que é, ‘pra’ ele não votar, entrar com a CPI. O Alziro me falou, pode confirmar com ele...

Artuzi: Então, mas o Marcelo...

Passaia: É só o Gino...

Artuzi: Não, mas... Tudo bem...

Passaia: O Marcelo é o seguinte: ‘Cê’ chega, oferece dinheiro, ele vai pegar. O Marcelo só não pega dinheiro difícil.

Artuzi: Então, ‘cê’ tem que entrar no carro do Marcelo.

Passaia: Mas se o Gino não pega dinheiro como é que eu vou gravar essa “p....”?

Artuzi: Mas não precisa o Gino. Se você pegar o Marcelo Barros, o Juninho, o Sidlei, o Bambu, pegar todos eles, só sobram o Gino e a dona Délia, só ‘né’?

Passaia: Só o Gino e dona Délia...

(Informações do Dourados Agora)

Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

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