Pedro Pedrossian Neto, 33, economista formado pela PUC/SP, apresentou na tarde desta quarta-feira (25) um estudo, denominado “Demografia Médica de Mato Grosso do Sul”, no qual fez uma projeção do número de médicos por cada mil habitantes nas cidades do interior do estado. O projeto, segundo Neto, é um “embrião” do futuro Instituto Pedro Pedrossian, que deve ser criado para preservar a memória e legado histórico do ex-governador Pedro Pedrossian e principalmente, um órgão para pensar políticas públicas de forma suprapartidária.
Os resultados deste primeiro estudo são alarmantes e mostram a fragilidade do sistema de saúde de Mato Grosso do Sul. Para entender melhor, segundo Neto, MS está abaixo da média nacional do índice de médicos por habitante, que no Brasil é de 1,97 para cada mil, no nosso estado a média é de 1,59/1000, ou seja, 20% a menos. Se exposto assim, não parece tão ruim, mas se analisarmos que o Brasil está com média compatível a países subdesenvolvidos, a situação agrava muito. Ou seja, numa linguagem mais simples, nosso quadro médico (em quantidade) pode ser igualado ao da África do Sul.
A média dos países desenvolvidos é de 3,05/1000 e o mínimo preconizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de 1 médico para cada mil habitantes. Mas infelizmente, nem o mínimo tem sido realidade na maioria das cidades do estado. De acordo com o estudo de Neto, apenas 24 cidades sul mato-grossenses tem esse mínimo, entre elas, Campo Grande, Dourados e Três Lagoas, que conforme levantando, são as cidades que concentram os maior número de médicos do estado, quase 75%, ou seja, os outros 76 municípios tem que dividir os 25% restantes.
Nessa disparidade de distribuição dos profissionais, alguns municípios acabam ficando a deriva da saúde, como é o caso Vicentina que baseado nos levantamentos feitos por Neto, não tem nenhum médico atuando na cidade, que possui 6.020 habitantes, segundo o IBGE.
Outro fator destacado pelo levantamento é porque um estado que “produz” quase 400 novos médicos todos os anos, isso somando as universidades de MS que tem o curso de medicina, não consegue sair do negativo no saldo de profissionais? A resposta é simples, a maioria dos alunos que fazem medicina em Mato Grosso do Sul não é do estado, e quando se formam, é claro que querem voltar e atender a cidade onde nasceram e cresceram.
Então, o problema toma outra vertente, que também deixa a desejar no nosso estado, a educação. Com a implantação do SISU (Sistema de Seleção Unificada), um estudante de qualquer lugar do país pode concorrer a uma vaga nas universidades públicas de Mato Grosso do Sul, e se levarmos em conta que MS é o 5º pior estado brasileiro quando o assunto é o Ensino Médio, segundo levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013, o número de estudantes do estado que vão conseguir entrar na universidade só tende a diminuir.
Retirada do estudo Demografia Médica de MS, de P
O estudo também revela que os estudantes que se formam em MS,não tem interesse em continuar no estado, e que numa matemática superficial, de 400 alunos que se formam anualmente, apenas 69 vão para o interior de MS
Mas voltando a saúde, Neto diz que pretende apresentar estes dados ao governador do estado, Reinaldo Azambuja, ao secretário de Saúde, Nelson Tavares e ao Conselho Regional de Medicina (CRM), para que juntos, possam elaborar políticas públicas para solucionar esta triste realidade. “Vamos aproveitar esse começo de governo, que por sinal já tem defendido a saúde como sendo sua prioridade, e vamos tentar pensar juntos uma solução eficiente e concreta para a saúde do nosso estado. As medidas emergenciais promovidas pelo governador vão diminuir as filas e desafogar a saúde, mas a medida estrutural para acabar com o problema é a contratação de mais médicos para o estado”, finaliza Pedro Pedrossian Neto.
O estudo completo, assim com a apresentação de Pedro Pedrossian Neto, estão disponíveis nos arquivos anexados abaixo: