O prefeito Nelsinho Trad (PMDB) já se posicionou contrário à decisão da Justiça do Rio de Janeiro em enviar a Campo Grande dez chefes do tráfico naquele estado que estariam envolvidos na guerra contra a Polícia travada nos mais recentes dias após tentativa de invasões em morros rivais.
Nelsinho, agora, tentaria marcar reuniões com o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini.
Compartilhando da mesma opinião do prefeito, o presidente da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil seccional Mato Grosso do Sul), Fábio Trad, emitiu nota de repúdio pela vinda dos narcotraficantes.
A assessoria de imprensa da Prefeitura já confirmou que na tarde desta segunda-feira, 26, haverá a reunião a respeito do caso no gabinete do prefeito. O horário ainda não foi acertado, mas deve ser entre 14h e 16h, segundo assessoria.
Já são 42 mortos pelos episódios conhecidos como guerra do tráfico, que assolam a capital fluminense há uma semana. Vários ônibus foram incendiados e até um helicóptero da PM do Rio foi alvejado pelos traficantes: três dos quatro ocupantes morreram.
A transferência do presídio de Bangu para o federal de Campo Grande foi autorizada pelo Depen (Departamento Nacional Penitenciário).
A decisão da Justiça fluminense também sofreu críticas contundentes do senador Delcídio do Amaral (PT). Em seu twitter, o parlamentar escreve: “Dá prá entender? Os 10 presos perigosos barbarizaram o Rio separados em 3 presídios. Imagine o que farão estando no mesmo presídio no MS?”
Delcídio complementa: “Acredito que o mais sensato seria espalhar os presos de alta periculosidade entre os 4 presídios federais e não concentrá-los no MS.”
Confira a íntegra da nota de repúdio divulgada pela OAB-MS
“A Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso do Sul, na defesa institucional da ordem jurídica e do estado democrático de direito, manifesta a sua indignação com a decisão de transferir para o presídio federal de Campo Grande os principais líderes de facção criminosa do Rio de Janeiro.
A nossa indignação reflete o inconformismo de todos os sul-mato-grossenses com a descabida e imotivada decisão que está transformando a cidade de campo grande como a capital da prisão de alta periculosidade do país.
O Rio de Janeiro não pode ser beneficiado às custas do prejuízo de Mato Grosso do Sul, por isso que se a união e o estado do rio de janeiro não se mostram competentes para coibir a criminalidade naquele estado, não se pode transferir esta irresponsabilidade para o estado de Mato Grosso do Sul.
Além disso, a transferência dos principais líderes do crime de tráfico de entorpecentes do país para um estado que faz fronteira com os países que mais produzem substância entorpecente no mundo é uma trágica medida de política criminal que resultará em brutal aumento da criminalidade em torno da permanência dos sentenciados no presídio federal.
Por isso, a ordem dos advogados do Brasil - seccional mato grosso do sul conclama a população, a classe política, o prefeito e o governador a agirem de forma comissiva e eficaz para sustar o processo de prisionização de Mato Grosso do Sul.
O Pantanal, a cidade de Bonito, o caráter pacífico do nosso povo, a fibra de nossa classe trabalhadora e a paz das famílias do Estado não podem ser desprezadas neste grave momento em que Mato Grosso do Sul está em risco.
Campo grande-ms, 26 de outubro de 2009
Fábio Trad - presidente da OAB-MS”
Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)
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