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Reportagem Especial Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2010, 08:52 - A | A

Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2010, 08h:52 - A | A

Mães de vítimas de violência promovem manifesto pela paz e homenagem aos entes queridos

Marcelo Eduardo - Capital News

Buscando ao mesmo tempo conforto e alertar sobre a não-violência, famílias que recentemente perderam entes queridos realizaram movimento por paz e justiça na Capital. A manifestação foi durante a tarde de ontem (24), na Praça Ary Coelho.

As mães de Rogério Mendonça, 2 anos, Paulo Henrique Rodrigues, 17, e Nicholas Barbosa Cesco, 16, clamaram por solidariedade e justiça, para que os assassinos de seus filhos não fiquem impunes.

“Essa união entre as famílias, fortalece uma a outra. Acho que, nossas histórias, estão tocando os corações das pessoas. O que a gente quer, é justiça e defender a paz”, diz Ariana Pedra Mendonça, mãe de Rogerinho, morto com tiro em 18 de novembro pelo jornalista Agnaldo Gonçalves, durante briga de trânsito com o sobrinho do garoto.

Maria Aparecida dos Santos é mãe do rapaz assassinado enquanto trabalhava numa bicicletaria no Bairro Jardim Tarumã. Paulinho foi atingido com um tiro quando dois assaltantes começaram a disparar após roubarem uma padaria próxima onde estava. Bastante abalada e apoiada pela família, Maria pede justiça. “Ela [justiça] ainda não foi feita porque os suspeitos foram presos, mas ainda não foram julgados. Venho aqui para que daqui a três meses não aconteça comigo o que acontece com a mãe do Rogerinho, que ainda espera uma resposta da justiça. Quero lutar para que outra mãe não sofra o que estou sofrendo agora.”

Entre familiares das vítimas e pessoas que se comoveram e revoltaram-se com a situação, ao menos uma centena foi à Praça.

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Familiares se emocionam ao lembrar de entes queridos; ao menos cem pessoas foram à Praça Ary Coelho
Foto: Deurico/Capital News

“As páginas amanheceram com sangue”

Com um jornal pintado de vermelho nas mãos, Antônio Poeta, 63 anos, entoava versos de indignação. Ele não possui parentesco com nenhuma das famílias, mas, injuriado, se prontificou a ajudar.

“Vi a mãe de Rogerinho pregando cartazes em plena noite de Carnaval. Isso, fez com que eu me sensibilizasse com esta atitude. Portanto, eu decidi participar”, conta.

No coreto da praça, Antônio subiu e falou uma de suas poesias. Em tom simples, com palavras simples, com versos simples. Mas, que mostrou a indignação daqueles que ali estavam. Com a foto de Rogerinho estampada na camisa, Antonio diz: “No dia 18 de novembro, as páginas amanheceram com sangue. Sangue inocente deste menino [apontou para a camisa]. O réu, é primário [referindo-se a Agnlado, solto mais tarde]. Mas, eu não sou otário. Por isso protesto.”

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Antônio Poeta teceu versos sobre Rogerinho, menino que completaria 3 anos de vida ontem (24), foi morto com tiro
Foto: Deurico/Capital News

Indignação

A família de Paulinho formulou um abaixo assinado com o único intuito de recolher assinaturas daqueles que querem justiça e paz na Capital.

“Fiquei sabendo da história do Paulinho agora. Me comovi, assim como me comove a história do Rogerinho – que já conhecia. Pode ser que os culpados fiquem soltos. Mas, o que se vê aqui neste momento é a opinião do povo. É a opinião do povo dita neste momento e fala que quer justiça e paz”, diz, com lágrimas nos olhos, Leonardo Noronha, 21 anos.

Maurício Mauvailer, 19, também assinou o protesto. “A justiça no Brasil é assim ainda. Acredito que os políticos, que fazem as leis, não enxergam tanta coisa que a gente quer que resolva. Aqui, é um momento de protesto e de pensarmos sobre isso também.”

Três anos

Em 24 de fevereiro de 2007 nascia Rogério Mendonça.

No dia 18 de novembro de 2009, ele passeava com a irmã, o avô e o tio.

Na Avenida Ernesto Geisel, teve início uma discussão envolvendo Ademir de Pedra Neto, 22 anos (tio) e o jornalista Agnaldo Gonçalves. A discussão continuou na Avenida Mato Grosso até que o jornalista, armado, atirou na direção do carro de Ademir e acertou o avô do rapaz, João Afonso Pedra, 54 anos e o sobrinho, Rogério. O garoto, de dois anos e oito meses, foi atingido no pescoço e morreu no hospital. João Afonso foi atingido no maxilar. Agnaldo justificou os disparos dizendo que foi ameaçado. O jornalista estava detido no Centro de Triagem, mas foi posto em liberdade há cerca de duas semanas.

Num momento de emoção – com choro –, a avó do garoto, Adriana Pedra Mendonça, pediu ao microfone que todos ali cantassem “Parabéns Para Você”, como sempre fazia para o neto.

“Minha neta hoje me perguntou onde Rogerinho estava. Eu disse que ele estava no céu e que Deus estava fazendo uma festa para ele e a gente também tinha que celebrar”, disse.

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Avó de Rogerinho fala da perda e mãe (com mão no rosto), não segura emoção
Foto: Deurico/Capital News

Mais violência

Paulo Henrique Rodrigues, de 17 anos, foi assassinado dia 17. Ele estava trabalhando na bicicletaria do padrasto, no Bairro Jardim Tarumã, quando a mercearia do avô foi assaltada e na fuga um dos bandidos começou a atirar e um dos disparos atingiu o peito do jovem, que morreu antes de ser levado para o hospital. A dupla suspeita por ser responsável pelo crime já está presa.

Nicholas Cesco foi espanco após sair de um show na Universidade Católica Dom Bosco. De acordo com as investigações da polícia, a confusão teria começado ainda dentro da universidade, quando Nicholas interveio em uma briga entre seu colega e outro adolescente de 14 anos, o qual chegaram a brigar, mas logo se separaram. Nicholas teria sido ameaçado neste momento.

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Ana Paula e Maria Aparecida dos Santos, tia e mãe de Paulinho, falam que paz é necessária e que esperam justiça
Foto: Deurico/Capital News

Ao sair do show, enquanto esperava em um ponto de ônibus, Nicholas foi surpreendido pelo irmão do adolescente de 14 anos juntamente com mais três. Os adolescentes agrediram Nicholas com chutes e socos, a maioria em sua cabeça.

Colegas de Nicholas conseguiram entrar no meio da briga separando os agressores, que fugiram do local. A vítima reclamava de muita dor de cabeça e começou a vomitar sem parar. Equipes do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento móvel de Urgência (Samu) foram até o local e encaminharam o jovem até a Santa Casa.

Nicholas entrou em coma profundo sendo encaminhado para UTI, porém não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.(Com colaboração de Jefferson Gonçalves)

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Mãe de Nicholas recebe apoio da avó de Rogerinho; ambas clamam por justiça
Foto: Deurico/Capital News

 

Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

 

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